Ter experiências inéditas de viagem a partir dos 50 anos tem se tornado realidade para boa parte das pessoas nesta faixa etária no Brasil. Seja para conhecer diferentes destinos, culturas, experimentar novas sensações ou visitar familiares.
Segundo pesquisa feita pela Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), os viajantes com mais de 65 anos representam cerca de 15% das vendas dos pacotes turísticos vendidos no Brasil para destinos nacionais e internacionais.
Por diversas questões, como o aumento nos anos de vida da população e estabilidade financeira tardia, muitas pessoas acabam deixando para realizar seus sonhos em idades mais avançadas, e o intercâmbio é uma dessas experiências.
“Existe na sociedade uma ideia ultrapassada de que o intercâmbio é uma experiência destinada apenas para os jovens. Porém nos últimos anos, foram desenvolvidos muitos programas e cursos diferentes, com o objetivo de atingir cada vez mais pessoas com interesses e idades diversas”, explica a especialista em intercâmbio e CEO da Eagle, Arleth Bandera.
Morar no exterior para trabalhar ou estudar já é uma realidade consolidada para muitos brasileiros. Quando o assunto é dar o primeiro passo, é preciso estar ciente do investimento e do objetivo. Para Arleth, é importante ainda contar com ajuda de um profissional especializado.
“Além de ser fundamental para identificar o programa ideal para cada perfil, é a única forma de garantir um embarque com segurança e uma experiência que corresponda às expectativas em termos de qualidade de ensino e imersão cultural”, comenta a CEO, que defende ainda que o sucesso do intercâmbio está conectado à qualidade de ser receptivo, uma vez que “um dos principais objetivos desse tipo de viagem é justamente a troca cultural. É fundamental estar aberto a conviver com as diferenças e aprender por meio delas”.
Pacotes de viagens voltados para público 50+ já é uma realidade
Mesmo com os estigmas, este tipo de intercâmbio já é uma realidade nos pacotes oferecidos pelas agências de viagem. A diretora da Roda Mundo Intercâmbio, Roberta Gutschow, conta que da receita da empresa aproximadamente 70% vem do intercâmbio de pessoas na faixa etária dos 50 anos, ou mais.
A agência já atua há 15 anos no mercado, mas a ideia de oferecer pacotes específicos para esta faixa etária surgiu há cerca de sete anos, conta a diretora.
“Com o passar dos anos fui percebendo que fora do Brasil algumas escolas de intercâmbio vinham focando neste público, o que eu não via dentro do mercado nacional. Dessa forma, vi uma oportunidade a ser explorada”, explica Roberta, que conta que a modalidade funciona como “uma combinação entre turismo e estudo”.
“Há pacotes em períodos específicos do ano porque dessa forma garantimos que a pessoa viaje e encontre outras pessoas da mesma faixa etária no destino escolhido. Na parte da manhã geralmente acontecem as aulas, e a tarde e nos fins de semana ocorrem as atividades culturais e de visita a locais históricos”, diz.
A diretora ainda informa que a média do programa é de duas semanas, mas que é possível postergar o tempo com outros intercâmbios. Dos destinos mais procurados, ela elenca: “ Malta , uma ilha ao sul da Itália ; Birmingham , na Inglaterra ; Salamanca, na Espanha , Antibes na Costa Azul da França e os safáris na África do Sul ”.
Mulheres são as mais interessadas
No hora de procurar pelo intercâmbio na faixa etária dos 50 anos, as mulheres são as mais dispostas a encarar a aventura, segundo a CEO da Roda Mundo.
“As mulheres procuram muito mais, cerca de 95% do total. Os homens são mais tímidos e tradicionais, se arriscam menos. Temos senhoras que já fizeram todos os destinos que oferecemos, que viajam todos os anos”, explica Roberta.
Uma das aventureiras é a turismóloga Vânia Costa, de 47 anos. Ela está organizando seu primeiro intercâmbio, com destino ao Canadá , onde ela espera ganhar mais fluência no idioma inglês, seu principal objetivo com a viagem.
Ela conta que sempre quis fazer intercâmbio, mas que quando mais jovem não teve a oportunidade por questões financeiras. A experiência diferenciada que este modelo de viagem oferece é o que despertou a vontade da turismóloga de viver esse sonho próximo aos 50 anos.
“Eu já fiz viagens internacionais, mas nenhum intercâmbio antes. Eu quero melhorar o inglês e com isso ter mais retorno na minha carreira, porque acredito que ter mais fluência vai me trazer mais oportundidades”, afirma Vânia, que revela que sua intenção é ficar até três meses no Canadá estudando.
“Só preciso checar com a minha empresa a possibilidade de fazer o home office, que eu já faço, só que lá. O que eu consigo no momento é ficar um mês, que é o meu período de férias”, explica ela que está com a viagem programada para o segundo semestre de 2023.
Sobre o destino da viagem, ela conta que se deu por dois fatores: afinidade com o lugar e preço mais vantajoso.
“Pensando em intercâmbio, o Canadá tem um valor mais acessível, quando falamos de América do Norte , e esse foi o principal motivo pela escolha, mas eu também gosto do país e já visitei duas vezes. Minha ideia é ir para Vancouver porque dessa forma também consigo visitar os Estados Unidos , com mais facilidade, já que a cidade faz fronteira com o país”, explica.
Vânia conclui e diz que está muito animada com a viagem e que suas expectativas “são as melhores”.
“Só estou ansiosa por ficar um tempo prolongado fora do país e sozinha, mas pesquisei bastante antes, vi vários relatos de pessoas que tiveram a mesma experiência e que disseram que foi incrível, então estou otimista”, finaliza.
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