Há exatos 133 anos, o marechal Deodoro da Fonseca se juntava a tropas rebeldes no Campo da Aclimação, hoje
Campo de Santana/Praça da República
, no
Centro do Rio
, - a então capital do Brasil -, na busca de confronto com a monarquia, que sem resistência, caiu, o que levou a expulsão do Brasil de Dom Pedro II e sua família, que se exilaram entre os
nobres franceses.
O 15 de Novembro é feriado nacional desde 1949, estabelecido pela Lei Federal 662 , do então presidente Eurico Gaspar Dutra. A Lei também declarou os feriados de 1º de janeiro , 1º de maio, 7 de setembro e 25 de dezembro.
Como foi a Proclamação da República?
O regime monárquico já não correspondia às expectativas da população e do Exército, este que desde a Guerra do Paraguai (1864-1870) pleiteava mais participação no governo, o que não ocorria.
O imperador d. Pedro II também não dialogava bem com a elite agrária, que exigia indenização pela libertação dos escravos devido a Lei Áurea, de 1888. Entre estes, e outros acontecimentos, crescia a vontade coletiva de que Portugal não comandasse mais o país.
O marechal Deodoro da Fonseca, que era aliado da Coroa, residia próximo do então Campo da Aclimação. Ele recebeu em sua casa os republicanos Benjamin Constant e Quintino Bocaiuva, que o convenceram de que o gabinete comandado pelo visconde de Ouro Preto, ministro de d. Pedro II, pretendia reduzir gradativamente o poder do Exército e da Marinha. Deodoro foi convencido da suposição e passou a se opor à Monarquia.
Na tarde de 15 de novembro de 1889, o marechal se encontrou com militares no Quartel-General do Império - hoje, o Palácio Duque de Caxias, próximo a Central do Brasil. Era o começo da Proclamação da República, que se daria de fato na noite daquele dia.
Com a reunião, o marechal tinha o intuito de derrubar o presidente do conselho de ministros, Afonso Celso de Assis Figueiredo, que acabou detido. Deodoro, então, ordenou ao imperador que fosse designado um substituto e o escolhido foi Gaspar da Silveira Martins, arqui-inimigo do marechal.
Deodoro só recebeu a notícia a noite, o que inflou ainda mais os ânimos. Contrariado, teria dito: "Então derruba logo todo o sistema". Ele retornou ao Quartel-General, que se encontrava fechado: "Abram esta merda!", teria ordenado. Martins acabou deposto e a Proclamação, enfim, foi declarada na Câmara dos Vereadores, no Arco do Teles, na Praça XV, tendo Deodoro sido eleito como o primeiro presidente da República do Brasil, durante o governo transitório.
O que há hoje no Campo de Santana, a Praça da República
Hoje em dia a Praça da República é o endereço que abriga o maior número de instituições públicas no Rio de Janeiro, dada a importância do lugar.
O Arquivo Nacional (ex-Casa da Moeda) , a Casa Histórica de Deodoro - local onde o marechal residiu -, a Escola Técnica de Teatro Martins Pena , a Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - antiga sede do Senado Federal entre 1826 e 1925 -, o Hospital Souza Aguiar , o Museu do Corpo de Bombeiros e o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) estão todos localizados na Praça.
A Central do Brasil, principal local de mobilidade entre a capital e as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, e o Palácio Duque de Caxias, também entram na lista por estarem no entorno. No passado eles fizeram parte do Campo de Santana, endereço desfeito com a abertura da avenida Presidente Vargas, na década de 1940, que tomou boa parte da área verde do Campo.
No Campo também há monumentos que homenageiam fatos e personalidades do passado, como o momunento a Benjamin Constant, mas frequentadores reclamam do abandono da conservação do local, assim como a falta de segurança para quem caminha, corre, anda de bicicleta ou apenas visita o Praça. Sem contar os patos-do-mato, gansos, pavões, cutias, capivaras e gatos que circulam, aos montes, livremente pelo espaço.
Os lagos presentes também estão mal cuidados, assim como os bancos para sentar, pontes, chafarizes e os monumentos, que são, todos, comumente pichados. A Prefeitura do Rio divulgou na última quarta-feira (9), que o Campo de Santana será revitalizado para ganhar qualidade ambiental e um novo sistema de vigilância.
O investimento, em torno de 40 milhões de reais, se dará a partir de um convênio da Fundação Parques e Jardins (FPJ), órgão da Secretaria Municipal do Ambiente e Clima, com o governo estadual, por meio de recursos do TCE-RJ. O convênio, assinado na terça-feira (8), terá duração de pouco mais de quatro anos e poderá ser renovado uma vez.
Campo de Santana foi palco de eventos históricos
O Campo de Santana recebeu esse nome em 1753, por conta de uma igreja homônima muito frequentada pelos locais, mas que foi demolida em 1854, para dar lugar à primeira estação ferroviária urbana do Brasil, a Estação Dom Pedro II, que deu lugar à Estação Central do Brasil, em 1941.
Hoje o Campo é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e tem 155 mil m², mas sua área no passado foi bem maior, já que abrigava também a Central do Brasil e o Palácio Duque de Caxias.
Além da Proclamação da República, o Campo de Santana (que também é conhecido como Praça da República devido ao evento de 1889), foi palco ainda de muitas comemorações populares e da monarquia, como a coração de d. João como rei de Portugal, Brasil e
Algarves
, a aclamação de d. Pedro I como imperador do Brasil, o fim da
Guerra do Paraguai
e as festividades do
casamento
de d. Pedro com a arquiduquesa Maria Leopoldina da
Áustria
.
Um fato curioso, que não é amplamente divulgado, é que os nobres da época chegaram a promover touradas na Praça, e para tanto construíram um curro - estrutura onde ocorriam as touradas e as cavalhadas. A prática era tão significativa que, por um período, o local se chamou Praça do Curro.
Museus para entender a história da Proclamação da República
O ex-militar e um dos influenciadores da Proclamação da República, Benjamin Constant, tem um museu dedicado a contar sua história e que ajuda a entender este fato tão marcante da história do Brasil.
O Museu Casa de Benjamin Constant, a antiga residência do ex-militar, fica na rua Monte Alegre, número 255, em Santa Teresa , no Rio. A instituição conta com um acervo que inclui pinturas, pequenas esculturas, mobiliário, indumentária, medalhas, objetos pessoais, utensílios domésticos, documentos, livros e fotografias de Constant que levam o visitante a experimentar, por meio dos objetos, o que teria sido a época em que a Proclamação da República ocorreu.
Outro espaço de recordação, A Casa Histórica de Deodoro, residência do marechal, hoje também funciona como um museu casa que conta com um acervo histórico. A casa foi construída com pedra, cal e óleo de baleia - materiais utilizados pelos portugueses nas construções do período.
Algumas paredes internas foram levantadas originalmente em taipa, pau-a-pique e madeira, e mais tarde foram substituídas por paredes de tijolos. Sua fachada conserva as características originais, apresentando as ombreiras enquadradas em pedras e várias aberturas. A Casa, localizada na Praça da República, número 197, abriga uma exposição permanente, em que é possível conhecer mais a história do período.
Já a cidade de Marechal Deodoro, em Alagoas , que leva esse nome em homenagem ao militar, que nasceu no município, também abriga um museu com peças históricas: a Casa Museu de Marechal Deodoro.
Na exposição permanente é possível visitar o acervo com 43 peças pessoais do marechal como escova de cabelo e de dentes, louças, medalhas e condecorações. A Casa, que foi a residência de Deodoro na infância, fica na rua Marechal Deodoro, número 102, no bairo de Vila Santa Maria Madalena.
O Museu da República, localizado na rua do Catete, número 153, no Catete, Rio de Janeiro, é outro espaço que tem um acervo dedicado a resgatar os fatos acerca do período da Proclamação da República.
Atualmente, o Arquivo Histórico reúne, preserva e disponibiliza ao público cerca de 90.000 documentos, divididos em 29 coleções relacionadas a personagens ou acontecimentos que marcaram, de alguma forma, a história republicana brasileira.
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