Uma das dúvidas de mamães e papais de primeira viagem é como incluir os bebês recém-nascidos nas viagens e levá-los aos destinos de férias da maneira mais segura possível. Um dos pontos de maior dúvida é o transporte, especialmente os voos, por serem muitas vezes viagens longas e desconfortáveis, inclusive, para os adultos.
Para Andreza Cooper, especialista em cuidados de recém-nascidos certificada pela Newborn Care Specialist Association dos Estados Unidos e especialista em Newborn Baby Care pela University of Colorado, “as viagens de avião são consideradas seguras para os recém-nascidos e bebês saudáveis já a partir de sete dias após o nascimento”.
“No entanto, a maioria dos pediatras recomenda que a viagem de avião seja realizada apenas depois dos primeiros três meses de vida do bebê, especialmente após dadas as principais vacinas”, acrescenta a especialista.
A profissional lista três dicas importantes que considera que os responsáveis pelos bebês devem adotar na hora de levar o recém-nascido em uma viagem de avião.
Dê preferência a voos diurnos
Sempre que for escolher um voo para viajar com bebês, dê preferência para os voos diurnos.
“Durante a noite, com o frequente apagar e acender das luzes nos anúncios do comandante e dos comissários, é muito maior a chance que, não apenas as crianças, mas até você, o responsável que está cuidando delas, fiquem mais exaustos durante e após a viagem”, diz Andreza.
Reserve um assento no corredor
Sobre a reserva de assentos, a especialista explica que “quando estamos com um bebê, sabemos que são maiores as chances de surgirem necessidades de nos levantar do assento. Por isso, para que fique mais fácil circular com a criança caso necessite, marque sempre o seu lugar no corredor”.
Incentive a criança a mamar durante a decolagem e a aterrissagem
Enquanto o bebê está mamando, devido ao ato da sucção, são muito menores as chances de surgirem dores de ouvidos causadas pelas alterações de pressão, segundo Andreza. “Por isso, amamentar ou servir a mamadeira durante o pouso e decolagem é uma dica bastante útil”, afirma ela.
A administradora Lorena Machado, de 32 anos, é mãe do pequeno Henrique, de um ano e quatro meses. A estreia do recém-nascido no mundo das viagens aconteceu ainda muito jovem, aos três meses de idade, quando a família foi para Recife, em Pernambuco.
“O voo tinha uma hora de duração e fizemos questão de comprar a passagem em um horário que conciliasse com a soneca dele. Então, ele entrou no avião e dormiu logo em seguida. Apenas acordou quando pousou. Foi muito tranquilo”, explica a administradora.
Lorena ainda conta que para se preparar para a primeira viagem de Henrique olhou algumas dicas nas redes sociais e consultou o pediatra da criança.
“Conseguimos dicas legais de brinquedos para levar como livros, mordedor, levar o sling [carregador moldado com uma faixa de tecido para ajudar no transporte de bebês], colocar o bebê para mamar no pouso e na aterrissagem, e levar o remédio de dor, caso ele sentisse dor no ouvido. Essas foram as dicas que mais gostei”, afirma a mãe.
Além das dicas que pegou, Lorena diz que se sentiu segura com a companhia aérea que utilizou para o transporte: “Achei a equipe preparada para um voo com o bebê. Antes da decolagem a aeromoça me deu a dica de colocar o bebê para mamar, caso ele mamasse, para evitar a dor de ouvido nele. Isso me tranquilizou e me ajudou a ter mais segurança durante o primeiro voo dele”.
Henrique, com tão pouco tempo de vida, já é uma menino superviajado. Lorena afirma que já levou o filho para São Paulo , Florianópolis , e até para a primeira viagem internacional, Londres, na Inglaterra.
“Quando ele foi ficando mais velho, alguns brinquedos como adesivos reutilizáveis foram uma grande ajuda para mim”, explica a mãe, que dá mais dicas: “Levar também alguns lápis para ele conseguir pintar livros, um brinquedo novo, e lógico, muitos lanches. Isso também facilita muito”.
Experiência internacional
Lorena conta que na experiência internacional, quando foi a Londres, uma dica que ela pode dar, e que não sabia, é que os responsáveis podem levar qualquer tipo de comida e bebida em ml, e que a quantidade não têm limite.
“Você pode passar pela fiscalização com os mantimentos do bebê e é só comprovar que são para ele. Remédios que passam de 100 ml também não tem problema levar”, explica a administradora que informou que os voos noturnos foram as melhores para o filho.
“Aquela almofada que serve como extensora do banco também é ótima porque dá uma segurança maior e o bebê consegue esticar as pernas, dormindo mais confortável”, indica a mamãe.
A filha da professora de matemática Laissa Valle, de 31 anos, a pequena Sol, que está com um ano de idade, ainda foi mais precoce que Henrique e fez seu primeiro voo aos dois meses e meio, de São Paulo para Belo Horizonte.
“Foi uma viagem tranquila que, para nós, pais, serviu de um pequeno teste para nos preparamos para a viagem mais longa que íamos viver nas semanas seguintes, que foi para a Polônia , que aconteceu quando ela completou três meses”, conta Laissa.
A mãe explica que a viagem para o país europeu fez escala em Amsterdã e que foram, aproximadamente, 11 horas e 30 minutos no primeiro voo, e 2 horas e 30 minutos no segundo.
“Nós chegamos no aeroporto com bastante antecedência para fazer tudo com calma. Estávamos tranquilos, confiantes de que iria dar certo e que valeria a pena viver essa experiência de levar a nossa bebê para conhecer amigos poloneses queridos”, diz.
Laissa afirma que para se preparar para a viagem consultou pediatras e participou de grupos de mensagens de mães em aplicativos de conversa. Segundo a mãe de primeira viagem, as melhores dicas que conseguiu nos grupos foram:
- “Uma dica que apareceu com frequência foi amamentar na decolagem e no pouso, para ajudar caso o bebê tenha algum desconforto”;
- “Se a mãe amamentar, ir com uma roupa que facilite e seja fácil de amamentar”;
- “Não colocar roupas muito quentes no bebê, optar por levar camadas e ir acrescentando, pois caso fique calor é mais fácil tirar algumas peças do que trocar toda a roupa no avião.”
A docente revela ainda que a companhia aérea que fez o voo internacional fornecia a possibilidade de solicitar um berço de bordo, o que ela considerou uma experiência positiva.
“Fizemos o pedido por telefone. Para a idade que minha filha viajou, três meses, foi muito bom o bercinho. Ela dormiu nele durante o voo e foi bem bom ter essa opção.”
Uma diferença que a mãe notou entre as viagens nacionais e internacionais - que precisa ser verificada com cada companhia - é que a viagem de recém-nascidos no Brasil são gratuitas, já as internacionais cobram uma taxa aproximada de 10% da passagem do adulto.
“Nas internacionais, além do carrinho que pode ser despachado gratuitamente - como nas nacionais - o bebê pode despachar uma mala também. Nos voos internacionais nós recebemos um cinto de segurança para o bebê que conecta ao dos pais e que precisava ser colocado na decolagem e aterrissagem; já nas nacionais nós nunca recebemos”, salienta Laissa. “Em alguns aeroportos internacionais não tinha fila preferencial para passar pela segurança, mas acho que isso depende das regras de cada país".
Outra informação importante que a mãe dá se refere ao check-in da criança: “Um bebê não dá para fazer check-in on-line, então acabamos tendo que nos programar para chegar com mais antecedência que antes no aeroporto".
Ela conta ainda que tirou o passaporte de Sol quando a bebê tinha apenas 15 dias de vida, o que causou espanto em alguns amigos, mas admiração em outros.
“Algumas pessoas nos acharam muito corajosos de fazer uma viagem dessas com uma neném de três meses, e outras nos incentivaram e disseram que pelo fato de a bebê só mamar no peito nesse momento, seria ainda mais prático viajar do que mais para frente”, diz Laissa.
O que dizem as companhias?
O iG Turismo
procurou as três principais companhias aéreas brasileiras para entender quais são as orientações que as empresas dão aos clientes sobre as viagens com recém-nascidos.
Em nota, a Azul informa que recomenda que os recém-nascidos façam sua primeira viagem de avião após completarem uma semana de vida. No caso de passageiros com até dois anos incompletos que viajarem no colo do adulto responsável, não há cobrança de tarifa, "por mera liberalidade da Azul".
“Normalmente, quem viaja com menores de dois anos em nossos voos domésticos pode levar uma mala extra com até 10kg como bagagem de mão. Ela deve ser organizada com cuidado, priorizando alguns itens e evitando excessos. Quanto mais leve ela for, será melhor para carregar o bebê e acomodá-lo dentro do avião. Dê preferência a uma mochila no lugar de bolsa, assim fica com as mãos livres. Se preferir, use uma bolsa canguru para dar conforto e facilitar o deslocamento”, diz trecho da nota.
A empresa ainda afirma que nos voos internacionais de/para os Estados Unidos , ou para a Europa, o cliente pode solicitar um bercinho, que comporta crianças de até 11kg (seis meses) e com 70 cm de comprimento.
“Confira a disponibilidade antes do embarque, pois não é possível reservá-lo com antecedência. Por precaução, leve uma almofada de amamentação ou bebê-conforto. A almofada é recomendada para bebês e tem a vantagem de você poder acomodá-lo no seu próprio colo. O bebê-conforto oferece maior segurança, porém, se quiser usá-lo é preciso pagar pelo assento extra”, afirma a empresa.
Sobre a bagagem, em todos os voos internacionais, o bebê de colo tem direito a uma bagagem de até 10 kg. Além desse peso de franquia como bagagem de mão nos voos domésticos, e dos 10kg de franquia como bagagem despachada nos voos internacionais, todo bebê tem direito a levar, gratuitamente, um carrinho de bebê (dobrável ou não) ou um bebê conforto ou uma cadeirinha de automóvel que estiver em uso no momento (somente a de uso), por criança como franquia extra, sem cobranças.
Ela pode ser usada até o momento logo antes do embarque. Depois disso, será levada pelos fiscais da companhia aérea para o compartimento de bagagens despachadas, e então entregue no desembarque.
A Azul informa ainda que não transporta crianças com até sete anos incompletos desacompanhadas de um adulto responsável. Para mais informações, acesse o link.
A Gol se limitou em declarar que “todas as informações sobre como viajar com bebês e menores de idade na GOL estão neste link. Lá, busque pela aba "Viagem com Bebês de Colo" e veja todas as regras, incluindo bagagem e documentos necessários.
A Latam informa por meio de nota que bebês de até sete dias de idade podem viajar em voos operados pela companhia. Para tanto, o responsável legal precisará apresentar obrigatoriamente um atestado médico, emitido no máximo 10 dias antes da viagem, que deverá ser enviado por meio de um formulário de contato com antecedência de 48 horas em relação ao seu voo, por meio deste link.
A companhia esclarece que os bebês devem viajar na mesma cabine que o adulto legalmente responsável (maior de 18 anos) ou adolescente emancipado. São permitidos no máximo dois bebês para cada adulto (um no colo e outro no assento devidamente certificado).
Para viagens com bebê que possua menos de dois anos de idade, a companhia segue os seguintes requisitos:
- Voos nacionais: o passageiro pode viajar com o bebê no colo e comprar a passagem do bebê sem custo adicional.;
- Voos internacionais: o responsável pode viajar com o bebê no colo pagando a passagem do bebê (10% da tarifa adulto, mais os impostos), exceto em voos saindo do México, onde são sem custo;
- Se preferir que o bebê viaje em um assento próprio, o cliente terá que comprar a passagem completa e atender aos requisitos de segurança, seja viagem nacional ou internacional. Mais informações e detalhes estão disponíveis neste link.
Vale ressaltar que os bebês que precisam de um assento devem viajar em um assento certificado para a viagem (cadeirinha). Neste caso, bebês a partir de dois anos devem usar a cadeirinha, isso vale também para aqueles que irão completar dois anos em qualquer trecho da viagem.
Além disso, os adultos que estão com crianças de até 23 meses, viajando com tarifa bebê, têm direito a levar um artigo pessoal na cabine do avião, que pode ser um carrinho dobrável, um moisés portátil ou uma cadeirinha de carro certificada. Caso não haja disponibilidade de espaço na cabine, o item será transportado no bagageiro sem custo adicional.
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