Matéria atualizada em 26/03/24, às 16h52
Em Minas Gerais
, 14 cidades desempenham um papel fundamental para o turismo no Sul da região, e formam, juntas, o Circuito das Águas do estado. O Circuito oferece aos turistas uma grande variedade de atividades focadas no turismo local, misturando natureza, história, gastronomia e turismo religioso.
As cidades se espalham pelo Sul do estado e vêm ganhando força turística nos últimos anos. São elas:
- Baependi
- Cambuquira
- Campanha
- Carmo de Minas
- Caxambu
- Conceição do Rio Verde
- Cruzília
- Dom Viçoso
- Jesuânia
- Lambari
- Passa Quatro
- Soledade de Minas
- São Lourenço
- Três Corações
Destaques do Circuito
Uma das principais características do Circuito das Águas é sua grande conexão com a natureza. Os municípios, que contornam a Serra da Mantiqueira , têm aquíferos que possibilitaram a criação de vários dos chamados “Parques das Águas”, em que é possível beber e se banhar com águas de fontes naturais.
As cidades de Conceição do Rio Verde e Lambari possuem parques com ligações históricas, como a “Pedra do Imperador”, em Rio Verde, e o fontanário construído no período imperial de Caxambu, o que permite um turismo unificado que liga o território à história do país.
Em cidades como Baependi, os destaques ficam na Serra do Papagaio, que possui uma grande variedade de cachoeiras e trilhas para viajantes. Em Passa Quatro, é possível fazer um passeio de trem pela Serra da Mantiqueira, e também aproveitar seus centros com edificações preservadas do século passado.
A cidade de Três Corações é a cidade natal de Pelé (1940-2022), e investe em museus para contar a história do jogador, além de possuir uma réplica da casa que o Rei do futebol viveu até os três anos de idade.
Baependi e outras cidades do Circuito também investem em turismo de fé, com diversas igrejas históricas disponíveis para visitação. É o caso das igrejas Nossa Senhora do Montserrat, Nossa Senhora do Carmo e Matriz de São Sebastião, que estão em Baependi, Carmo de Minas e Cruzília, respectivamente.
Dom Viçoso e Carmo de Minas têm entre seus destaques o turismo gastronômico, impulsionado pela presença de fazendas de café que possuem visitas guiadas e a possibilidade para degustação de cafés da região, além de compras, é claro, para quem quiser levar um café de qualidade para casa.
São Lourenço é a cidade com infraestrutura mais bem preparada para receber turistas no circuito, acompanhada de Caxambu, e tem aproximadamente 6.500 leitos de hotel disponíveis para recepção de turistas.
São Lourenço
Além do maior parque das águas da região, com mais de 400 mil metros quadrados, São Lourenço oferece ainda passeios de Maria Fumaça, que valorizam a natureza da região.
Erica de Lima, dona do canal Dicas da Kika, mora na divisa do estado de São Paulo com Minas Gerais , em Socorro (SP), e faz visitas frequentes para o sul de Minas. “O que mais gostei foi o parque das águas presente em várias cidades, mas o de São Lourenço é lindo”, relata.
“Minha experiência foi ótima, fiquei num bom hotel, fiz o passeio de trem, fui no parque das águas e curti muito a tranquilidade da cidade”, continua a youtuber. Ela detalha sua viagem na Maria Fumaça, que vai até Soledade de Minas.
“O percurso em si não tem muitos atrativos, mas a diversão fica dentro do trem com vários músicos. Lá em Soledade, na própria estação, tem alguns quiosques e uma cascata artificial, muito legal pra tirar fotos. Recomendo muito o passeio.”
Em seu canal do Youtube, Erica compartilha vídeos dedicados a algumas cidades do circuito, em que conta experiências e detalhes das viagens que fez.
Cláudia Stefane, docente do curso de medicina da Universidade Federal de São Carlos, aproveitou a cidade com a cachorra, Dory, e garante que o lugar é acolhedor com bichinhos de estimação.
“Uma cidade em que a gente [ela e o marido] se sentiu super seguro. A gente andou, fez tudo a pé ali pelo Centro. É uma cidade que super acolhe cachorros. Eu fui com a Dory [...] e só na área do banho [do Parque] que ela não pôde entrar. Mas, do restante, ela pôde passear por todo o parque das águas, que é lindíssimo”, conta.
A professora também conta que, quando viajou, em 2021, teve a oportunidade de prestigiar um festival gastronômico. “A cidade estava bem aquecida, e a gente percebia que tinha bastante gente fora por conta do festival”, diz. “A moça do hotel falou que a gente deu muita sorte de achar a vaga. Eu voltaria pra lá ‘n’ vezes, uma delícia”, relata.
Cláudia também destaca que em seu passeio por São Lourenço avistou várias plantações de café, e que o comércio acompanha a paisagem. São Lourenço tem um teleférico, além de passeios de balão e paraglider (parapente).
Instância de Governança das Águas
A Instância de Governança Regional das Águas, ou IGR das Águas, é a instituição responsável por administrar o circuito como um todo, servindo como uma espécie de ponto central entre as 14 cidades que concentram soluções e iniciativas para promover o turismo na região.
A implementação das IGRs faz parte da Política Nacional de Turismo, estabelecida pela lei 11.771/2008, que tem entre seus objetivos a regionalização do turismo no país. As Instâncias são organizações com participação de entes públicos e privados dos municípios, e existem para coordenar o turismo de cada região específica.
Gabriela Terra Rodrigues, gestora da IGR das Águas, enxerga a integração proporcionada pelas IGRs essencial na construção do turismo regional brasileiro.
“A colaboração entre os municípios promovida pelas Instâncias de Governança Regionais permite a criação de estratégias que favorecem toda a região, como rotas turísticas que envolvem mais de um município”, explica.
Ela considera a existência da IGR das Águas benéfica para a região. “[A IGR] permite a estruturação e organização das políticas turísticas, valorizando as qualidades locais que somente uma gestão técnica e próxima local pode conhecer”, comenta.
A estratégia da IGR, segundo ela, é reforçar o valor da água como patrimônio cultural do estado.
“[Queremos reforçar] uma ideia de que aqui tem uma história ligada às águas, que é uma história muito antiga, ancestral mesmo, indígena, então a Mantiqueira é a serra que chora, é a serra que verte a água e até hoje é e tem que continuar sendo”, afirma.
Estratégias locais
Natália Chinait, gerente de turismo em São Lourenço, explica algumas estratégias da prefeitura, em conjunto com outras cidades, para o fomento turístico do Circuito.
“As pessoas que vêm para fazer turismo nas cidades ao redor de São Lourenço, ficam em São Lourenço, se hospedam aqui. Nós temos um número maior de equipamentos turísticos e de eventos por ano também”, explica.
“Nossa infraestrutura, não só física, em termos de hotel, de comércio e restaurantes, mas também em termos de opções de atrativos, é maior. Para quem vem, vale muito a pena ficar em São Lourenço, [investindo] talvez em passeios rápidos nas cidades vizinhas”, indica.
Como estratégia, a cidade também investe em mídias sociais, buscando acompanhar a tendência mundial. “A Secretaria de Turismo desenvolveu QR Codes informativos com todos os nossos equipamentos turísticos, a rede hoteleira, os restaurantes, onde comer, onde ficar, onde se hospedar”, conta.
“Isso foi um diferencial também para que a gente acompanhasse essa evolução das mídias, nós temos as nossas redes sociais onde as pessoas conseguem acessar e se informar sobre o que fazer aqui na nossa cidade”, conclui.
Em Campanha, pequena cidade do circuito, também não faltam estratégias. Flávia Tegon, coordenadora de turismo da cidade, destaca Campanha como importante polo do turismo histórico-cultural da região.
Ela prevê a criação de um Centro de Informações Turísticas (CIT) na cidade, visando a contratação de guias e a reabertura do Museu Regional do Sul de Minas, que se encontra fechado no momento.
“A Secretaria de Cultura, Esporte, Turismo e Lazer está em parceria com a UEMG [Universidade Estadual de Minas Gerais] de Campanha para viabilizar o curso de Agentes de Turismo e, reabrindo o Museu Regional do Sul de Minas, iremos estruturar o CIT para disponibilizar o serviço de guias para os turistas”, finaliza.