O casal aventureiro Franklin David e Vitor Vianna esteve no Marrocos após o terremoto que atingiu o país africano
Arquivo pessoal
O casal aventureiro Franklin David e Vitor Vianna esteve no Marrocos após o terremoto que atingiu o país africano

Quando o Vitor e eu falamos que iríamos fazer esta viagem, uma semana após o terremoto, fomos questionados se isso não seria uma loucura. O fato é que trabalhando com viagens pelo mundo inteiro, e assim como em vários países, no Marrocos também temos a nossa equipe local, formada por nativos, que nos davam as informações exatas e em tempo real de como tudo estava acontecendo, livres de qualquer sensacionalismo, que é comum na busca por audiência e likes.

Antes de qualquer coisa, precisamos deixar claro que foi uma infeliz coincidência a proximidade da nossa viagem com o terremoto, afinal, ela já estava marcada desde janeiro de 2023.

Então o que verdadeiramente aconteceu? A verdade é que a parte afetada pelo terremoto se concentrou basicamente na área de montanha do Marrocos, e para quem não sabe o país é enorme, com 710.850 km² de extensão, sendo 700 km só de montanha, que vai do norte do Marrocos até a Tunísia.

Portanto, a área que realmente sofreu com o impacto do terremoto foi a Cordilheira do Atlas, a cerca de 70 km de Marrakech, ocasionando a morte de quase 3 mil pessoas que faziam parte dos povos berberes, que moravam na região. E por ter sido exatamente na área de montanhas, lugares como a vizinha Argélia e o extremo norte de Portugal , também sentiram os tremores.

A pergunta que pode surgir é: Marrakech então não foi afetada? Sim. Foi afetada, mas colocando em uma porcentagem de área atingida, podemos dizer que apenas 5% da cidade sofreu com o impacto do terremoto. Já os outros 95%, como já evidenciado acima, foi a região montanhosa.

É importante dizer que o Marrocos recebeu ajuda de vários países neste difícil momento e que as famílias estão sendo assistidas pelo governo. O primeiro passo é que os povos berberes foram retirados desta região de montanha em que moravam, dando início a uma nova vida em Marrakech, tendo cada família, que perdeu sua casa, uma quantia de 14 mil euros (R$ 98.000,00) para construir uma nova e o valor de 300 euros (R$ 2.100,00) mensais para gastos com alimentação.

Vitor Vianna e Franklin David com grupo que viajou ao Marrocos Arquivo pessoal
Vitor Vianna e Franklin David no Marrocos Arquivo pessoal
Vitor Vianna e Franklin David no Marrocos Arquivo pessoal
Vitor Vianna no Marrocos Arquivo pessoal
Vitor Vianna no Marrocos Arquivo pessoal
Vitor Vianna no Marrocos Arquivo pessoal



Roteiro de viagem

Outra dúvida que pode surgir é se foi preciso realizar alguma alteração em nosso roteiro em função do ocorrido, e a resposta é: não! O roteiro que o Franklin e eu fizemos passou pelas “Cidades imperiais de Marrocos”, ou seja, com exceção de Marrakesh, nenhuma outra cidade foi afetada pelo terremoto.

Nossa viagem começou em Casablanca , onde passamos a primeira noite hospedados, apenas para descanso. Nas quatro primeiras noites já tínhamos o jantar incluído nos hotéis, sendo assim, não precisamos nos preocupar em sair para procurar um restaurante para jantar, afinal de contas, em locais como Marrocos - com a culinária bem diferente da nossa - esta é sempre a melhor opção, pois as comidas em hotéis são mais “padronizadas” e acabamos evitando “surpresas indesejadas”.

Pra chegarmos em Casablanca, pegamos um voo do Brasil para Portugal (Lisboa), e na sequência, para Casablanca, com apenas 1 hora e meia de duração. A primeira impressão que tivemos de Marrocos, ao chegarmos em Casablanca, foi de um país muito bem estruturado (se formos comparar à cidade do Cairo, no Egito , por exemplo), mas isso porque a cidade traz um legado colonial francês em sua arquitetura muito grande, com uma mistura de estilo mouro e art déco europeia.

Por falar em francês, desde a chegada na imigração do aeroporto, ouvimos e vimos muitas placas informativas em francês, mesmo sendo o árabe, o idioma oficial do país. 

Voltando a falar de Casablanca, ela é considerada a capital administrativa do país, com uma aérea de 19.448 km e quase 9 milhões de habitantes, o que faz dela a cidade com maior densidade populacional (cerca de 26% de todo Marrocos).

Em nosso segundo dia de viagem, logo pela manhã, saímos sentido à cidade de ChefChouen, conhecida como "Cidade Azul", localizada a 340km de distância. A viagem, via terrestre, levou cerca de 5 horas de duração, com paradas na estrada para almoço, inclusive.


Fizemos um passeio a pé pelas ruas da cidade, onde cada cantinho era uma parada para foto. O local parecia uma verdadeira pintura, de tão lindo. Por lá, passamos uma noite hospedados, e então seguimos viagem para a cidade de Fes, localizada no Nordeste do Marrocos, fundada em 789, e conhecida também como capital cultural do país.

Lá tivemos oportunidade de conhecer sua famosa Medina, considerada uma das cidades históricas mais extensas e melhor conservadas do mundo árabe-muçulmano. O local conserva a maior parte de seus atributos originais, e não só representa um património arquitetônico, arqueológico e urbano incríveis, mas também transmite um estilo de vida e uma cultura que persistem e se renovam apesar dos diversos efeitos da evolução das sociedades modernas.

Além disso também conhecemos a Universidade Al Quaraouiyine, a mais antiga universidade do mundo ainda em funcionamento, criada em 859, e o palácio real de Fes.

Na cidade de Fes passamos duas noites hospedados, quando finalmente seguimos viagem para a cidade de Marrakesh, onde percorreremos cerca de 533km de distância, em quase 6 horas de viagem, via terrestre.

No caminho, demos uma parada na cidade de Rabat, que é a capital do Marrocos, e a segunda maior cidade do país, com cerca de 1,9 milhões de habitantes, e que está localizada na costa do Atlântico.


A cidade tornou-se cidade imperial em 1660 e foi a capital do Protetorado Francês em Marrocos entre 1912 e 1956 (inclusive este foi o principal motivo de ainda se falar francês por aqui).

Um protetorado é um território ou país que, no direito internacional, possui certos atributos de Estado independente, porém, sob outros aspectos, está subordinado a uma potência que decide sua política externa e tem a obrigação de o proteger e, às vezes, controlar internamente seu governo, seu judiciário e suas instituições financeiras.

Chegando em Marrakesh, percebemos poucos locais turísticos afetados, como foi o caso do minarete da pequena Mesquita Kharboush, localizada na esquina da famosa Praça Jemaa el-Fna. A verdade é que as construções destruídas eram muito antigas, datadas do século Xll, com alicerce e paredes precários, feitos de areia, argila e pedras.

Depois vimos algumas poucas construções com leves rachaduras, devido ao ocorrido, como a Mesquita Koutoubia, que acabou sendo divulgada por muitos veículos como algo totalmente destruído.

A praça Jama também foi incansavelmente divulgada como sendo um dos pontos bastante afetados, mas como já falamos, apenas a Mesquita Kharboush, localizada na esquina da praça, é que sofreu, de verdade, as consequências do terremoto. Então, o que podemos dizer aqui por Marrakesh, é que a vida - e o turismo - seguem completamente normais.

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