Que tal começar 2021 com uma nova aventura e, de quebra, aprimorar seu currículo? Se é seu desejo concluir uma pós-graduação, mestrado ou doutorado, por que não viver essa experiência em Portugal
? O país europeu tem uma lista de universidades renomadas em todo o mundo, é muito receptivo para brasileiros, possui diversos acordos com o Brasil, aceita nota do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e você não terá muita dificuldade na comunicação, já que o idioma oficial também é o português.
Morar em outro país é começar do zero, conhecer novas pessoas, culturas e aprender muito. Quem está vivendo isso diariamente é a designer e publicitária, natural de Fortaleza (CE) e crescida em Brasília (DF), Camila Aldrighi, de 28 anos, que, em 2016, resolveu encarar as terras lusitanas para realizar seu mestrado em Design Gráfico e Projetos Editoriais.
Somando mais de quatro anos de experiência em Portugal, a idealizadora da plataforma Maracujá Roxo, focado em auxiliar viajantes e imigrantes em suas viagens pela Europa, separou cinco dicas que você precisa saber para estudar em Portugal em 2021.
Confira:
1 - Escolha da universidade e aprovação
Portugal oferece diversas universidades de referências. Para escolher a que mais lhe agrada, comece conhecendo cada uma delas, pesquise suas histórias, cursos e particularidades. As mais conhecidas ficam nas principais cidades portuguesas, como Lisboa, Porto e Coimbra
, e existem opções particulares e públicas, ambas são pagas, mas a particular tem um custo mais alto.
O ensino é dividido em três ciclos: o primeiro representa cursos de graduação, o segundo os mestrados e o terceiro os doutorados.
Com a universidade e o curso escolhidos, está na hora de ver o que o edital exige. Vale lembrar que cada universidade tem suas regras, então fique atento aos documentos, às datas e etapas. Você vai precisar de documentos como diplomas e históricos escolares, cartas de recomendação de professores antigos, currículo e, talvez, seu portfólio em um site.
Com a inscrição pronta, é só aguardar e torcer pela carta de aprovação para depois se matricular. Assim como no Brasil, em Portugal os processos de seleção acontecem em duas fases. A primeira lembra o que chamamos de “primeira chamada” e a segunda é feita quando o número de vagas não é preenchido, o que é bem comum.
2 - Visto para estudar em Portugal?
Para quem quer morar em outro país, o visto é essencial no checklist. Em Portugal, os brasileiros ainda têm direito à livre circulação no país por até 90 dias para turismo, negócios, cobertura jornalística ou missão cultural, apenas com a autorização na imigração.
Essa informação pode confundir quem sonha em estudar no país. Mas não se engane, se está indo tirar o título de mestre ou doutor, saiba que precisará do visto, mesmo em Portugal.
“Na minha época, o visto foi feito através do serviço consular na Embaixada de Brasília, mas atualmente o processo ocorre todo de forma digital, pelo portal VFS Global”, afirma Camila Aldrighi.
O processo é burocrático e é necessário já ter em mãos todos os documentos solicitados: o formulário do site Ministério dos Negócios Estrangeiros; passaporte válido; duas fotos 3x4 iguais; seguro saúde; antecedentes criminais; declaração de ciência que não deve viajar para Portugal sem visto; cópias dos documentos de identidade e passaporte; comprovante de alojamento (basta apresentar uma reserva de hotel pelo período mínimo de cinco dias); carta de aceite da universidade; e comprovante de subsistência, seja seu ou da pessoa responsável pelo seu sustento nesse período.
Após a análise dos documentos e entrevista realizadas no dia e horário marcados, você será avisado se o pedido de visto foi aceito ou negado. Caso aprovado, a autorização será identificada em seu passaporte. Todo esse processo é pago, a taxa é variável de acordo com o câmbio, mas você precisará desembolsar, no mínimo, R$ 600.
3 - Apostila de Haia
Nesta altura, você já deve ter percebido que, para estudar em Portugal, precisará passar por um processo burocrático e cheio de documentos. Como estará indo para outro país, é importante que cada documento seja válido no seu destino.
Antes, esse reconhecimento era feito no Ministério das Relações Exteriores, mas desde agosto de 2016, o processo passou a ser realizado pela apostilagem.
A convenção da Apostila Haia é um tratado internacional que visa simplificar o processo de autentificação dos documentos usados no exterior. Sem ela, era preciso ir ao cartório reconhecer firma e no órgão público responsável por validar cada um desses documentos. Com a apostilagem, basta reunir todos os documentos que você precisará apostilar e validar uma única vez nos cartórios.
Mesmo implantada há mais de quatro anos, a apostilagem ainda não foi aderida em todos os cartórios, principalmente em cidades pequenas. Além disso, é importante saber que o valor não é tabelado, podendo variar de local para local. Por isso, pesquise bem, pois pode compensar realizar o processo em uma cidade próxima.
4 - Estudar e trabalhar, é possível?
Sim, você pode trabalhar. Em terras lusitanas não existe a nossa conhecida carteira de trabalho, mas, por mais que pareça complicada, não é tão difícil entender a Lei Laboral Portuguesa.
De acordo com a nova Lei da Migração Portuguesa, para estudantes com estadias regularizadas em Portugal, além dos estudantes de doutorado, que sempre foi permitido, não é mais necessário requerer autorização de trabalho pelo SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), mas é importante notificar a entidade imediatamente e apresentar os documentos solicitados.
No entanto, isso é válido para empregos temporários, classificados como “a termo”. Se você receber uma proposta de emprego permanente de uma empresa portuguesa, conhecido como “sem termo”, que no Brasil é o mesmo que estar efetivado, é recomendado alterar o visto de estudante para o de trabalho. Esse processo pode ser realizado pela empresa ou pelo funcionário.
5 - Use a nota do ENEM
Desde 2014, Portugal aceita a nota do ENEM para estudantes brasileiros ingressarem em cursos de graduação em universidades portuguesas.
As universidades são livres para utilizar a nota da prova como bem entenderem. Algumas usam em totalidade e outras parcialmente.
50 universidades aceitam a nota do ENEM. Para se candidatar, basta sua nota se encaixar na pontuação mínima exigida para o curso escolhido e apresentar os documentos solicitados no edital da universidade selecionada.
Nas regras, apenas não pode se candidatar quem, além de não alcançar a nota mínima, possua nacionalidade europeia, seja descendente direto ou cônjuge de alguém que possua nacionalidade europeia ou more legalmente em Portugal há mais de dois anos.
“Vale destacar que mesmo nas universidades públicas, são cobradas mensalidades. A diferença para as particulares é apenas o valor, que sai bem mais caro”, comenta Camila.