Rio de Janeiro completa 459 anos
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Rio de Janeiro completa 459 anos

Completando 459 anos nesta sexta-feira, 1º de março, a cidade do Rio de Janeiro vem passando por uma série de transformações que visam impactar, inicialmente, seus moradores — e, por consequência, atrair novos residentes —, além de aumentar a movimentação na região central da capital fluminense.

A segurança local também tem sido um ponto de atenção na busca de atrair mais turistas que, muitas vezes, deixam de ir à “Cidade Maravilhosa” por receio aos altos índices de violência,  assim como a região central de São Paulo, por exemplo.

Em 2023 o estado do Rio obteve o menor número de ocorrências de letalidade violenta desde o início da série histórica do Instituto de Segurança Pública (ISP), que começou em 1991, conforme dados divulgados em janeiro deste ano.

O indicador, que engloba homicídios dolosos, lesão corporal seguida de morte, latrocínio e morte por intervenção policial, registrou 4.257 casos entre janeiro e dezembro do ano passado — número que representa uma redução de 5,1% em comparação com o ano anterior. Os dados também são os menores em 32 anos.

Contudo, os homicídios dolosos aumentaram 7,3% no ano passado, com 3.283 registros, ante 3.059 em 2022. O número equivale a quase nove mortos por dia.

Dentre os diversos projetos da Prefeitura do Rio de Janeiro para revitalizar o Centro da capital, estão os idealizados pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Econômico (SMDUE): Reviver Centro 2, Reviver Cultural e Reviver Rua da Cerveja. Para colocar os projetos em prática, a Prefeitura buscou investimentos de entidades públicas e da iniciativa privada.

Uma das principais ideias é aumentar o número de moradores nos bairros do Centro para impactar diretamente na circulação de pessoas na região. A legislação prevê ainda a conservação e adaptação de edifícios já existentes e a construção de novos empreendimentos imobiliários.

Com isso, vários prédios que estavam abandonados começaram a ser restaurados e reaproveitados, o que deve acontecer por meio de entidades como Sesc, Senac e Sescoop, que já adquiram edifícios na região.

Com a retomada de pontos abandonados, outros empreendimentos na região também vêm surgindo como investimentos de lojas, restaurantes, bares, prédios residenciais e hotéis.

Entre as instituições privadas que estão investindo no Centro da capital carioca está a rede hoteleira francesa B&B Hotels, que adquiriu o icônico prédio que abrigava o antigo Hotel Othon Aeroporto, construído na década de 1940 na Avenida Beira Mar, e que já estava sem uso desde 2018.

O prédio de dez andares tem a fachada tombada, que passou apenas por pequenas adequações. Após reforma e revitalização da construção, o novo hotel foi inaugurado no início de 2024, recebendo o nome de Hotel Santos Dumont, devido a sua proximidade ao aeroporto que também leva o nome do pai da aviação.

Quarto com vista para a natureza do Hotel Santos Dumont
Divulgação
Quarto com vista para a natureza do Hotel Santos Dumont


Pandemia agravou abandono do Centro

O Centro do Rio estava em um processo de esvaziamento, devido a crises econômicas, e a pandemia agravou esse processo. “Quando o prefeito Eduardo Paes (PSD) assumiu, esse foi um dos principais focos. O Centro precisava ser revitalizado, era necessário ‘olhar com carinho’”, diz um porta-voz do SMDUE ao iG Turismo.

“Pensando no que seria possível fazer para revitalizar a região, a ideia foi transformar muitos desses imóveis, que antes eram ocupados por empresas, em unidades residenciais”, explica.

O Projeto Reviver Centro foi aprovado na Câmara dos Vereadores, contudo, a iniciativa privada viu necessidade de “maiores incentivos”, e, com isso, surgiu o Projeto Reviver Centro 2, que também foi aprovado pela Câmara, em 2022.

Escadaria Selarón, ponto turístico localizado entre os bairros de Santa Teresa e Lapa, no Rio de Janeiro
Thales Botelho de Sousa/Unsplash
Escadaria Selarón, ponto turístico localizado entre os bairros de Santa Teresa e Lapa, no Rio de Janeiro

Entre as regiões incluídas no projeto Reviver Centro estão a Lapa, São Cristóvão — ao lado do Porto Maravilha, onde está situado o Terminal Gentileza —, Rio Branco, Praça Mauá, Cinelândia e Praça XV.

Transformação do Centro Histórico do Rio

O Centro do Rio é uma região de prédios históricos, que remontam à época em que a cidade ainda era a capital da República. Contudo, muitos desses prédios e lojas estão abandonados.

“A estação Leopoldina estava há muitos anos abandonada, a Prefeitura conseguiu que o Governo Federal repassasse esse prédio e vai transformar a região da Vila Leopoldina. É um projeto gigantesco”, afirma a SMDUE.

Outro prédio histórico que está em processo para se tornar residencial é o icônico Edifício Joseph Gire, mais conhecido como Edifício A Noite, próximo ao Museu do Amanhã, na Praça Mauá. “É uma região já revitalizada da cidade, o prédio estava completamente abandonado.”

Museu do Amanhã - Rio de Janeiro
Divulgação
Museu do Amanhã - Rio de Janeiro

Mais um ponto de destaque de revitalização é o Porto Maravilha, que atraiu investimentos que impactaram tanta no quesito de cultura e lazer, como trabalho e moradia, transformando a região.

“O que vai puxar realmente a importância daquela região é um lugar chamado Porto Maravalley, um hub tecnológico desenvolvido para atrair startups e oferecer formação de qualidade. Um antigo galpão de cerca de 10 mil metros quadrados que estava abandonado [vai abrigar o projeto], e agora irá abrigar também uma faculdade do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA)."

Com os investimentos estima-se que a região receberá cerca de 16 mil novos moradores que residirão em imóveis recentemente inaugurados, sendo 60 deles comprados pela Prefeitura. O objetivo é que os alunos possam ir à faculdade a pé, facilitando a vida daqueles com menores condições financeiras.

Outro objetivo do Porto Maravalley é ter uma empresa e uma faculdade no mesmo ambiente, atraindo startups, com espaços para congressos e salas de trabalho. Com os investimentos na região em educação, a ideia é que “o conhecimento se transforme em dinheiro”.

Reviver Cultural e Reviver Rua da Cerveja

Lançamento do Reviver Rua da Carioca
Hugo Barreiro / Divulgação
Lançamento do Reviver Rua da Carioca

Incluído como parte do Reviver Centro 2, está o Reviver Cultural, que visa criar novos distritos comerciais e atrair novos investidores para a região. São 132 projetos inscritos, 39 imóveis inscritos e 84 projetos credenciados.

“A Prefeitura do Rio vai dar recursos para a reforma dos imóveis e para ajudar nas despesas mensais. O programa Reviver Centro Cultural recebeu a inscrição de 39 imóveis e de 132 projetos culturais, como livrarias, galerias de arte, escolas de dança e escolas de fotografia”, diz nota enviada ao iG Turismo .

“Desse total, 84 foram credenciados e poderão ocupar as lojas também habilitadas no programa e, com imóvel, estarão aptos a receber os valores da Prefeitura do Rio destinados ao projeto. Como contrapartida, eles devem abrir, em horários estendidos, à noite e aos fins de semana, além de contar com uma programação que preveja ações nas calçadas, para levar mais gente ao Centro e aumentar o movimento da região.”

Com essa iniciativa, a tendência é atrair cada vez mais visitantes para a região, consequentemente fomentando o turismo. Um dos projetos culturais que já está em funcionamento é o “Centro de Pesquisa Avançada do Novo Samba Tradicional Onde o Coro Come”, idealizado pelo músico Marcelo D2 e sua esposa, Luiza Machado, localizado na Rua Sete de Setembro.

Outro projeto criado pela SMDUE é o Reviver Rua da Carioca, a popular “Rua da Cerveja”, que segue os mesmos moldes do Reviver Cultural, subsidiando parte dos custos para estabelecimentos que devem seguir determinadas diretrizes.

“O projeto deve ocupar imóveis abandonados na área formada pelas avenidas Presidente Vargas, Rio Branco e Primeiro de Março, e pela Rua da Assembleia, além de um trecho da Orla Conde. O município vai dar valores aos projetos que podem chegar a até R$ 192 mil [R$ 1 mil por metro quadrado] para a reforma dos espaços e cerca de R$ 14,4 mil (R$ 75 por metro quadrado) como auxílio para despesas mensais, como aluguel, água e luz, dependendo da metragem do imóvel”, diz nota da Secretária de Desenvolvimento.

Revitalizar e fortalecer o turismo

Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o Galeão
Pedro C/Google Maps
Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o Galeão

Muitos dos novos imóveis revitalizados foram adquiridos por investidores, e um de seus grandes objetivos é atrair os conhecidos “nômades digitais”, que necessitam de uma estrutura para trabalhar e optam por ambientes mais turísticos com opções de lazer, como o Museu do Amanhã e vista para a Baía do Guanabara, entre outros locais icônicos da região central do Rio.


A melhora na infraestrutura inclui, além das novas áreas residenciais, investimentos em transporte terrestre e projetos culturais, além da grande revitalização do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o popular Galeão, algo que também ajudou a alavancar o turismo trazendo mais voos internacionais ao Rio.

“O Rio tinha perdido os voos internacionais, perdido rotas, perdido tudo”, afirma o secretário da SMDUE Chicão Bulhões. “Nós começamos a reconquistar isso, renovando e dando nova vida ao Galeão. Tudo isso influencia na melhora do turismo. Esse é um trabalho que envolve outras Secretarias.”

O aeroporto Galeão havia perdido sua atratividade, todos os voos regionais estavam indo para o Aeroporto Santos Dumont. “Sem voos regionais, o Galeão deixou de fazer sentido. Não havia conectividade, um voo internacional que chegava, era obrigado a voltar para seu local de origem."

Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio de Janeiro
Mauro Lima/Unsplash
Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio de Janeiro

Para se ter uma ideia, o Galeão, que pode atender cerca de cerca de 37 milhões de passageiros ao ano, estava recebendo apenas quatro milhões. Como consequência, acabava por sobrecarregar o Aeroporto Santos Dumont. Parte disso se devia à uma falta de coordenação, de acordo com o porta-voz.

“Esse era um trabalho que deveria ser feito junto ao Governo do Estado, que também sensibilizou o Governo Federal, que definiu novas regras para a coordenação dos aeroportos do Rio de Janeiro”, explica.

“Esse trabalho tinha que ser feito pelo Governo Federal. Foi tentado no governo anterior [gestão Bolsonaro], porém não houve qualquer atenção para isso. O atual governo olhou para isso e, em pouco tempo, o Galeão já recuperou bastante da sua capacidade”, comenta.

“Isso é muito relevante para o turismo. Em fevereiro, antes do Carnaval, a Embratur (Empresa Brasileira de Turismo) divulgou que o Brasil recebeu um número expressivamente maior de turistas, em comparação ao ano anterior”, finaliza.

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