Rio de Janeiro é um dos destinos nacionais que são tendência de 2022
Pexels/Florencia Potter
Rio de Janeiro é um dos destinos nacionais que são tendência de 2022

O ano de 2022 marca a retomada de diversos setores que foram diretamente impactados pela pandemia, sendo o turismo um dos principais e dos que mais geram expectativas na população. A retirada de restrições para estrangeiros de diversos países internacionais, o alto índice vacinal no Brasil e a caminhada rumo à estabilização do cenário pandêmico tem deixado turistas mais otimistas e mais seguros para voltar a colocar o pé na estrada; assim, as tendências de viagem já começam a despontar.

“Os brasileiros estão muito confiantes para viajar novamente. Os turistas estão querendo muito retomar as viagens e já estão tentando encontrar a melhor maneira de fazer isso”, explica Carolina Montenegro, gerente geral na América Latina do metabuscador de viagens Kayak .

Um dos fortes indicativos disso é o fato de que os dados de pesquisa para os voos domésticos superou os níveis pré-pandêmicos. Há ainda os picos de buscas que têm sido cada vez mais registrados quando países internacionais retiram restrições para visitantes. Montenegro conta quais são as tendências de viagem esperadas para 2022 e o que os viajantes terão como prioridade na hora de viajar.


Restrições serão preocupação

Países como Suécia, Suíça, Austrália e Dinamarca estão entre as opções que retiraram a obrigatoriedade do comprovante de vacinação ou teste negativo de Covid na entrada do país; ou mesmo a obrigatoriedade do uso de máscara em locais abertos, o que intensifica o indicativo de um cenário otimista.

Montenegro explica que as mudanças de restrições de cada país mudam muito rapidamente e, por isso, podem deixar os turistas aflitos. O desgaste se dá pelo fato de que é necessário ficar de olho nas regras do país de origem, de chegada e, caso houver, de escala, que podem seguir protocolos bastante diferentes e que devem demandar mais planejamento.

Portanto, ela recomenda que os turistas estejam sempre atentos às mudanças de protocolos de saúde para que não haja complicações na hora de entrar no país ou de curtir os passeios. O próprio Kayak dispõe de um mapa de restrições, criado na pandemia, em que é possível acompanhar o protocolo atualizado de todo o mundo, além de informações como cobertura vacinal do país e documentos necessários para entrar.

“Nosso mapa de restrições é atualizado todos os dias e coloca todos os conteúdos mais importantes sempre à mão. Essa plataforma dá aos turistas tranquilidade para saber exatamente o que precisam para ir aos destinos desejados”, diz Montenegro.

Destinos domésticos em alta

Mesmo com diversos países retirando as restrições para estrangeiros, os brasileiros ainda preferem passar o ano de 2022 viajando pelo Brasil. Mesmo com a Ômicron, os níveis de buscas para destinos dentro do Brasil cresceram 63% em fevereiro deste ano, em comparação com o mesmo período em 2019.

O levantamento do Kayak aponta que São Paulo e Rio de Janeiro, que são frequentemente visitados para negócios, lideram as tendências de destinos brasileiros. Os locais mais buscados são os destinos de praia, já que o ranking é seguido por Recife, Fortaleza, Salvador, Maceió, Florianópolis, Natal e Porto Seguro, respectivamente. Porto Alegre aparece em décimo lugar nas tendências de destinos nacionais.

“As pessoas vão continuar com as viagens domésticas porque se sentem mais seguras dentro de seu próprio país, por mais que a retirada de restrições de destinos internacionais costume criar picos nas buscas”, explica Montenegro. A gerente acrescenta que outro fator importante é a alta taxa de câmbio de outras moedas, o que pode encarecer e dificultar a viagem durante 2022.

Entre outras facilidades de se viajar dentro do Brasil estão o uso do próprio carro, o que dispensaria o aluguel de veículos; menos restrições; maior cobertura de saúde; e protocolos mais seguros em hotéis.

O staycation , prática de turistar dentro da própria cidade que bombou nos dois últimos anos, pode ser deixado mais de lado com a abertura do leque de opções – mas não deve ser totalmente esquecido. Isso porque, durante a pandemia, as pessoas aprenderam a desfrutar os lugares onde estão e podem continuar explorando passeios.

Flexibilidade

A flexibilização das rotinas em escritórios e a possibilidade do trabalho remoto, bem como a priorização do protocolo de saúde, pressionaram setores turísticos à adaptação. Os hotéis e as companhias aéreas são setores cujas mudanças serão cruciais para definir a escolha do turista, já que, com a pandemia ainda acontecendo, há a possibilidade do viajante testar positivo para Covid e precisar remarcar tudo, por exemplo.

“A forma como as pessoas estão viajando em 2019 não é a mesma de como estão viajando agora, e a flexibilidade é uma prioridade importante para conseguir fazer planejamentos com segurança e cancelar se for necessário”, reforça Montenegro.

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Para que o turista saiba quais companhias aéreas e acomodações são mais flexíveis diante de imprevistos, o metabuscador adicionou um filtro de cancelamento que prioriza companhias que oferecem esse suporte de forma gratuita.

Bleisure e nômades digitais

O bleisure, modalidade em que se mescla lazer e negócios, é um dos principais destaques entre as tendências de viagem este ano, já que permite que a rotina do dia a dia seja cumprida ao mesmo tempo em que é possível explorar outras localidades. “Depois das possibilidades de trabalho da pandemia, as pessoas não querem mais ficar em escritórios abafados e, a partir de 2021, começou a intensificar o surgimento dos nômades digitais, por exemplo”, analisa Montenegro.

Quase 49% dos viajantes afirmam que têm interesse em conhecer o destino em que estão quando viajam a trabalho. O bleisure se tornou bastante atrativo depois de ter se mostrado um estilo de vida possível, e pode contribuir com esse desejo.

A variedade de destinos brasileiros também tem se destacado pela facilidade de conseguir aplicar essa rotina. No entanto, a preferência continua sendo de destinos com clima quente: os dados apontam que os destinos com praia, principalmente no Nordeste do país, são os mais buscados.

Planejamento em curto tempo

A possibilidade do trabalho remoto ou do modelo híbrido também tornou mais comum o comportamento de viajar sem muito tempo de planejamento e fora das altas temporadas. Isso consiste, por exemplo, em uma pessoa começar a planejar na segunda-feira uma viagem que quer fazer na próxima sexta-feira.

Apesar de ser vantajoso, Montenegro alerta que o pouco tempo de busca pode resultar em algumas armadilhas, como preços muito mais altos em pacotes, voos e hospedagens que talvez não sejam as mais ideias para a viagem. Se mesmo assim o turista quiser se aventurar, ela indica fazer pesquisas em metabuscadores utilizando os filtros a favor do viajante para conseguir um bom preço.

Apesar do aumento de interesse nessa prática, a gerente geral afirma que o recomendado é fazer o planejamento com tempo, sendo indicado cerca de um mês para destinos nacionais e quatro meses para destinos internacionais. “Planejar com antecedência significa poupar dinheiro, mais chances de encontrar uma oferta melhor e menos de se encontrar preso na armadilha do preço”, reforça.

Acomodações tecnológicas

De acordo com dados do Kayak, os hotéis representam 55% das preferências de acomodação dos turistas. Assim como o turismo, o setor hoteleiro foi um dos mais impactados na pandemia e deve precisar de diferenciais para se destacar aos olhos dos viajantes. Montenegro acredita que tecnologia e sistema operacional otimizados de acordo com os novos tempos pode ser um destaque.

Por meio do próprio hotel, o Kayak Miami Beach, na Flórida, a empresa desenvolve, testa e passa adiante tecnologias capazes de auxiliar, principalmente, hotéis boutique e independentes.

A mais nova delas é o Accommodations Operating Software (AOS), desenvolvida ao lado da empresa Life House. “Sabemos que esses hotéis não conseguem investir em ferramentas que um hotel maior consegue, então queremos melhorar a experiência de interatividade entre equipe e hóspedes”, explica.

Para ela, o interesse é de tornar a experiência de acomodação mais moderna, prática e automática, com chaves das portas dos quartos em um aplicativo no celular, self check-in em tablets e pedidos ao concierge via aplicativo, não mais pelo telefone.

“A ideia do processo é de que o turista não precise falar com mais ninguém a não ser no espaço digital”, aponta, o que pode ser uma facilidade para pessoas em tempos de pandemia e pós-pandemia, tanto pela facilidade e agilidade como pela segurança sanitária.

Cuidados devem ser mantidos

Montenegro afirma que o turista deve manter em mente as restrições atualizadas do país de origem e de chegada e se lembrar de seguir os protocolos sanitários. “A Covid ainda está entre nós. Então deve-se continuar seguindo as orientações do CDC, usando máscara e permanecendo em segurança”, ressalta.

A especialista afirma que é notório que as pessoas tenham se sentido mais dispostas a retomar os planejamentos de viagem, fato notório pelas demandas repentinas e pelos picos de buscas mais frequentes. De acordo com ela, os turistas estão saindo da zona de conforto e devem buscar cada vez mais por destinos diferenciados para desbravar.

“Uma vez que os viajantes saírem, eles vão querer experienciar o mundo novamente pois há uma parte deles que quer crescer, aprender. E é importante que entendam que é possível fazer isso de forma segura, só lembre-se de se preparar muito bem para isso”, incentiva Montenegro.

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