O centenário da Semana de Arte Moderna trouxe várias discussões sobre o tema, assim como uma gama de comemorações, principalmente na cidade de São Paulo. Marco na história da arte brasileira, o evento foi idealizado por um conjunto de artistas modernistas que queriam romper com a arte tradicional consumida até então. Por isso, entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, nomes como Mário de Andrade , Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia organizaram exposições, palestras, leituras de poemas e de trechos de romances e apresentações musicais.
O local escolhido para sediar o movimento foi o Theatro Municipal, que na época era o principal centro de lazer da elite paulistana. Segundo Gênese Andrade, doutora em Literatura Hispano-americana pela USP, em 1922 São Paulo estava em crescimento, mas o gosto estético das pessoas ainda era conservador. Por esse motivo, a proposta de reunir várias linguagens artísticas que rompiam com o passado causou grande impacto na sociedade.
Desde 1915, um grupo de jovens artistas realizava reuniões em São Paulo, trabalhando em jornais, realizando exposições e apresentando novas propostas estéticas. Bibliotecas e redações de jornais eram os pontos de encontro dos artistas, que tinham o anseio de construir uma arte diferente daquela que fazia sucesso na época: acadêmica, parnasiana e simbolista, consideradas ultrapassadas.
Em virtude das riquezas advindas do comércio de café, começaram a aparecer na cidade edifícios, viadutos, eletricidade e cada vez mais pessoas chegavam procurando oportunidades. No meio artístico não foi diferente, a modernidade motivava a renovação dos antigos padrões. Andrade explica que os modernistas circulavam pelo Centro Velho de São Paulo.
“O Triângulo, formado pela rua 15 de novembro, rua São Bento e rua Direita, onde, além do Theatro Municipal, havia outros teatros, a redação dos jornais, as livrarias, os hotéis e restaurantes mais chiques. Oswald de Andrade teve pequenos apartamentos na rua Líbero Badaró e na Praça da República que foram pontos de encontro. O escritório de advocacia de Guilherme de Almeida e seu irmão Tácito de Almeida, na rua Direita, também era um local importante de reuniões, e foi fundamental para a concepção de Klaxon, a primeira revista do modernismo. A casa de Mário de Andrade, na Rua Lopes Chaves, foi um importante ponto de encontro também”, destaca.
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A Semana de Arte Moderna influenciou diversos artistas que vieram nas décadas seguintes. Quem quiser conhecer mais sobre o os artistas e sobre o momento histórico, pode visitar alguns museus e outros locais da capital paulista que têm no acervo as obras do evento.
Museu de Arte Contemporânea da USP
Com mais de 10 mil obras, que vão de pinturas a óleo, desenhos, gravuras, esculturas, objetos e trabalhos conceituais, formando a maior coleção da América Latina especializada na produção ocidental do século 20. O MAC está instalado em um prédio projetado por Oscar Niemeyer, tem oito andares e oferece uma bela vista do Parque Ibirapuera. Com entrada gratuita, abriga obras de Tarsila do Amaral, Pablo Picasso, Amedeo Modigliani, Henry Moore, Alexander Calder, Anita Malfatti, Lygia Clark, Alfredo Volpi, Emiliano Di Cavalcanti, Kandinsky e muitos outros.
Pinacoteca do Estado
A Pinacoteca é um dos museus de arte mais importantes do Brasil, situado em um prédio construído no centro de São Paulo em 1900. O acervo possui esculturas, pinturas, gravuras, tapeçarias, fotografias e diversos outros itens nas mais de 7 mil obras guardadas pela instituição. Entre os artistas modernistas que podem ser contemplados na Pinacoteca estão Tarsila do Amaral, Túlio Mugnaini, Anita Malfatti, Lasar Segall, Di Cavalcanti, Clóvis Graciano, Victor Brecheret, Cândido Portinari e Francisco Rebolo.
IEB-USP
O Instituto de Estudos Brasileiros da USP é responsável por reservar, organizar e preservar documentos, dentre as mais variadas áreas do conhecimento. São aproximadamente 500 mil documentos, como arquivos pessoais de Anita Malfatti, Aracy Abreu Amaral, Caio Prado Jr, Celso Furtado, Camargo Guarnieri, Graciliano Ramos, João Guimarães Rosa, Mário de Andrade, Milton Santos, Manuel Correia de Andrade e Paul Singer. O acervo está disponível para o público geral de forma presencial ou online.