Percorrer a Rota do Ouro em Minas Gerais já é uma opção escolhida por muitos turistas, mas isso não quer dizer que ela não guarde seus segredos e particularidades.
De Diamantina até Tiradentes, um trajeto de quase 500 km, a Rota do Ouro está repleta de trilhas, cachoeiras, ladeiras e edifícios históricos que vão de casarões até igrejas construídas no ápice do Ciclo do Ouro, no século XVIII.
A melhor parte de realizar esse roteiro histórico do turismo em Minas Gerais é que todas as cidades são conectadas pela Estrada Real, cujos mais de 1,6 mil km de extensão fazem dela a maior rota turística do Brasil.
O passaporte da Rota do Ouro
De tão grande, essa estrada, utilizada pela Coroa Portuguesa no final do século XVII e no século XVIII para transportar diamantes e ouro até os portos de São Paulo e do Rio de Janeiro, ganhou até seu próprio passaporte.
"É um passaporte de brincadeira, chamado Passaporte da Estrada Real , mas que garante carimbos colecionáveis e até certificado para quem conclui os caminhos da rota", explica Luísa Dalcin, gerente de comunicação do buscador de voos Viajala.com.br.
A cada uma das cidades históricas que passar na Estrada Real, você ganhará um carimbo para o seu passaporte. Para garantir o seu, basta realizar o pedido online e "pagar" com 1 kg de alimento não-perecível. O documento pode ser retirado em pontos de 7 cidades entre MG e RJ.
Explore a Rota do Ouro em Minas Gerais
Se percorrer a Rota do Ouro e carimbar todas as lacunas do seu Passaporte da Estrada Real despertou seu instinto turístico, estes são alguns dos pontos que você não pode perder na viagem:
1. Diamantina
O roteiro começa por Diamantina, terra natal de Juscelino Kubitscheck e de Chica da Silva, uma escrava alforriada que teve uma união estável e 13 filhos com um homem da alta sociedade da região.
É lá também que fica a Casa da Glória, construída no final do século do Ciclo do Ouro. De acordo com Luísa, a passarela que cruza a rua a partir do interior do prédio só foi projetada anos depois, quando o edifício virou um orfanato feminino.
"[Ela servia para que] as moças pudessem cruzar entre os prédios sem passar pela rua, longe dos olhos dos homens", revela a gerente de comunicação do Viajala.com.br.
Mas a cidade não é só repleta de belezas e curiosidades históricas. Seu entorno também é rico em natureza, e pode ser explorado por inúmeras trilhas, como o Caminho dos Escravos.
Lá você também encontrará belas cachoeiras, como a Sentinela e a dos Cristais, que ficam a cerca de 20 km do centro da cidade, na Vila do Birbiri.
2. Serro
Outra das cidades históricas neste roteiro é Serro, que fica a aproximadamente 90 km de distância de Diamantina. Além de contar com uma bela arquitetura colonial, o local é famoso pela sua produção de laticínios.
Como lembra Luísa, a cidade "é o berço do Queijo do Serro, um dos melhores de Minas Gerais". Assim como a vizinha, Serro também tem um forte turismo ecológico. Dentre outras coisas, ela também abriga o Parque Estadual do Pico do Itambé, o "berço" do cerrado.
E Serro tem quase o mesmo tanto de cachoeiras que tem de edifícios históricos. São mais de 100 quedas d'água nos arredores da cidade, principalmente nos distritos de Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras.
Vale também visitar a Igreja de Santa Rita, localizada no alto da cidade, que data, provavelmente, do século XVIII. O acesso a ela é feito por uma escadaria de pedras com 57 degraus, que proporciona fotos incríveis.
3. Sabará
Mais de 200 km de estrada em direção ao sul mineiro separam Serro de Sabará, outra cidade importante para o turismo em Minas Gerais. Este município de cerca de 135 mil habitantes fica a um pulo de Belo Horizonte - apenas 25 minutos de carro separam os dois destinos.
A vantagem de Sabará em relação aos outros destinos é o fácil acesso, que faz dela um ótimo destino de bate e volta para quem estiver em BH também. Seja qual for sua rota, a cidade oferece inúmeros casarões coloniais e belas igrejas, edifícios construídos ao longo de seus 344 anos de existência.
E, embora tenha uma predominância de elementos do barroco e do rococó - evidentes, por exemplo, nas obras de Aleijadinho na Igreja Nossa Senhora do Carmo -, a cidade sofreu influências de outras culturas em sua formação.
"Sabará tem uma característica peculiar: a influência oriental, que fica clara em igrejas como a pequenina Nossa Senhora do Ó, revestida de painéis de madeira e ornada com pinturas chinesas", acrescenta Luísa.
4. Mariana e Ouro Preto
A partir de Sabará, a próxima parada neste caminho da Rota do Ouro é Ouro Preto , cidade icônica do estado, que dispensa apresentações.
Ao lado dela fica Mariana, cidade que, em 2015, foi arrasada pelo rompimento da barragem de Fundão. E, embora os subdistritos atingidos (Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo) ainda lutem para voltar à vida, o centro da cidade ainda recebe turistas.
Os dois destinos estão repletos de atrações ecológicas e monumentos históricos para você explorar e contemplar enquanto adiciona mais dois carimbos para o seu Passaporte da Estrada Real.
5. Congonhas do Campo
Saindo das irmãs Ouro Preto e Mariana, a Rota do Ouro vai ao município de Congonhas, ou Congonhas do Campo. Embora seja menos conhecido que outros destinos citados na lista, o município tem uma atração indispensável para quem gosta de história e arte: o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos.
É neste templo que ficam os Doze Profetas de Aleijadinho, todos esculpidos em pedra-sabão e enfileirados imponentes nos muros de entrada do Santuário. Graças a elas, o local entrou para a lista de Patrimônios Mundiais da UNESCO.
6. Tiradentes e São João del-Rei
Por fim, mais uma dobradinha de cidades históricas para encerrar esta aventura de turismo em Minas Gerais. Ao chegar em Tiradentes, você já estará a 480 km do ponto de partida, Diamantina, e já terá vislumbrado algumas das maiores riquezas deixadas no Brasil pelo Ciclo do Ouro.
Mas se engana quem pensa que Tiradentes abriga apenas edifícios históricos e museus. A cidade também é sede de dois importantes festivais: a Mostra de Cinema de Tiradentes; e o Festival de Gastronomia e Cultura de Tiradentes. E você não precisa ficar só por lá também.
"Vale tirar um dia para ir a São João del-Rei , a apenas 16 km dali, uma cidade charmosa com construções do século XVIII", lembra Luísa. E é nela também que fica Santo Antônio do Rio das Mortes, antigo povoado que fez fama como cenário de séries e novelas de época brasileiras.
E por que não concluir sua viagem pela Rota do Ouro como nos séculos passados? Há uma linha de trem, na qual viaja a mais antiga Maria Fumaça em funcionamento no país, que conecta Tiradentes e São João del-Rei, passando inclusive pelo Rio das Mortes e pela Serra de São José - um final digno de um roteiro histórico.