A cerca 200 km da capital paulista, Ilhabela é destino certo para os apaixonados pelo mar. O local é também um dos mais buscados do litoral norte
de São Paulo
, mas, sabendo escolher as datas certas, é possível, sim, encontrar um paraíso para se refugiar dos problemas do dia a dia.
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Ilhabela possui 347,5 km², mas 83% de sua área é preservada por um parque estadual. Para se ter ideia, a cidade abriga a maior reserva de Mata Atlântica do planeta – o que explica não só a grande quantidade de insetos no local como também dias de tumulto quando se trata de feriados. Não é difícil encontrar turistas que ficaram horas na fila da balsa para chegar à ilha ou sair dela, por exemplo.
A cidade também possui apenas uma avenida principal, que liga o norte ao sul, então muita gente na ilha é também sinônimo de congestionamento. O segredo para fugir do caos é escolher, se possível, datas fora da alta temporada e evitar feriados. Feito isso, em cinco dias é possível colecionar experiências incríveis!
Primeiro dia
A cidade de Ilhabela está localizada no eixo São Paulo – Rio, próxima de cidades como Caraguatatuba, Ubatuba e Paraty, mas a balsa que leva até o local fica em São Sebastião. Saindo da capital paulista, o motorista tem a opção de pegar as rodovias Ayrton Senna/Carvalho Pinto e Presidente Dutra, mas quem gosta de apreciar a vista – e não tem pressa –, pode optar pela Rodovia Rio-Santos, que passa pertinho de algumas praias do litoral norte e conta com diversas paisagens.
Já quem chega à ilha pelo Rio de Janeiro também pode aproveitar as vistas proporcionadas pela Rio-Santos, mas outra opção é a Rodovia dos Tamoios. O acesso à Ilhabela é feito por balsa para pedestres, automóveis e ônibus.
O tempo médio de travessia é de 15 minutos, e as saídas acontecem com intervalo máximo de 30 minutos, das 5h30 às 22h30. Já das 2h às 5h, o intervalo máximo é de 60 minutos. De acordo com o site da Dersa, responsável pela travessia, a balsa também sai às 23h10, 23h30, 0h, 0h20 e 1h15, mas vale a pena checar o site da companhia.
A Dersa também oferece um serviço chamado "Hora Marcada", em que o motorista pode agendar um horário para a travessia e não precisa ficar na fila – pagando mais caro, claro. Se você vai para o local em datas muito concorridas, como final de dezembro, talvez seja uma solução milagrosa para você não ficar horas e horas na fila da balsa, mas se vai em dias comuns, não precisa pagar mais caro. Uma dica é ficar de olho no site da companhia, que indica em tempo real como está a espera pela travessia.
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Com tudo isso, nem sempre é possível chegar bem cedo em Ilhabela para aproveitar o primeiro dia. Os muitos passeios que podem ser feitos no local, por exemplo, constumam sair entre 10h e 11h, então o primeiro dia pode ser destinado para conhecer as praias mais próximas do hotel ou pousada em que você vai ficar.
Praias como da Armação e Pedra do Sino, na parte norte, e Feiticeira, do Julião e Praia Grande, na parte sul, são boas opções para um banho de mar e tem fácil acesso. Nem todas contam com quiosques, bem diferente do litoral sul de São Paulo, então não se esqueça de levar ao menos uma água e um lanchinho.
Três dias de viagem
O destino reserva ao visitante diferentes tipos de passeio, vai desde passeio de escuna até uma trilha que pode durar de três a cinco horas e meia, dependendo do ritmo do seu passo e condicionamento físico. Os passeios também variam de acordo com seu bolso, e podem ir, por exemplo, de R$60 até R$350, depende do que você deseja fazer.
Vale a pena fazer ao menos dois passeios para conhecer a ilha, mas vale a pena também se programar de acordo com o tempo que estiver fazendo. Veja a previsão do tempo no seu primeiro dia em Ilhabela para fazer a programação. Se forem dias certos de sol, você está livre para fazer o que quiser. Entretanto, se tiver chuva no caminho, é melhor pensar um pouco mais.
A chuva pode deixar o mar bravo, com muitas ondas, então passeios em alto mar podem ser arriscados. Cruzar o parque estadual com chuva e ter um dia inteiro de garoa em uma praia do outro lado da ilha também pode não ser o que você mais desejava para os dias de descanço. Sem contar que você vai ter desembolsado um dinheiro nisso.
Sendo assim, sabendo a previsão do tempo, é hora de escolher o que fazer. As opções compreendem o parque estadual, onde só se é possível passear com um carro 4x4. Para chegar às trilhas e cachoeiras do parque, passeios de jeep são uma opção. Já a Praia de Castelhanos, bem tradicional, pode ser conhecida apenas de jeep, em um passeio que custa por volta de R$100,00, ou com os passeios terra/mar e mar/terra, como são chamados.
Na parte terra, o turista conhece o parque e tudo o que a Mata Atlântica reserva, incluindo ao menos uma cachoeira. Já na parte mar, uma passeio com flexboat vai mostrar os segredos da ilha, com direito a paradas em praias como da Fome, onde só se é possível chegar pelo mar. O passeio fica em torno dos R$170,00.
A Praia da Fome também pode ser visitada durante um passeio com escuna, que também compreende a Praia de Jabaquara. Neste caso, fica mais barato, por volta de R$90,00. Entretanto, o passeio de escuna precisa de um número maior de pessoas, então não é certo que vá acontecer. Além disso, se o tempo estiver bom, é possível chegar à Praia de Jabaquara com um carro de passeio comum, mesmo a estrada sendo de terra.
Já um paraíso que que fica bem reservado é a Praia do Bonete, por onde os visitantes só conseguem chegar por uma trilha que pode durar até mais de cinco horas ou por mar. O passeio de flexboat para Bonete também sai por volta de R$170,00. Além disso, o turista vai passar mais de uma hora no sol e mar para ir e outra hora no sol e mar para voltar, mas vale muito a pena.
Bonete, assim como a praia de Castelhanos, esconde um mar perfeito para surfistas, com ondas grandes. E se em Castelhanos o mar também agrada quem gosta de ficar apenas na marola, Bonete tem uma cachoeira que pode ser a salvação de quem não se arrisca em ondas mais bravas. De qualquer forma, o mar de ambas, assim como o da Praia da Fome, Jabaquara e Saco do Eustáquio, que são mais tranquilos, são de impressionar.
Último dia
Provavelmente, as únicas coisas boas em voltar para casa após uma viagem que a gente gostou muito é voltar a usar nossa cama e nosso banheiro, mas no caso de Ilhabela é possível aproveitar até mesmo o último dia, dependendo de onde você mora, claro.
Sabendo quanto tempo você demora para fazer o percurso ilha/sua casa, defina se você quer chegar cedo ou se ainda dá tempo de mais uma praia. Dá para curtir umas das praias de fácil acesso, que não precisa de um 4x4 ou um flexboat para chegar, ou, então, se você for voltar pela Rodovia Rio-Santos ainda dá para parar em uma das praias da estrada. Se você tem vontade de conhecer Maresias, por exemplo, e for voltar para São Paulo, a praia vai estar no seu caminho.
E da mesma forma que na ida, a balsa pode ser um problema para você. Procure ver com antecedência se a travessia será concorrida ou não. Se sim, o serviço de hora marcada pode ser muito útil.
E os borrachudos?
Não dá para falar de Ilhabela sem falar em borrachudos. Se você citar que vai para ilha para uma pessoa que já conhece o lugar, ela, com certeza, vai falar sobre o inseto. E se você realmente for para o lugar, em cinco dias, vai sair de lá com pelo menos umas 15 picadas – isso se você se proteger direito.
Em nota enviada à reportagem, a Prefeitura de Ilhabela explica que os borrachudos são mosquitos negros, bem pequenos e comuns em países tropicais. Normalmente, eles vivem perto de rios e florestas, então quanto mais reservado é o lugar, maior a chance de você encontrar borrachudos.
"O tratamento de controle de borrachudos é realizado pela prefeitura através da equipe de controle de Simulídeos (borrachudos) da Secretaria Municipal da Saúde. O tratamento consiste na aplicação sistemática de inseticida biológico nas cachoeiras, de acordo com as normas da Superintendência de Controle de Endemias", diz também a nota. Mas se chover enquanto você estiver lá, como aumenta o nível de água das cachoeiras onde o inseticida é aplicado, aumenta também o número de borrachudos.
A picada causa, na maioria das vezes, coceira, vermelhidão e inchaço no local por alguns minutos após a picada. A quantidade de picadas e o grau de sensibilidade da pessoa ao mosquito são os fatores determinantes à procura médica, segundo a prefeitura. E se você não se cuidar, pode acabar com uma perna só com mais de 15 picadas em apenas um passeio.
O repelente, então, vai ser seu melhor amigo. Mas não adianta passar aqueles que estamos acostumados na capital, que possui, em média, apenas 7% do composto químico que afasta o inseto. Para o local, o melhor é aqueles que possuem 25% do composto, mas nem todo mundo pode passar. Sendo assim, vale a pena consultar o seu alergista, caso você tenha alguma sensibilidade, ou um pediatra, se tiver filhos.
Entretanto, a maior dica, neste caso, é ouvir o que os próprios moradores têm a dizer. Claro que vale levar um repelente que você já usa em casa para a ilha, mas no local existem repelentes próprios para o lugar, que são feitos a base de óleo e citronela, que são quase que milagrosos. Outra dica é ficar de olho na perna das pessoas que vão cruzar na ilha com você. Muitos vão estar cheios de picadas, que são bem visíveis, mas outros terão apenas algumas. Se você estiver no grupo de muitas picadas, sinal que o problema é seu repelente.
Ah! E cuidado com a combinação repelente a base de óleo e sol. O óleo ajuda a evitar a picada do borrachudo, mas muita exposição solar pode acabar em desastre. O melhor mesmo é tomar sol só quando for dar um mergulho no mar e caminhar um pouquinho pelo local.
Mais dicas
Se você ainda está na fase de planejar a sua viagem e não tem local para ficar, a Vila, que é o centro histórico da ilha, é uma ótima opção para os turistas que não gostam de ficar usando o carro para tudo. Muitos passeios saem de lá, sem contar as empresas que vão te buscar onde você está hospedado, mas o principal é que o local conta com várias opções de restaurantes e lojas para você aproveitar quando não estiver na praia. Além disso, o pôr do sol de lá é um espetáculo à parte para você curtir na volta dos passeios.
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Mas se o que você quer mesmo é tranquilidade, a parte sul de Ilhabela pode ser a melhor opção. Existem pontos mais movimentos, como da Praia Grande, mas não se compara com o centro e a Vila. O contato com a natureza é muito maior, porém, se você quiser conhecer a gastronomia da ilha e a parte histórica, vai ter de tirar o carro da garagem.