Tasua e Ashura
Reprodução/Iran Doostan Tours
Tasua e Ashura

O Irã ainda é um país pouco explorado pelos brasileiros, mas reserva festivais, rituais, eventos e tradições com tamanha variedade que desperta novas sensações em experiências muito diferentes do que pode imaginar a mentalidade ocidental. Este país tem uma variedade de tradições antigas ainda mantidas pelo povo iraniano e que atraem, em média, 4 milhões de visitantes por ano.

Oficialmente nomeado como República Islâmica do Irã e anteriormente conhecido como Pérsia, o país tem 1,6 milhão de km², o equivalente ao estado do Amazonas, e está localizado na Ásia Ocidental que tem fronteiras ao norte com a Armênia, Azerbaijão e Turquemenistão e com o Cazaquistão e a Rússia através do Mar Cáspio; a leste com o Afeganistão e Paquistão; ao sul com o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã; a oeste com o Iraque; e a noroeste com a Turquia.

Para se familiarizar com a cultura iraniana, o iG Turismo separou alguns de seus festivais e cerimônias mais famosos.

Nowruz

Nowruz
Reprodução/Iran Doostan Tours
Nowruz

O Nowruz, conhecido como o Ano Novo Persa é um dos maiores festivais iranianos celebrados mundialmente por iranianos e alguns outros grupos etnolinguísticos como o início do Ano Novo. É um festival tradicional com raízes em mil anos atrás, mesmo antes do desenvolvimento do Império Persa. A comemoração começa no final dos dias gelados do inverno, quando os dias frescos e suaves da primavera são celebrados por 13 dias, geralmente começando no dia 21 de março, o primeiro dia da primavera no calendário iraniano. Entretanto, pode variar de acordo com a entrada do equinócio de primavera.

Como o Nowruz começa no momento exato do equinócio vernal, o momento de celebrar o Ano Novo difere de um ano para o outro. O verdadeiro momento de Nowruz é calculado de acordo com o calendário persa.

Embora Nowruz esteja profundamente enraizado na religião zoroastriana, ele vai além das fronteiras religiosas, culturais e nacionais e é celebrado como uma festa tradicional por todos os iranianos e muitos outros que vivem em outros países como Uzbequistão, Azerbaijão, Afeganistão e Quirguistão. Além disso, ele também está inscrito na lista da Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Consequentemente, o dia 21 de março foi reconhecido pela Assembleia Geral da ONU como o Dia Internacional de Nowruz.

No início de Nowruz, um personagem fictício do folclore persa vai às ruas. Ele se chama Haji Firuz e tem o rosto coberto por fuligem e usa um chapéu vermelho e roupas vermelhas brilhantes. Ele toca tamborim, canta, dança e aceita dinheiro de pessoas que estão felizes com seu canto feliz.

Na data também ocorre uma preparação chamada "Sofreh Haft Seen", que é um costume interessante de Nowruz. O banquete inclui sete ervas e frutas simbólicas comestíveis, todas começando com a letra "S” em persa,  um espelho ornamentado, livro sagrado e um Divã de Hafez (um poeta lírico e místico persa), também são inclusos no arranjo. Cada uma das frutas ou ervas representa um conceito significativo.

Durante os 13 dias do festival de Ano Novo, parentes e amigos se encontram para dizer "Eid Mubarak" (que significa “festival Abençoado”) para celebrar o ano novo juntos, comer deliciosos doces dedicados ao Nowruz e desejar um ao outro um ano feliz e próspero. Além disso, os idosos geralmente dão Eidi (presentes ou dinheiro de boa vontade) a seus filhos, netos ou filhos de seus parentes. O último dia de Nowruz (o 13º dia) é chamado de Sizdahbedar (o Dia da Natureza), em que as famílias iranianas passam o tempo fazendo piqueniques ao ar livre, reunindo-se em parques, jardins e outros lugares verdes.

De acordo com uma crença tradicional, é desagradável ficar em casa no 13º dia de Nowruz; pois é uma oportunidade de passar um tempo feliz no último dia de férias e também de obter energia suficiente para os novos dias que virão.

Mehregan

Mehregarn
Reprodução/Iran Doostan Tours
Mehregarn

O outono começa com o mês de Mehr (o sétimo mês do ano) na Pérsia e seu 16º dia chamado "Mehregan" é a celebração da luz, amizade, gentileza e amor. Mehr é o símbolo do sol na cultura persa e acredita-se que o sol é o olho de Mitra, a deusa da luz responsável pela amizade, carinho e amor.

O evento é também o Dia de Ação de Graças para os agricultores iranianos. Nos tempos antigos, Mehregan era o dia da colheita e algumas das colheitas eram enviadas ao rei como um presente.

Neste dia, as pessoas vão visitar seus entes queridos, especialmente aqueles que há muito tempo sentiam falta para desfrutar juntos da beleza desta estação de cores vibrantes, e esta celebração costumava estar entre os festivais iranianos mais proeminentes. A cerimônia começa com uma oração em frente a um espelho. Abraços e beijos são trocados depois que um punhado de noghl (ameixa de açúcar) é jogado sobre a cabeça um do outro. Mehregan é marcado pelo amor, luz, amizade e gentileza.

Shab-e-Yalda

Shab-e-Yalda
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Shab-e-Yalda

O Shab-e-Yalda (Noite Yalda) também conhecido como Shab-e Chelleh é um dos mais antigos festivais iranianos celebrados anualmente em 21 de dezembro por iranianos de todo o mundo. É a última noite de outono e a mais longa noite do ano.

Yalda significa nascimento e se refere ao nascimento de Mitra; a deusa mitológica da luz. Como os dias ficam mais longos e as noites mais curtas no inverno, os iranianos comemoram a última noite de outono como a renovação do sol e a vitória da luz sobre a escuridão. No Shab-e-Yalda, as pessoas se reúnem em grupos de amigos ou parentes e geralmente na casa dos avós ou dos idosos para passar a noite mais longa do ano felizes, comendo nozes e frutas, lendo poemas de Hafiz, fazendo votos de felicidades e conversando e rindo todos juntos.

Comer é a parte mais deliciosa da data. Os iranianos comem nozes, melancias e romãs nesta noite especial. Alguns acreditam que a melancia simboliza o sol por sua forma esférica, enquanto outros acreditam que comer melancia evita que alguém seja ferido por doenças do inverno e pelo frio. A romã é também um símbolo de nascimento e suas sementes vermelhas brilhantes simbolizam o brilho da vida. 

Ler poemas de Divan-e-Hafiz é outra tradição interessante. Cada um dos membros de uma família ou grupo de amigos faz um desejo e abre o livro aleatoriamente; depois o membro mais velho da família ou amigos lê o poema escolhido aleatoriamente em voz alta, como se o poema lido fosse a interpretação do desejo e a maneira como ele se realizará. É divertido interpretar o poema e adivinhar os desejos que outros fazem. Desta forma, a última e mais longa noite de outono passa alegremente e o primeiro grande dia de inverno começa.

Tasua e Ashura

Tasua e Ashura
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Tasua e Ashura

Tasua e Ashura são respectivamente o 9º e 10º dias de Muharram (o primeiro mês do calendário islâmico) e os muçulmanos xiitas comemoram a batalha de Carbala que ocorreu em 680 d.C. em que o neto do Profeta dos muçulmanos "Hossein" e seus 72 parentes e apoiadores foram mortos. Tasua e Ashura são, de alguma forma, símbolos de defesa da justiça. As cerimônias de Tasua e Ashura são um exemplo de cerimônias culturais-religiosas entre os xiitas muçulmanos. Elas são realizadas anualmente sob a forma de um movimento de massa no Irã.

Embora Tasua e Ashura sejam cerimônias religiosas para os iranianos, elas fascinam muitos turistas, representando diferentes tradições que variam de uma cidade para a outra. As cerimônias refletem a cultura e a religião dos muçulmanos xiitas do Irã. As pessoas geralmente se vestem de preto e se reúnem na rua. Alguns seguram enormes peças de metal decoradas com bandeiras e levam a população, alguns batem seus tambores e outros batem de costas com correntes.

Muitas famílias cozinham a comida que é chamada de "Nazri" e é distribuída entre todas as pessoas, ricas ou pobres, e os turistas sortudos podem participar da confecção ou distribuição da refeição e finalmente comer a deliciosa comida Nazri.

Em Teerã, a Mesquita do Imã, é um dos melhores lugares para observar o evento; no entanto, fica sempre lotada. Em Yazd, Nakhl-Gardani é uma das grandes tradições culturais-religiosas. O Nakhl (que significa palmeira) é uma enorme estrutura pesando várias toneladas na forma de uma folha muito grande ou de um cipreste.

Centenas de homens de luto na Praça Amir Chakhmaq carregam o Nakhl que simboliza o caixão do Imã Hossein e seus companheiros mártires sobre seus ombros. A cidade de Taft próxima a Yazd ostenta o maior Nakhl da província de Yazd. O povo de Lorestan também realiza cerimônias com apresentação de música trágica com Chamari (um instrumento musical tradicional). 

Chaharshanbeh Suri

Chaharshanbeh Suri
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Chaharshanbeh Suri

Chaharshanbeh Suri conhecido como o Festival do Fogo é um dos festivais iranianos celebrados na véspera da última quarta-feira antes de Nowruz. A origem do festival data do início da era zoroastriana e é comemorado com fogos de artifício e os saltos de fogos. As pessoas acreditam que a cor vermelha do fogo simboliza a saúde.

Na noite de Chaharshanbeh Suri, as pessoas fazem fogueiras e saltam sobre o fogo enquanto simbolicamente pedem ao fogo para afastar as doenças e trazer a saúde.

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** Julio Cesar Ferreira é estudante de Jornalismo na PUC-SP. Venceu o 13.º Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão com a pauta “Brasil sob a fumaça da desinformação”. Em seus interesses estão Diretos Humanos, Cultura, Moda, Política, Cultura Pop e Entretenimento. Enquanto estagiário no iG, já passou pelas editorias de Último Segundo/Saúde, Delas/Receitas, e atualmente está em Queer/Pet/Turismo.

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