O Rio de Janeiro é uma das cidades mais visitadas do mundo e alguns pontos turísticos populares, como a Praia de Copacabana e o Cristo Redentor, são os principais destinos de quem chega à capital fluminense. O que pouca gente sabe é que a cidade reserva algumas paisagens estão guardadas dentro da natureza exuberante e que só podem ser conhecidas a pé.
O município abrange em sua área verde o Parque da Pedra Branca, na Zona Oeste da cidade, que é considerada a maior floresta urbana do mundo com 12,5 mil hectares, o equivalente a 17 campos de futebol. Além dessa, o Rio também tem a Floresta da Tijuca que soma mais 4,2 mil hectares a essa imensidão verde.
Por este motivo, o que não faltam são bons destinos de passeios para desbravar a natureza quase intocada da capital. O engenheiro ambiental Edil Bessa, de 31 anos, se aventurou pela primeira vez a conhecer a Trilha Ecológica do Vidigal (Av. Pres. João Goulart, 857), na Zona Sul, que fica no topo da comunidade.
O caminho leva a dois mirantes importantes: no primeiro, que está a 30 minutos de caminhada, é possível avistar a comunidade da Rocinha e a praia de São Conrado. Já o segundo é possível avistar, ao final de 1 hora de caminhada com trechos relativamente difíceis, as praias do Leblon, Ipanema, Arpoardor, parte de Copacabana e Leme e a Lagoa Rodrigo de Freitas. Além disso, também dá para ver o Corcovado e até o Cristo Redentor.
"Desde o começo da trilha, você pode ter uma experiência incrível dentro da cidade do Rio. Primeiro conhece a vida e a rotina de uma comunidade, em seguida tem contato com uma natureza muito bem cuidada pelos moradores, além de vistas incríveis de vários ângulos da cidade, que podem ser apreciadas por qualquer pessoa", detalha.
Teoricamente, a entrada nesta trilha é gratuita, mas os moradores da comunidade, que cuidam da limpeza e da sinalização do caminho, pedem uma contribuição de R$ 5 por pessoa, dinheiro este que é revertido para a manutenção do local. Edil informa que o grau de dificuldade para a caminhada é médio para aqueles que já têm experiência com trilhas.
"Apesar de ser um trecho de subida interminável, a trilha em si não é tão longa. Como já estou acostumado a fazer caminhos difíceis, acredito que tenha um nível moderado, porém uma pessoa com menos experiência terá um pouco de dificuldade. O processo se torna mais complicado porque tem muita subida", diz.
A Praia do Telégrafo (Estrada da Barra de Guaratiba) ficou famosa pelo número alto de turistas que vão até ali para fazer fotos que, a depender do ângulo, parece que a pessoa está à beira de um precipício ou pendurada na ponta da pedra. Na verdade, na parte de baixo há um platô onde é possível ficar de pé.
Para chegar a este local é preciso percorrer 1h10 de um caminho moderado, em uma distância de 2,3 km. Do alto, é possível ter uma das vistas mais incríveis de Zona Oeste da cidade.
Outro ponto muito conhecido entre os trilheiros urbanos do Rio de Janeiro é o caminho que leva à Pedra Bonita, que fica no bairro de São Conrado. Para subir, é preciso adentar a Estrada das Canoas, onde existem placas indicativas para quem quer estacionar o carro e que informam onde começa o percurso. Ao final, o turista estará bem próximo da rampa de voo livre, que é bastante conhecida na região.
A analista de marketing Marcela Arribet, de 32 anos, já enfrentou os 40 minutos de caminhada em 1,15 km de extensão da trilha. Mesmo com pouca experiência, ela acredita que a dificuldade da trilha seja fácil e esta é uma chance única de conhecer um lugar bonito sem gastar ou fazer grande esforço físico. "Estar lá em cima é estar mais pertinho de Deus. Não tem foto que transmita a sensação de estar diante de tudo aquilo", avisa.
Sobre a escolha desta trilha, ela conta que nunca tinha visto nem mesmo uma foto do local, então foi sem ter a noção de como era. Quando chegou ao topo, tomou um susto por tamanha beleza e destaca que esta com certeza foi uma das vistas mais lindas que já viu.
"A vontade é de sentar naquela pedra e nunca mais sair daquele momento. É só subir! Para quem vai de ônibus ou carro de aplicativo, tem de enfrentar uma subida grande até o início da trilha, mas como eu estava de carro, pulei essa parte. Dizem que cansa mais chegar até a trilha do que fazê-la", indica. "Foi uma surpresa me deparar com tudo aquilo, com aquela imensidão porque é uma trilha fácil, sem grandes dificuldades e a gente deduz que as trilhas mais difíceis são as que levam para os melhores picos", acredita.
Trilhas fáceis
Nem sempre os caminhos complicados levam para as paisagens mais bonitas e o Mirante do Caeté é prova disso. O local está na área de proteção ambiental da Prainha, o destino de muitos surfistas da cidade. A trilha é considerada leve, de fácil acesso e em 800 m de caminhada é possível chegar a uma região com vegetação de restinga e costões rochosos, muito bem preservados.
O acesso à trilha fica no Parque Municipal Ecológico da Prainha, na Zona Oeste. Ele está bem em frente à praia e funciona todos os dias das 8h às 17h. É preciso tomar cuidado para voltar da caminhada antes que o local feche.
O Morro do Pão de Açúcar é um dos cartões postais mais importantes do mundo e, para subir até seu topo, os turistas comumente se dirigem ao famoso bondinho, mas há uma alternativa para os aventureiros. A trilha de 1,5 km que também dá acesso ao cume do morro é considerada leve e pode ser feita por uma pessoa inexperiente.
O caminho começa na pista de caminhada Cláudio Coutinho, localizada no canto esquerdo da Praia Vermelha (Av. Princesa Isabel, 427). Aqueles que se preocupam com mais segurança em uma cidade como o Rio, esta é a melhor opção de trilha porque está localizada dentro de uma área militar na Zona Sul.
Onde se hospedar?
Escolher qual o roteiro de trilhas que quer conhecer e optar por um hotel que esteja próximo a este local é uma ótima forma de economizar na hospedagem*. Para quem pretende se aventurar nas trilhas da Zona Oeste, por exemplo, o Hotel Guaratibali Residence, à beira-mar, oferece uma diária para duas pessoas pelo valor de R$ 290. Já o Floresta Tropical está mais distante da praia, localizado junto à mata, sai por R$ 350 a diária para uma dupla de hóspedes.
Para conhecer os caminhos e paisagens da Zona Sul, estar no bairro de Copacabana traz uma facilidade maior por ficar entre as três trilhas citadas acima. O Rio Deal Guest House, que está a 450 m da praia, tem diárias de R$ 165 para duas pessoas. Por outro lado, o CopaLoft, que está a 650 m da praia, tem um apartamento standard por R$ 254 a diária para duas pessoas.
Aqueles que preferem investir um pouco melhor nas hospedagens para garantir conforto e segurança podem reservar uma diária no Hotel Windsor Califórnia**, que fica de frente para a praia de Copacabana, com diárias a partir de R$ 558 para duas pessoas em apartamento standard. Em janeiro, na alta temporada, o valor fica a partir de R$ 605 para duas pessoas.
O Windsor está a 8,7 km do início da Trilha do Morro Dois Irmãos; 4,6 km de distância da Trilha do Morro da Urca e a 14 km da Estrada da Canoa, onde está a Trilha da Pedra Bonita. O hotel também está acessível a pé para as praias do Arpoador e Ipanema.
*Preços calculados no dia 9 de junho de 2022 para o fim de semana de 2 e 3 de julho do mesmo ano.
**O iG Turismo foi convidado para se hospedar por um fim de semana para realizar estar reportagem sobre as trilhas urbanas.