A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) divulgou no mês passado que o preço médio das passagens aéreas em 2022 registrou o maior valor da série histórica, que é medida desde 2011. Agora, em 2023, os valores seguem em patamares mais altos que no ano passado. Em janeiro deste ano teve o maior valor mensal médio desde 2012 (R$ 591,66) e no mês seguinte, fevereiro, a média foi de R$ 572,12, valor que só perde para os dados de 2012 e 2014.
Diante deste cenário, a especialista em finanças pessoais Aline Soaper afirma que a pesquisa de preços, a criação de alertas em sites de passagens e o planejamento são essenciais para quem busca economizar na hora da sonhada viagem.
"O preço das passagens só deve cair se houver uma queda na cotação do dólar ou do combustível. Isso porque esses são os dois dos principais gastos das companhias aéreas", justificou a especialista.
"A saída para o consumidor, em primeiro lugar, é a pesquisa de preços. Além disso, colocar aqueles alertas nos sites de passagens aéreas, para receber uma notificação quando a passagem do trecho desejado estiver em promoção, também é outra alternativa", orienta Aline que acrescenta: "O planejamento é fundamental".
"Não dá pra decidir de última hora porque, com certeza, não haverá preços atrativos. Recorrer às milhas das companhias aéreas e aos pontos no cartão de crédito, para converter em passagens ou descontos, também é válido."
Quem entende de milhas é o educador financeiro especializado no assunto, Rodrigo Góes. Ele já acumulou mais de 90 milhões em milhas e visitou mais de 40 países com apenas 36 anos. O especialista afirma que o segredo é ter um cartão de crédito que pontue e organização financeira para aderir aos benefícios desse universo dos pontos.
Para o educador, as promoções por meio de pontuações em programas de fidelidade ainda se mostram as mais vantajosas, para aqueles que desejam voar de forma gratuita ou pagando pouco. E se engana quem pensa que essa estratégia não funciona para todas as faixas de renda.
"Com a inflação, tudo tem alteração de preço. Até o salário mínimo não é o mesmo", declara Rodrigo. "Infelizmente está tudo mais caro: a gasolina, a mão de obra, o consumo, entre outros. Com as milhas não é diferente. Elas também sofreram impacto da inflação, como qualquer outro produto. Hoje não dá para comprar as mesmas coisas que você comprava com R$ 1 mil há cinco anos". Ainda assim, segundo Góes, é possível aproveitar o acúmulo de milhas para conseguir bons descontos.
Dois terços dos brasileiros planejam gastar mais dinheiro com viagens em 2023
Uma pesquisa da Booking.com sobre hábitos e preferências de viagens, realizada com mais de 42 mil entrevistados em 33 países, revelou que um dos principais receios dos viajantes brasileiros sobre as férias está relacionado ao orçamento. A pesquisa foi feita on-line e ocorreu entre janeiro e fevereiro deste ano.
Os dados mostram que um em cada cinco (19%) se preocupa em precisar gastar mais do que havia planejado. No Brasil, 11% dos respondentes declararam que pretendem gastar menos em suas férias este ano e relataram em quais elementos da viagem têm a intenção de investir um valor menor em 2023:
- 43% pretendem se hospedar em locais mais econômicos;
- 39% vão optar por destinos mais baratos;
- 38% farão viagens mais curtas;
- 34% diminuirão os gastos durante o período da viagem;
- 31% pretendem tirar férias na baixa temporada ou planejar uma viagem de acordo com descontos ou promoções.
Apesar das preocupações e de um cenário econômico globalmente instável, dois terços (65%) dos viajantes brasileiros planejam gastar mais dinheiro com viagens em 2023, o que significa 19 pontos percentuais acima da média global.
De acordo com Nelson Benavides, gerente regional da Booking.com no Brasil, “alguns vizinhos latino-americanos estão bem alinhados com os brasileiros nesse quesito, como os argentinos (69%) , mexicanos (65%) e colombianos (62%) . Isso mostra que os turistas da América Latina querem compensar o tempo em que não puderam viajar nos últimos anos, devido à pandemia, e estão dispostos a gastar mais para isso em 2023”.
O educador financeiro especialista em milhas Rodrigo Góes completa com dicas para economizar e viajar com milhas ou pontos do cartão de crédito:
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Planeje sua viagem:
O ideal é fazer um planejamento de três a seis meses (nacional), e seis a 12 meses (internacional) antes da viagem, para aproveitar as boas ofertas do mercado.
"Use sempre um buscador para achar o preço mais interessante, como Sky Scanner, Kayak e Google Flights. Às vezes, uma combinação das informações dessas plataformas traz boas compras.”
Pague barato em suas passagens aéreas:
"Procure as companhias que têm parcerias com as aéreas internacionais e preços tabelados. Você pode usar suas milhas para viajar na companhia parceira por um valor fixo bastante atraente", diz o especialista, que exemplifica na sequência.
"A American Airlines tem parceria com a Gol. Qualquer passagem deles para viajar dentro do Brasil é 8.500 milhas. E, lá fora, tem passagens aéreas por 30 mil, 40 mil milhas viajando de classe executiva", diz Góes. "É uma excelente estratégia para viajar barato e com conforto. É bom ficar de olho nessas alianças e parcerias".
Cartão de crédito como aliado:
É comum o pensamento de que o cartão de crédito faz a pessoa gastar mais dinheiro, mas quem tem planejamento em milhas não pensa assim, segundo o educador.
"Se você conseguir escolher um bom cartão de crédito e pagar suas contas do dia a dia com ele, vai acumular mais pontos e pode transferir para milhas nas janelas de oportunidades que o mercado oferece o tempo todo. Então você consegue acumular um volume expressivo de milhas e adquirir sua passagem aérea gastando muito pouco ou nada”, finaliza Rodrigo.
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