Em processo de recuperação judicial há cinco anos, a retomada do Hopi Hari ganha um novo capítulo nesta quarta-feira (2), quando acontece a assembleia geral de credores. A expectativa é que seja aprovado um acordo de 500 mil dólares (cerca de R$ 2,8 bilhões na cotação atual) com um banco de investimentos americano.
O parque de diversões chega na reunião, no entanto com novo fôlego. Investimentos agressivos da atual diretoria e um preciso plano de gestão tornaram o local atrativo, com público acima do esperado, e saudável financeiramente, com ganhos além do previsto.
Com a aprovação do acordo na assembleia, o Hopi Hari pretende ampliar ainda mais o projeto de revitalização e manutenção das atrações , além de expandir os brinquedos disponíveis e o desenvolvimento imobiliário dos terrenos.
Um dos maiores parques temáticos do Brasil, o local tinha uma dívida de R$ 500 milhões. Se a cifra alta assustaria investidores, os resultados atuais impressionam ainda mais. No último ano, mesmo com a pandemia, o parque faturou R$ 98 milhões, sendo R$ 12 milhões de lucro e R$ 32 milhões de EBITDA — indicador financeiro que mostra a quantidade de recursos de uma empresa em suas atividades principais, sem considerar rendimentos ou isenções fiscais.
Em 2021, o Hopi Hari recebeu cerca de 733 mil visitantes no total, o que representa 4,9 mil pessoas por dia. Os números foram alcançados em apenas oito meses de atuação, período em que o local esteve aberto ao público em razão das restrições da pandemia. Os resultados acima da média tornaram o parque como um dos mais rentáveis e bem geridos do país, além de reforçar o turismo nacional, atingido em cheio pela pandemia.
Futuro promissor
Com base nos bons resultados gerados no último ano, Alexandre Rodrigues, presidente do Hopi Hari, estima que o parque gere uma receita de até R$ 160 milhões em 2022 e receba em torno de 1 milhão de pessoas.
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A empresa chegou aos números sem fazer demissões, mesmo durante os 15 meses em que o parque estava fechado para o público por conta da pandemia. O estabelecimento é o maior empregador da região de Vinhedo, onde está instalado. Hoje, cerca de 800 funcionários trabalham no Hopi Hari. Todos eles têm registros regulares, banco de horas, direito a férias e recebem os pagamentos em dia. No fim da gestão anterior, o quadro era de 350 colaboradores. Ao todo, são cerca de 5.000 empregos diretos e indiretos gerados em razão da operação do empreendimento de lazer.
O parque afirma ainda que o pagamento das dívidas trabalhistas do parque foi antecipado. "A atual gestão regularizou pagamento de tributos, fornecedores e prestadores pós Recuperação Judicial, além de advogados e administradores judiciais e do seguro do Parque, ativo desde 25 de setembro", diz a empresa em nota.
Investimento em segurança
O Hopi Hari é o parque que tem maior investimento em segurança no Brasil. A empresa possui o certificado de segurança internacional pelo grupo norueguês TÜV NORD, uma das maiores organizações de inspeções, certificações e testes de parques de diversão do mundo. O protocolo de segurança inclui inspeções em etapas diárias, semanais e mensais.
Entre outros reparos feitos no último ano nas áreas e atrações do Hopi Hari estão o melhor processamento da fila; reparo no sistema de climatização; melhorias na Tirolesa, no Rio Bravo, restaurantes e lojas; melhorias no espaço de aniversários, o Hopi Niver e a inclusão de novos produtos nas lojas para melhorar o faturamento.
Diretoria assegurada
Recentemente, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou que a atual diretoria do Hopi Hari não pode ser afastada das atividades do parque , após credores solicitarem a substituição da atual administração. De acordo com a determinação, os credores não podem fazer decisões relacionadas ao afastamento dos gestores e intervenções judiciais só podem ser feitas em caráter excepcional.
A corte também optou por afastar a possibilidade de análise de ofertas de empresas concorrentes, que foram apresentadas em novembro por Wet’n Wild, Beto Carrero e Play Center para fazer a quitação da dívida aos credores que colocou o Hopi Hari em Recuperação Judicial.
“Ao apreciar liminarmente o Recurso do Parque Temático, o Tribunal de Justiça acolheu o argumento no sentido da ilegalidade da sujeição coativa do devedor em Recuperação Judicial à proposta alternativa apresentada por terceiros”, salientou o advogado do parque, Felipe Genari, na época da determinação.