Nas proximidades de Antigua, uma charmosa cidade colonial da Guatemala, está localizado um vulcão, que se tornou um ponto turístico, chamado Pacaya. É comum que quem visite a cidade realize um tour de um dia para subi-lo. 

Igor Galli conta como foi a experiência de chegar ao topo do vulcão Pacaya
Arquivo pessoal
Igor Galli conta como foi a experiência de chegar ao topo do vulcão Pacaya


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A viagem aconteceu em fevereiro de 2013, passei dois dias aproveitando as muitas atrações da cidade que fica ao sul da Guatemala. Depois de conhecer bem o local resolvi que era hora de escalar o vulcão Pacaya.

Percurso

A caminhada é considerada fácil, pois o Pacaya possui apenas 2.550 metros de altitude – o que não é considerado muito se comparado com outros vulcões. Todo o tour leva cerca de seis horas, isso contando duas horas para ir até o local e regressar a cidade.

Saí às 10 da manhã com um grupo de 10 pessoas. Os turistas que escalaram comigo eram jovens europeus e uma mulher alemã na faixa dos 60 anos. Havia a opção de subir a cavalo e a única pessoa que aceitou essa regalia foi a alemã.

Marshmallow é atração

Quando estávamos quase chegando ao topo, paramos para um dos atrativos do local que é comer marshmallow . Os doces eram colocados em buracos que tinham nas rochas e saiam quentes. Foi uma experiência simples e fantástica!

Uma das atrações para quem sobe o vulcão é comer marshmallow
Arquivo pessoal
Uma das atrações para quem sobe o vulcão é comer marshmallow


Morte vista de perto

Enquanto eu e o grupo comíamos, a alemã estava chegando ao local. Ela vinha mais devagar, pois não estava se sentindo bem. Ao se aproximar, disse que estava passando mal e, de repente, ela desceu do cavalo, começou a caminhar meio torto e desabou no chão. Foi uma morte instantânea . Ninguém esperava por isso.

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Todos do grupo começaram a chorar e a se desesperar, mas nada poderia ser feito. O tempo de reanimar havia passado e já não se sentia mais os batimentos cardíacos dela. Estava anoitecendo e ainda estávamos no topo do vulcão. Alguma decisão precisava ser tomada, mas até os guias estavam em estado de choque.

Foi então que tive que ser mais racional e comecei a liderar a situação. Disse em alta voz para todo grupo que estava em círculo em volta do corpo: “Gente, não podemos ficar mais aqui lamentando. Temos que descer agora. Está ficando tarde”. Depois falei para um dos guias chamar os bombeiros para retirar o corpo daquele lugar.

Vista do vulcão Pacaya
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Vista do vulcão Pacaya


Pedi para o outro guia levar todo o restante do grupo para baixo. Por último, perguntei se alguém conhecia a mulher e um homem da Holanda disse que ela estava no mesmo hotel que ele. Peguei os pertences dela, entreguei para o holandês e falei para ele entrar em contato com a família.

À noite, quando estava tudo resolvido, eu me espantei com a frieza que lidei com essa situação. Creio que o instinto de sobrevivência falou mais alto.

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O vulcão Pacaya marcou muito minha vida. Foi a primeira vez que viu uma pessoa morrer bem na minha frente. Tirando esse contratempo, a viagem foi maravilhosa e indico tanto o destino quanto o passeio.

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Igor Galli já conheceu mais de 150 países e é colunista do iG Turismo

*Igor Galli é um Viajante Pesquisador e Escritor do livro “As Melhores Atrações Culturais do Mundo”. Está há 14 anos viajando e conhece 153 países e 588 estados e regiões do nosso planeta. Possui o recorde do brasileiro e latino-americano mais viajado do mundo, está entre o top 100° no ranking mundial e na classificação da sua idade, é a pessoa mais viajada do mundo. Toda semana o viajante estará aqui no iG Turismo para compartilhar histórias e aventuras.
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