Desde o início do conflito na Faixa de Gaza, o turismo no eixo Israel–Palestina–Jordânia registrou uma queda significativa . Agências de viagem e operadores do setor relatam que muitos turistas têm adiado ou cancelado roteiros por questões de segurança , refletindo uma mudança de comportamento mesmo entre viajantes experientes.
Segundo Paula Ribeiro Piatra, geógrafa, guia internacional e especialista em Oriente Médio, com mais de duas décadas de atuação no turismo, os impactos têm sido claros:
“Registramos uma redução de aproximadamente 60% na procura por viagens a Israel. Alguns pacotes foram cancelados definitivamente. Destinos como Egito e Jordânia, que costumavam ser vendidos rapidamente, ficaram fora da prateleira por um bom tempo. Ainda não retomamos operações para a Jordânia.”
Alternativas seguras no Oriente Médio
Muro das Lamentações em Jerusalém
Apesar da retração nos destinos mais diretamente afetados pelo conflito, o interesse pelo Oriente Médio não desapareceu . Países culturalmente próximos, mas politicamente estáveis, têm atraído turistas em busca de experiências semelhantes, mas com maior sensação de segurança. Marrocos, Turquia, Qatar e Emirados Árabes são atualmente os principais beneficiados .
“Os viajantes continuam interessados na riqueza cultural da região, mas buscam segurança acima de tudo”, afirma Piatra.
Operadoras têm respondido a essa demanda oferecendo roteiros adaptados, muitas vezes com experiências focadas em turismo histórico, gastronômico e vivências locais, sem envolver regiões em alerta.
Flexibilidade e orientação: prioridades do setor
As agências de viagem enfatizam transparência e prudência em suas comunicações. Pacotes para áreas em risco são frequentemente replanejados ou transferidos para datas futuras, e as empresas mantêm contato constante com os clientes para atualizações de segurança.
“Trabalhamos em parceria com operadoras e companhias aéreas que oferecem flexibilidade nas remarcações. Mantemos os viajantes informados sobre comunicados oficiais do Itamaraty e órgãos locais de turismo, para que possam tomar decisões conscientes”, explica Piatra.
O setor também se adaptou no aspecto financeiro: enquanto destinos afetados apresentaram quedas na procura e promoções pontuais, os destinos alternativos registraram aumento de preços, reflexo da maior demanda e do ajuste sazonal de pacotes. A prioridade das operadoras é oferecer soluções empáticas, evitando cancelamentos definitivos e incentivando remarcações sem penalidade.
Histórico de resiliência do turismo no Oriente Médio
Apesar das turbulências recentes, o turismo no Oriente Médio possui histórico de recuperação rápida após períodos de conflito. A região atrai visitantes pela riqueza histórica, espiritual e cultural, e especialistas acreditam que a retomada será gradual, acompanhando a estabilização política e emocional do território.
“A médio prazo, vejo uma retomada positiva, com foco em experiências culturais mais conscientes e responsáveis. Isso envolve valorizar o contato humano e a compreensão entre os povos, promovendo uma vivência mais enriquecedora e segura”, afirma Piatra.
Turismo para o Oriente Médio registra queda e ajustes nos pacotes após conflito
O turismo para países do Oriente Médio sofreu um baque imediato após o ataque registrado em 7 de outubro de 2023, em Israel. Segundo Carol Caro, fundadora da Excursyn, agência especializada em viagens para destinos exóticos, a reação foi instantânea:
“No mesmo dia, todas as reservas e grupos foram suspensos ou cancelados. Houve uma paralisação total do mercado para países como Egito, Israel, Jordânia e Marrocos. A insegurança gerada pelo cenário internacional afetou diretamente a decisão dos viajantes.”
A especialista destaca que, embora exista busca por alternativas, não há destinos que substituam completamente a experiência oferecida pelo Oriente Médio .
“Quem viaja para a região é motivado por propósito, fé e cultura. Esses elementos tornam difícil substituir os roteiros por outros lugares”, explica.
Para clientes com viagens já marcadas, a agência adotou medidas imediatas de segurança e transparência. Todas as viagens foram canceladas com reembolso integral, e os passageiros têm recebido atualizações constantes sobre o contexto geopolítico e opções de remarcação, assim que o cenário se estabilizar.
Em relação aos preços, a agência já observa mudanças pontuais. Israel registrou aumento médio de 15% nos pacotes para 2026, refletindo a elevação dos custos locais, enquanto Egito e Jordânia mantiveram valores estáveis.
“As operadoras estão segurando reajustes até que a demanda volte a crescer”, afirma Carol Caro.
Quanto à recuperação do setor, há sinais de reativação gradual. A expectativa da Excursyn é de que a procura alcance cerca de 50% do volume pré-conflito nos próximos seis meses, com perspectiva de crescimento consistente nos anos seguintes, caso a estabilidade política se mantenha.
Quanto custa viajar agora?
O impacto do conflito também se reflete nos preços. Enquanto pacotes para destinos diretamente afetados podem ter promoções limitadas, a oferta para países alternativos tende a ser mais cara. A alta demanda, combinada com a sazonalidade, tem impulsionado o valor dos pacotes para Turquia, Marrocos, Qatar e Emirados Árabes, que oferecem experiências culturais completas e roteiros adaptados para turistas que buscam segurança e conforto.
Os preços dos pacotes turísticos para o Oriente Médio variam conforme o destino, a duração da viagem e o nível de conforto. Para destinos como Turquia e Marrocos, pacotes de 7 a 10 dias podem custar entre R$ 3.000 e R$ 6.000, dependendo da inclusão de passeios, refeições e hospedagem.
Já para destinos como Qatar e Emirados Árabes, os valores tendem a ser mais elevados, com pacotes a partir de R$ 5.000, refletindo o alto padrão de serviços e experiências exclusivas oferecidas. É recomendável consultar diretamente as agências para obter informações atualizadas e personalizadas.
Dicas para quem quer conhecer o Oriente Médio com segurança
Planeje com antecedência
: antecipe compras de pacotes e verifique a política de remarcação da agência.
Escolha destinos estáveis
: países próximos ao conflito podem oferecer experiências similares com menor risco.
Acompanhe avisos oficiais
: Itamaraty e órgãos de turismo locais fornecem informações atualizadas sobre segurança.
Considere seguro de viagem completo
: incluindo cobertura médica e cancelamento.
Opte por pacotes flexíveis
: muitas operadoras oferecem mudanças de datas sem custos adicionais.
O cenário atual reforça que, mesmo em regiões de conflito, o interesse pelo Oriente Médio permanece vivo, mas o turismo passou a valorizar segurança e consciência cultural. A adaptação das agências, a busca por destinos alternativos e a flexibilidade nas remarcações mostram que o setor está preparado para enfrentar os desafios e atender às expectativas de viajantes exigentes.
Para Paula Piatra, a retomada do turismo será marcada por experiências mais profundas e responsáveis, destacando a importância do intercâmbio cultural e da valorização do contato humano em cada viagem.