Neste domingo (20), milhares de pessoas prestarão homenagens à orixá Iemanjá é uma das divindades mais cultuadas no Brasil, inspirando fé e devoção em diversas religiões de matriz africana. Com sua forte presença cultural, suas representações ganham diferentes formas, cores e estilos.
E uma das formas de demonstrar apreço por Iemanjá é pelas imagens que a representam. Na internet, a comercialização dessas peças cresce a cada ano, trazendo desde figuras tradicionais até versões estilizadas.
Os valores das imagens variam com o tamanho e o nível de detalhes, podendo ir de R$ 10,00 a R$ 1.000,00.
As representações de Iemanjá na internet
Filha de Olokun, Iemanjá tem sido cada vez mais representada em versões negras e híbridas, com metade do corpo humano e metade peixe.
Mas será que as imagens vendidas online são fiéis a essa simbologia? Confira algumas das representações mais comercializadas na internet e como elas traduzem a essência de Iemanjá.
Fisicamente, Iemanjá é frequentemente retratada como uma mulher de aparência serena e maternal. Sua pele pode variar de tom conforme a tradição e o artista que a representa, indo de tons claros a escuros, refletindo a diversidade da diáspora africana.
Seus cabelos são longos, volumosos e ondulados, geralmente soltos, lembrando o movimento das ondas do mar. Seus olhos costumam ser expressivos e suaves, transmitindo proteção e acolhimento. Suas feições podem ser delicadas ou mais marcantes, dependendo da interpretação artística, mas sempre carregam um ar de imponência e nobreza.
Seu corpo costuma ser esbelto e alongado, com uma postura elegante. Algumas representações a mostram com uma cauda de sereia, destacando sua conexão com o mar, enquanto outras a retratam com um vestido esvoaçante em tons de azul e branco, reforçando sua imagem de orixá das águas.
Imagem de mãe
Em entrevista ao Portal IG neste sábado (01), Paulo Cesar, morador de Salvador, cabeleireiro e filho de Iemanjá explicou que a orixá costuma ser representada como uma entidade feminina, mãe, provedora e acolhedora.
"A mãe que acolhe, a mãe que acalenta, a mãe que cuida, a mãe que cria, porque isso é ser mãe", afirma. No entanto, ressalta que a imagem de Iemanjá nem sempre condiz com suas origens.
" A reconstrução civilizatória é toda baseada no catolicismo. Quando essa construção ocorre, tudo vira branco, tudo tem olhos azuis. Mas Iemanjá é de cultura africana. Iemanjá é negra. Ela veio nos porões dos navios negreiros que escravizaram seres humanos. Sua formação vem desse contexto, então Iemanjá é negra" , enfatiza.
Segundo ele, o símbolo da orixá sempre será o reflexo do mar sob o sol, a lua e o céu. "Por que ela carrega um espelho? Não é por vaidade. É porque as águas refletem o céu, o sol, a lua, as estrelas. Mas quando olhamos para as imagens, vemos uma mulher branca, de cabelos pretos, uma estrela-do-mar na cabeça, cheia de pérolas, com um espelho na mão. Isso é uma criação da construção social, mas Iemanjá mesmo não é nada disso" , pontua.
“Nós, devotos de orixá, eu como filho iniciado para esse orixá, tenho consciência de que minha religião é africana. A origem dela veio da África, portanto, Iemanjá tem que ser preta. Nós não usamos imagens, mas sim elementos que representam o orixá."
"Iemanjá é representada por conchas, estrelas-do-mar, ouriços, búzios, tudo que remete ao oceano, à profundidade e à resistência. Esses são os símbolos que usamos para representá-la. Por isso, as pessoas deveriam respeitar o mar, a morada desse orixá, e não transformá-lo em um lixão a céu aberto" , reforça.
Tradição e preservação ambiental
Na sexta-feira (31), foi feito um mutirão de limpeza na Praia do Rio Vermelho, onde acontece a tradicional Festa de Yemanjá. A intenção foi mostrar a importância da conscientização ambiental e de práticas sustentáveis, tendo sido retirados 180 kg de resíduos, sendo 36 kg recicláveis.
A engenheira ambiental e sanitarista Rosemary Mascarenhas, coordenadora de Educação Comunitária da Limpurb, de Salvador, deu algumas dicas para uma oferta de presentes mais ecológicos na festa deste domingo.
“Pedimos à população que opte por presentes sustentáveis, como flores 100% naturais em vez de artificiais, velas de cera vegetal no lugar das de parafina e pentes e utensílios de madeira, evitando os de plástico. Os recipientes podem ser feitos de folha de bananeira, e o ideal é evitar frascos de vidro de perfumes, optando por perfumar as flores e o balaio apenas com o líquido, para evitar o descarte de vidro nos oceanos” , orienta.