O clima semiárido, a vegetação rasteira e as misteriosas formações rochosas do Cariri Paraibano foram as paisagens escolhidas para ambientar as novelas da TV Globo “ Mar do Sertão”, de 2022 , e “No Rancho Fundo” , que está no ar no horário das 18h. Mas não é à toa: a região soma belezas naturais e é um ótimo exemplo quando o assunto é o bioma da Caatinga .
O Cariri Paraibano engloba 29 cidades, sendo as mais populares Sumé, Monteiro, Taperoá, Serra Branca e Cabaceiras. Ao todo, a região soma cerca de 160 mil habitantes e mais de 2 mil quilômetros quadrados de extensão para explorar.
A região conquistou diversos famosos, como os atores Sérgio Guizé e Isadora Cruz, que aproveitaram as gravações de “Mar do Sertão” para contemplar a região”, e os atores Gabriel Leone e Alice Wegmann, que fizeram passeio de moto durante as gravações de “Onde nascem os fortes”, série da TV Globo.
O turismólogo e proprietário da Cariri Ecotours, Filipe Cortês de Lima, explica que o Cariri Paraibano consegue ser um ótimo passeio para diferentes tipos de grupos: “turistas que procuram viagens contemplativas, viagens de aventura, para quem quer somente relaxar, turismo geológico, com as pinturas rupestres, fora a parte cultural que é bem forte”.
Por sua grande variedade de passeios, a região consegue ser perfeita para ser visitada durante o ano inteiro. Ela entrega a beleza da Caatinga durante o verão. Já na época de chuva, a paisagem muda para uma vegetação mais nutrida e verde, além de aumentar a incidência de animais da fauna local. Filipe explica, no entanto, que a época de maior temporada é durante junho, nas comemorações de São João.
Passeios imperdíveis
Uma boa viagem é feita de bons passeios, e no Cariri Paraibano isso é garantido. Um dos lugares mais procurados é o município de Cabaceiras, localizado a cerca de 300 metros acima do nível do mar, sendo a região mais baixa do Planalto da Borborema. Lá, é possível apreciar as paisagens da Caatinga, com a farta presença de cactos, arbustos, xique xique, coroa-de-frades, umbuzeiro e jurema, por exemplo.
A cidade de Cabaceiras é conhecida também como “Roliúde Nordestina”, por ser palco de mais de 25 produções nacionais, incluindo o famoso filme baseado na obra de Ariano Suassuna, “ O Auto da Compadecida ”.
Na região, Filipe afirma que pode-se aproveitar um ótimo pôr do Sol no Lajedo de Pai Mateus, além de apreciar as rochas precisamente empilhadas em Saca de Lã.
O Lajedo de Pai Mateus, situado em um parque junto ao Hotel-fazenda Pai Mateus, recebeu destaque quando um médico adquiriu a propriedade em 1979 e iniciou atividades agropecuárias. Em 1997, influenciado pela visita do geólogo Eduardo Bagnoli, o médico pioneiramente investiu em entretenimento local, desenvolvendo o hotel para suportar o turismo na área. Entre outubro e maio, o local serve de cenário para uma série televisiva, reservando suas instalações para equipe e elenco.
Na região, a presença de sítios arqueológicos é comum, destacando-se gravuras e pinturas rupestres, além de descobertas de fósseis de animais da megafauna em seis municípios.
Opções de visitas não faltam. Entretanto, Filipe é categórico em dizer que tudo depende de quantos dias você passará na região.
Tempo para aproveitar as cidades
O turismólogo recomenda que passe ao menos quatro dias para conhecer o básico da região: “um dia para chegar, o último dia para sair, e dois dias visitando a região. Assim, eu estou focando mais naquela região de Cabaceiras, que é a região que a gente mais visita”, diz o guia que faz o trajeto desde o início dos anos 2000.
E diversão não falta, independente do horário. Durante o dia, é possível aproveitar a região para cavalgar, andar de bicicleta e os passeios pelos diversos pontos turísticos. Já à noite, aproveitar a vida noturna da cidade, além de ter área de contemplação das estrelas e rodas em frente à fogueira — principalmente na época de São João.
Filipe explica que, como se trata de uma região localizada no semiárido nordestino, o clima costuma sempre ser quente. No período da manhã e tarde, com temperaturas mais altas, e à noite um pouco mais fresco, mas nada que se compare com as temperaturas vistas nas regiões mais ao sul do país. “Aqui no Nordeste, a gente só tem duas estações do ano: ou é quente, ou é muito quente”, brinca o guia.
Como dica, ele pede que as pessoas levem sempre roupas leves para caminhada, tênis e um corta-vento para quem não está acostumado com a noite mais fresca da região.
Sobre hospedagem, Filipe afirma que depende do tipo de hotel que o viajante quer ficar e da época em que ele vai para a região. A diária fica entre R$ 250 a R$ 700 reais por pessoa. Entretanto, na época de São João, os valores aumentam.
“As dicas que eu dou para quem vai visitar o Cariri é fazer uma pesquisa antes e conhecer a região pela internet. Não espere muito luxo, mas, sim: vai ter conforto. A gastronomia é boa. O pessoal é muito legal. Esqueça o estresse da cidade e venha com o coração aberto para ter novas experiências”, afirma o guia.
A região, por ter pontos turísticos afastados, requer que os visitantes tenham algum tipo de transporte. Filipe afirma que o transporte público da região não supre as necessidades durante a viagem, sendo o mais ideal se a pessoa tiver um carro próprio, alugar um carro ou ir a uma agência de viagem para garantir o translado.
Gastronomia
Falar do Cariri Paraibano e não falar da gastronomia é um erro monumental. A região possui uma rica culinária que deve ser apreciada por todos que a visitam. Filipe garante que os visitantes vão comer muito queijo coalho, manteiga e coalhada, mas que a especiaria é o bode no buraco.
“É um prato especial, como os indígenas faziam, em que fazia um buraco no chão, colocava fogo é a brasa. Aí pegava uma panela de barro, misturava os legumes com pedaços de bode. Fechava e deixava ela lá por 12 horas”, afirmando que sai uma carne macia e saborosa. Devido à dificuldade de fazer a iguaria, no entanto, necessita de reservar para conseguir experimentar.
Em geral, quem vai ao Cariri Paraibano deve esperar comidas do sertão nordestino, com fortes temperos e uma grande variedade de alimentos.