Queridinho por muitos, independentemente do clima ou horário, o café é essencial para que o dia do brasileiro esteja completo. Neste domingo, 14 de abril, é celebrado o Dia Mundial do Café e no exterior, dentre os cafés mais notáveis, com sua qualidade sendo sempre muito exaltada, está o café da Turquia , mais especificamente da famosa cidade de Istambul.
Com uma variedade de atrações para os viajantes, a cidade turca se destaca por trazer experiências distintas e uma forte influência histórica, principalmente dos europeus e asiáticos.
Não é novidade que a vasta história de Istambul e suas paisagens exuberantes chamaram a atenção de famosos. O ator Caio Castro já se deliciou com a gastronomia local. Já a apresentadora Adriane Galisteu e a cantora Anitta foram mais afundo, mergulhando nos costumes e vestimentas tradicionais.
História profunda
Fundada em 667 a.C., a cidade é bastante conhecida por sua importância para a forma como a Europa se divide atualmente. Durante seus 2.690 anos, já foi chamada de Bizâncio e Constantinopla. No passado, chegou a ser a capital administrativa da Província de Istambul, na chamada Rumélia ou Trácia Oriental. Manteve o nome de Bizâncio até 330 d.C., e Constantinopla até 1453. Apenas em 28 de março de 1930, ela se torna oficialmente Istambul.
Essa influência histórica é refletida nas atrações turísticas, com muitos passeios voltados para museus, mesquitas e palácios. A guia turística e escritora do livro “Muito Mais Que uma Guia de Istambul”, Nathália Haas, explica um pouco como a situação histórica e geográfica do país resultou em um ambiente propício para turismo.
Com mais de 15 milhões de habitantes, lutando pelo título de cidade mais populosa da Europa, o destino possui uma dimensão geográfica enorme, tendo uma parte no continente europeu e outra parte no asiático.
“Istambul é uma cidade única, onde você pode tomar café da manhã na Europa e almoçar na Ásia . O Bósforo é um estreito natural com cerca de 31 km de extensão, liga o Mar Negro ao Mar de Mármara e divide a cidade de Istambul em duas partes: a Europeia e a Asiática”, explica Nathália.
Ela ressalta, entretanto, que não há diferenças burocráticas entre essas duas partes, sendo apenas uma grande cidade que une diferentes culturas. A guia turística certificada pelo Ministério da Cultura turco, Claudia Benbassat, explica um pouco do que esperar de cada lado da cidade.
“A Istambul asiática é muito mais moderna que a parte europeia simplesmente por que ela se desenvolveu depois da construção das pontes que unem Europa a Ásia, a primeira em 1973 para comemorar os 50 anos da República Turca e as demais em 1989 e 2021”, explica a especialista.
Pontos turísticos
Nathália faz uma lista dos pontos imperdíveis em ambos os lados. Para ela, no lado asiático, é imprescindível que os viajantes “caminhem à Beira Mar no Calçadão em Üsküdar e visitem a Torre de Leandro, além do Palácio de Beylerbeyi, da Mesquita de Camlıca e curtam restaurantes à noite em Kadiköy”.
No lado europeu, os passeios tendem a ser mais focados em visitação a locais históricos. Ela destaca: Palácio de Topkapı e Palácio de Dolmabahçe; Grande Bazar e Bazar de Especiarias; Cisternas Subterrâneas e Hipódromo; Mesquita Azul, Mesquita de Santa Sofia, Mesquita de Süleymaniye e Mesquita de Eyüp; passeio de barco pelo Estreito de Bósforo; caminhar na rua Istiklal Caddesi; e o Porto de Gálata.
A lista de museus que contam a história não apenas de Istambul, como do mundo, é vasta. Entretanto, aos que preferem passeios alternativos, Cláudia sugere “passear pela cidade, pois ela é vibrante, rica em história e impactante”, além de fazer passeios de “barco pelo estreito do Bosforo e pelo Chifre de Ouro”.
Istambul e o café
A cidade é especialista na produção de café. Há registros de pessoas tomando a bebida desde o Império Bizantino. “Sabemos que o café é mencionado na Etiópia no século 10 na forma de infusão de folhas desta planta”, explica Cláudia.
Ela continua: “A bebida chegou a Istambul em 1543, durante o período do Sultão Suleyman ‘O Magnífico’ trazida pelo governador otomano que servia no Yemen, e logo virou uma mania de consumo na corte. O funcionário que preparava o café era considerado de alta patente.”
O café teria chegado ao grande público em 1554, nas Kahvehane (casa de café). Nesses locais costumava-se jogar xadrez e gamão e, entre um gole e outro de café, as pessoas passavam o tempo.
O café turco acabou ganhando uma forma única de produção e consumo. Nathália explica que “o café turco é feito com um pó de café muito fino e servido de três maneiras: sem açúcar, com açúcar ou com muito açúcar”.
Segundo ela, “não se deve adoçar o café já pronto, assim ao fazer o pedido do café, a pergunta sobre quão doce você quer seu café lhe será feita. Adoçantes não são usuais na Turquia, é raro você conseguir beber um café adoçado com adoçantes artificiais.”
Da mesma maneira que o café acabou sendo muito incorporado à história de Istambul e nos costumes locais, ele se tornou parte do itinerário turístico. “As paradas nas docerias são quase obrigatórias, então não deixe de pedir um café turco para acompanhar”, alerta Nathália.
Leitura da borra do café turco
O valor mítico do café acabou ganhando força a partir do Império Otomano. Cláudia afirma que nessa época, “as mulheres do harém, como ocupação e passar o tempo, tomavam café e liam a borra do café como videntes.”
Este tipo de leitura é visto até os dias de hoje na cidade, além do jogo de cartas de tarô. “Os turcos são extremamente supersticiosos e há várias dessas casas na cidade, tipo bares”, diz a guia.
Nathália explica como funciona a leitura: “Depois de beber o café turco, existe um ritual de preparação para a leitura da borra. A pessoa que tomou o café coloca o pires sobre a xícara e faz um movimento giratório por três vezes. Segurando bem a xícara e o pires para não se sujar ou derramar, vira os dois de cabeça para baixo, aguarda então que a xícara esfrie e a borra forme figuras no seu interior. Tem-se o costume de colocar uma moeda sobre a xícara e dizem que traz bonança.”
Segundo ela: “Cada figura formada pela borra tem um significado. Peixe significa sorte grande como felicidade ou dinheiro, cachorro significa fidelidade, cobra significa traição, gato significa egocentrismo e assim por diante. Vários símbolos também são interpretados: anéis como casamento, crianças como nascimentos e pássaro como boas notícias. Note que as figuras não necessitam estar bem definidas, uma pitada de imaginação ajuda a desvendar o futuro e o passado.”
Dicas gerais
Ambas especialistas são categóricas em dizer que as melhores épocas para visitar Istambul são durante a primavera turca (entre abril e junho) e no outono (em setembro e outubro).
“Na Turquia geralmente chove durante a primavera, outono e inverno. São chuvas esporádicas, podendo haver chuvas com maior intensidade, mas nunca como as chuvas tropicais no Brasil”, conta Nathália.
Sobre o clima, ela explicam que se trata de uma temperatura mediana e baixas medidas apenas quando o sol se põe. “É sempre bom ficar atento e ter um casaquinho em mãos à noite”, acrescenta.
Outro ponto a se destacar é a culinária do país. Cláudia explica que se trata de uma gastronomia que traz uma grande herança da cultura otomana, com uma alimentação farta, bem temperada, mas sem exagero de sal e pimenta.
“Os pratos principais são os kebabs, que seriam um tipo de churrasco, além de pratos ricos em carne de vaca e de carneiro, grãos, queijos, yogurt, saladas, verduras e doces, principalmente, os baklavas — uma massa folhada com pistaches ou nozes dentro.”
E para os amantes de presentes, Nathália dá uma dica do que levar do país: “Joias em ouro e prata com pedras preciosas e semipreciosas, antiguidades, tapetes maravilhosos, diversos tipos souvenir, camisetas e camisas, peças em cobre e metal, lenços e pashminas, peças de marchetaria e gamão decorados com madrepérolas, lamparinas coloridas, bolsas e casacos de couro lindíssimos,. Enfim, uma infinidade de produtos. Além de tudo isso, você também poderá comprar especiarias, chás, doces, pistaches e frutas secas.”
Ela finaliza com um alerta: “Não se esqueça de barganhar e barganhar muito! Na cultura turca não se compra sem barganhar, portanto, o primeiro preço nunca será o último.”