Os turistas que são fascinados pelas mais icônicas geleiras do mundo precisam se apressar para conhecer esses pontos turísticos de pertinho porque elas estão derretendo e vão desaparecer em um curto período de 30 anos. Um estudo feito pela Unesco aponta que o aquecimento global está derretendo o gelo desses lugares de forma mais acelerada do que o normal, o que vai fazê-los sumir até 2050.
Isso significa que um terço das geleiras já estão condenadas à morte, mas ainda é possível salvar os outros dois terços, caso o aumento da temperatura global não exceda 1,5°C em comparação com o período pré-industrial. Este será um assunto discutido na COP27, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2022, que acontece entre 6 e 18 de novembro em Sharm El Sheikh, no Egito, e que será o primeiro compromisso de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente eleito.
"Este relatório é um apelo à ação. Somente uma rápida redução em nossos níveis de emissão de CO2 pode salvar as geleiras e a excepcional biodiversidade que delas depende. A COP27 terá um papel crucial para ajudar a encontrar soluções para esta questão. A Unesco está determinada a apoiar os Estados na busca deste objetivo", disse Audrey Azoulay, diretora geral da Unesco.
Esses grandes blocos de gelo representam quase 10% da área total da Terra glacializada, que incluem a mais alta do mundo (ao lado do Monte Everest), a mais longa (no Alasca) e as últimas geleiras remanescentes na África, entre outras, dando uma visão representativa da situação geral das geleiras no mundo. Ao todo, elas estão perdendo 58 bilhões de toneladas de gelo por ano, o equivalente ao mesmo consumo anual de água da França e da Espanha ao mesmo tempo - e são responsáveis por quase 5% da elevação do nível do mar.
Metade da humanidade depende direta ou indiretamente das geleiras como sua fonte de água para uso doméstico, agricultura e energia. As geleiras também são pilares da biodiversidade, alimentando muitos ecossistemas.
"Quando as geleiras derretem rapidamente, milhões de pessoas enfrentam a escassez de água e o aumento do risco de desastres naturais como inundações, e milhões mais podem ser deslocados pela conseqüente elevação do nível do mar. Este estudo destaca a necessidade urgente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e investir em soluções baseadas na natureza, que podem ajudar a mitigar a mudança climática e permitir que as pessoas se adaptem melhor a seus impactos", disse o diretor geral da IUCN, Bruno Oberle.
Exemplos de geleiras ameaçadas de extinção por região:
África:
- De acordo com os dados disponíveis, as geleiras em todos os sítios do Patrimônio Mundial na África muito provavelmente desaparecerão até 2050, incluindo o Parque Nacional Kilimanjaro e o Monte Quênia.
Ásia:
- Glaciares em Três Rios Paralelos de Áreas Protegidas Yunnan (China) - a maior perda de massa em relação a 2000 (57,2%) e também a geleira que derrete mais rapidamente na lista
- Os glaciares em Tien-Shan Ocidental (Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão) encolheram 27% desde 2000
Europa:
- Glaciares nos Pirineus Mont Perdu (França, Espanha) - muito provável que desapareçam até 2050
- Glaciares nas Dolomitas (Itália) - muito provável que desapareçam até 2050
América Latina:
- Glaciares no Parque Nacional Los Alerces (Argentina) - número 2 maior perda de massa em relação a 2000 (45,6%)
- Os glaciares no Parque Nacional Huascaran (Peru) encolheram 15% desde 2000
América do Norte:
- Glaciares no Parque Nacional de Yellowstone (Estados Unidos da América) - muito provável que desapareçam até 2050
- Glaciares no Parque Nacional de Yosemite (Estados Unidos da América) - muito provável que desapareçam até 2050
- Glaciares no Waterton Glacier International Peace Park (Canadá, Estados Unidos da América) perderam 26,5% de seu volume em 20 anos
Oceania:
- Os glaciares em Te Wahipounamu - Sudoeste da Nova Zelândia (Nova Zelândia) perderam quase 20% de seu volume desde 2000.
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