Histórias de um viajante: sufoco por dormir na rua em uma cidadezinha da Noruega

Igor Galli é considerado a pessoa mais viajada do mundo para sua idade e é colunista do iG Turismo. Nesta semana, ele conta sobre a dificuldade que encontrou em procurar uma hospedagem na pequena cidade de Trondheim

Em agosto de 2012, fui à cidade de Trondheim , região central da Noruega. Quando cheguei de manhã, fui diretamente ao único hostel da cidade. Infelizmente, o local não operava mais e a única saída era encontrar outra hospedaria. O problema é que estava em um dos países mais caros do mundo e não queria gastar uma fortuna com acomodação.

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Igor passou por perrengues ao visitar a pequena cidade de Trondheim, na Noruega
Foto: Arquivo pessoal
Igor passou por perrengues ao visitar a pequena cidade de Trondheim, na Noruega


De frente ao local que funcionava o antigo hostel, encontrei quatro turistas alemães que estavam passando pelo mesmo problema. Decidimos então nos juntar para procurar um hotel próximo naquela cidade da Noruega . Estava bem difícil encontrar algo, pois o maior evento anual da cidade aconteceria no dia seguinte. Confesso que essa busca foi nos deixando de saco cheio.

Encontro um abrigo inusitado

Estava andando pelas ruas e encontrei uma pessoa falando espanhol. Logo puxei assunto. Depois de algum tempo de conversa explicando a situação, o meu novo colega, que era colombiano, me convidou para dormir na casa dele. Combinamos então que no final da tarde, depois do fim do expediente de trabalho dele, nos encontraríamos naquele mesmo local.

Tive que me despedir dos alemães, pois já havia encontrado lugar para dormir. Enquanto não dava a hora de encontrar meu anfitrião, aproveitei para visitar a cidade. Trondheim é uma região de muitos estudantes e é bem bonitinha. A principal atração turística do local é Nidarosdomen , a maior igreja do norte da Europa.

Foto: Arquivo pessoal
A Catedral Nidarosdomen é uma das principais atrações do local


Problemas inesperados

Assim que o relógio marcou 17h, fui ao local que combinei de encontrar o colombiano. Liguei para o celular dele, mas ele não atendia. Esperei até às 18h e percebi que ele não viria mais. Fiquei preocupado. Sabia que não havia mais hotel disponível na cidade àquela altura.

Foi então que pensei: o jeito é domir na estação de trem. Fiquei lá até às 23h para tentar a sorte, mas fui acordado por um segurança me dizendo que tinha que sair porque a estação estava fechando.

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O que eu poderia fazer nesse momento? Deixei a minha mochila no guarda volumes e vi que o jeito era aproveitar a noite de sábado em um pub. Quando deu uma hora da madrugada, fui informado que o local também iria fechar. Lá não existem bares 24 horas no país, diferente de muitas cidades do Brasil.

Dormindo na rua 

Fiquei numa situação complicadíssima. Não havia lugar algum para dormir e a cidade já estava totalmente deserta. Várias coisas começaram a passar na minha cabeça. "Que falta de sorte. Tudo deu errado. As coisas não poderiam ser piores". Quando acabei de pensar isso, começou a chover. Em vez de ficar nervoso, busquei me acalmar. Percebi que isso era mais uma experiência para essa vida de viajante.

Fui até a parte de trás de um supermercado, peguei umas caixas de papelão para fazer de colchão, procurei uma parte coberta e deitei. Sinceramente, eu me senti humilhado. Era a primeira vez na vida que dormia na rua. Na realidade, não consegui dormir profundamente, apenas cochilei. Fazia muito, mais muito frio.

Estendendo a viagem

Por volta das 5h da manhã, fui fazer uma reserva no hotel mais barato na cidade que ainda tinha vaga disponível. Ao chegar à hospedagem, tive que esperar na recepção até às 9h da manhã para fazer o check-in. Confesso que toda essa aventura em busca de um lugar para ficar foi muito desgastante!

Foto: Arquivo pessoal
Mesmo passando por tantas dificuldades, Igor afirma que a experiência foi positiva


Por causa dessa desventura, tive que ficar mais um dia naquela pequena cidade da Noruega. Não reclamo e nem murmuro pelo o que aconteceu comigo, pelo contrário, realmente acredito que foi um aprendizado que tive, mesmo desejando que algo parecido não se repita. Para ver mais histórias do viajante, acompanhe a coluna de Igor Galli no iG Turismo .