No Brasil ée preciso chegar com bastante antecedência nos aeroportos
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No Brasil ée preciso chegar com bastante antecedência nos aeroportos




Chegar ao aeroporto com apenas 15 minutos de antecedência para embarcar em um voo. O que parece loucura para muitos virou uma tendência nas redes sociais — e está dando o que falar. Influenciadores do TikTok, principalmente nos Estados Unidos, estão colocando em prática o que chamam de “airport theory”, ou “teoria do aeroporto”.

A ideia é simples, mas arriscada: testar se é possível embarcar em um voo com o mínimo absoluto de tempo disponível.

Mas embora alguns vídeos mostrem pessoas aparentemente bem-sucedidas nessa façanha, especialistas e autoridades do setor aéreo alertam: a prática pode ser divertida para gerar likes, mas é uma receita quase certa para estresse — ou até para perder o voo.

No Brasil, onde aeroportos costumam ser mais movimentados e os processos mais rígidos, a tentativa pode se transformar em frustração. Ainda assim, a curiosidade sobre a trend cresce, e vídeos do tipo já começaram a aparecer também por aqui, trazendo preocupações reais para companhias aéreas e órgãos reguladores.

A moda dos 15 minutos que desafia o bom senso

Tudo começou com vídeos aparentemente inocentes de criadores de conteúdo chegando em aeroportos pouco antes do embarque — às vezes com 20, 10 e até apenas 4 minutos de folga antes do fechamento do portão. Alguns conseguiram entrar na aeronave. Outros ficaram pelo caminho. Mas todos conquistaram o que queriam: visualizações virais e engajamento crescente.

Nos Estados Unidos, onde muitos voos domésticos ocorrem em aeroportos menores e com menos exigências, a trend já se tornou um fenômeno. Mas mesmo por lá, influenciadores como Brian Kelly e Malia, conhecidos no segmento de viagens, confessam: apesar de terem conseguido embarcar, o nível de estresse não compensa a adrenalina.

“Consegui com quatro minutos de sobra, então, tecnicamente deu certo. Mas não vale o estresse”, disse Malia em um dos vídeos que viralizou no TikTok.
A maioria dos passageiros, no entanto, não conta com os privilégios e facilidades de quem tem status em programas de fidelidade ou não precisa despachar bagagem — o que torna a “teoria” quase impraticável para o público comum.

Aeroportos brasileiros: mais complexos e nada tolerantes

Segundo Flavia Maciel, gerente de gestão do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, a realidade brasileira é bem diferente. “É possível, mas não é uma estratégia vencedora para a maioria das pessoas. O risco é enorme”, explica. E ela está certa. Aeroportos como o de Guarulhos lidam com milhares de passageiros por dia, múltiplas etapas operacionais e inspeções mais rigorosas — especialmente em voos internacionais.

Mesmo com o avanço tecnológico, como check-in online e totens de autoatendimento, o tempo necessário para embarcar não se resume à passagem impressa ou digital. Há filas para despacho de bagagem, verificação de segurança com raio-X, inspeções aleatórias, e — em voos internacionais — checagem de documentos pela imigração.

A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) reforça a recomendação: chegue com antecedência. Para voos internacionais, a orientação continua sendo de 3 horas antes. Para os voos domésticos, 1h30 a 2 horas. Atrasos por parte do passageiro, segundo a Anac, podem levar à perda do voo, sem direito a reembolso, dependendo da política da companhia.

Engajamento digital ou irresponsabilidade aérea?

Por trás da tendência está a lógica das redes sociais: quanto mais ousado, melhor. Mas o problema é que transformar um processo sensível e essencial como o embarque em entretenimento pode gerar consequências perigosas. Atrasos, desorganização e até a necessidade de reembarque causam prejuízos não só aos passageiros envolvidos, mas também a todos os outros a bordo.

As empresas aéreas não são obrigadas a remarcar o voo se o passageiro chegar tarde. E, em muitos casos, isso pode significar um gasto extra, perda de conexões ou até cancelamento de viagens inteiras. Segundo a Anac, as regras variam de companhia para companhia — mas a responsabilidade pelo atraso, nesse caso, sempre será do passageiro.

Enquanto isso, os vídeos continuam ganhando likes. Mas a tendência pode estar perto de enfrentar consequências maiores, caso passageiros brasileiros passem a repetir a prática em aeroportos já sobrecarregados.

A verdade é que a “teoria do aeroporto” pode até render visualizações, mas raramente vai entregar o que realmente importa: uma viagem tranquila, segura e sem surpresas desagradáveis.




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