Cammino dei Briganti
Corriere della Sera
Cammino dei Briganti


No coração de Abruzzo, Lazio, Molise, Campania e Basilicata, o Grande Cammino dei Briganti convida aventureiros e amantes da história para percorrer um trajeto de 500 km, trajeto de fora-da-lei históricos, na Itália.

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Em uma jornada de 28 dias – com possibilidade de se estender até 35 – os participantes vivenciam, a cada passo, o legado dos brigantes que marcaram o século XIX, num período em que o recém-formado Estado italiano enfrentava a insurgência de inúmeros grupos de rebeldes que espalharam medo e lendas por essas terras.

Idealizado pelo modenês Luca Gianotti, o percurso une pontos históricos por meio de uma rota cuidadosamente planejada.

Os caminhos se iniciam nos municípios de Sante Marie e Tagliacozzo, na província da Aquila, e culminam na cidade de Potenza.

Cada etapa é pensada para remeter a um fora-da-lei que atuou naquela região, estimulando os participantes a reviver a sensação de enfrentar desafios desconhecidos.

A manutenção e preparo das trilhas contam com o trabalho incansável de voluntários, que limpam os caminhos removendo roças, ervas e arbustos, além de marcar as trilhas com tinta.

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Essa intervenção é fundamental, pois muitos dos trajetos estão em fase de reabertura e podem apresentar obstáculos naturais, exigindo o uso frequente de dispositivos GPS para garantir a segurança durante a caminhada.


Um caminho entre lendas e fatos históricos

Tais trilhas eram cenários típicos dos históricos brigantes, indivíduos ou grupos que viviam à margem da lei e atuavam de forma desafiadora, principalmente em períodos de grandes transformações sociais e políticas na Itália.

No século XIX, após a unificação do país, o fenômeno do brigantismo ganhou destaque, especialmente nas regiões de difícil acesso controladas pelo Estado.

Nessas áreas, muitas vezes montanhosas e rurais, os brigantes surgiam como camponeses ou ex-soldados que, descontentes com as injustiças sociais e a centralização do poder, tomavam para si a tarefa de resistir – de uma maneira que podia incluir saques, extorsões e até atos de defesa das comunidades locais.

Eles se reuniam em pequenos grupos e usavam o terreno – muitas vezes áreas montanhosas ou de difícil acesso – para se proteger e desafiar a autoridade do novo Estado italiano.

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O caminho também se desdobra em histórias marcantes.

Ele segue, por exemplo, a rota de fuga do ousado e destemido José Borjes, figura catalã cuja trajetória o levou de Paris, onde vivia exilado após, entre outras atividades, ter trabalhado como encadernador e prestado serviços ao exército pontifício, até uma ruptura com o brigão Carmine Crocco.

Segundo relatos históricos, Borjes chegou a Sante Marie e, posteriormente, foi capturado e executado em Tagliacozzo – fatos que dão ao percurso um tom épico e carregado de emoção.

Essa conexão com o passado fortalece o intuito do percurso, que é preservar e reviver as tradições e os contos de uma época turbulenta.

A extensão do trajeto e as condições naturais dos caminhos, que ainda enfrentam o processo de recuperação, fazem com que seja ideal para aqueles que não têm receio de explorar territórios quase intocados.

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