Fernanda Torres em frente ao túmulo de Eunice Paiva
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Fernanda Torres em frente ao túmulo de Eunice Paiva

O túmulo da advogada e ativista dos direitos humanos Eunice Paiva, cuja história é retratada no filme Ainda Estou Aqui — indicado ao Oscar 2025 em três categorias —, tem atraído visitantes e se consolidado como um ponto de memória em São Paulo. Neste domingo (16), a iniciativa Araçá e Suas Vozes, liderada pela historiadora Viviane Comunale e pelo pesquisador Thiago de Souza, promoverá um tour guiado pelo Cemitério do Araçá, a partir das 10h15, para compartilhar a história de figuras marcantes sepultadas no local. O projeto conta com o apoio da concessionária Cartel SP.

A proposta da visita é conectar os participantes com a trajetória de personalidades que marcaram a história do Brasil. Eunice Paiva, falecida em 13 de dezembro de 2018, tornou-se um símbolo da resistência contra a ditadura militar e da luta pelos direitos humanos. Seu marido, Rubens Paiva, foi uma das vítimas do regime e desapareceu após ser preso por militares em 1971. Durante anos, Eunice buscou respostas sobre seu paradeiro e batalhou pelo reconhecimento dos crimes da ditadura. 

O passeio é gratuito, mas exige inscrição prévia. Os organizadores também incentivam a doação voluntária de alimentos para instituições assistenciais.


A trajetória de Eunice Paiva
Nascida em São Paulo, Eunice cresceu no bairro do Brás e construiu uma história marcada pela luta por justiça. Em 1971, foi detida junto com o marido e uma de suas filhas pelos militares. Enquanto Eunice foi liberada após 12 dias de interrogatório, Rubens nunca mais foi visto. Determinada a esclarecer o destino do esposo, ela ingressou na faculdade de Direito em 1973 e, anos depois, tornou-se uma das vozes mais ativas na defesa dos povos indígenas e dos direitos humanos no Brasil.

Eunice foi uma das personalidades que pressionaram pela aprovação da Lei nº 9.140, de 1995, que reconheceu oficialmente os desaparecidos políticos da ditadura como falecidos, permitindo que suas famílias finalmente recebessem certidões de óbito. Em 1996, após 25 anos de busca, ela conseguiu o reconhecimento oficial da morte de Rubens Paiva.

Além disso, Eunice fundou o Instituto de Antropologia e Meio Ambiente (IAMA) e contribuiu para a elaboração da Constituição de 1988. Seu trabalho foi essencial para garantir direitos aos povos indígenas.

Em 2012, a Comissão Nacional da Verdade confirmou que Rubens Paiva foi brutalmente torturado, o que resultou em sua morte. A resposta oficial só foi dada à família em 2014, quatro anos antes do falecimento de Eunice, que morreu aos 86 anos, após uma longa batalha contra o Alzheimer. Curiosamente, sua morte ocorreu exatamente 50 anos após a imposição do Ato Institucional nº 5 (AI-5), marco da repressão mais severa da ditadura.

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