Viajar é libertador, viajar sozinho pode ser ainda mais. Mas viajar sozinho e pegando diversas caronas pela estrada pode ser algo impensável para muitas pessoas. Para Karina Snege, a estrada pode ser uma grande mãe.
Cantora e compositora sob o nome artístico Anirak, Karina nunca associou a ideia de viajar com companhia. "Nunca foi uma realidade, eu sempre fui uma pessoa mais solitária e nunca me amendrontei, sempre fazia meus passeios sozinha. Durante a minha vida toda eu viajei sozinha, fiquei em Ubatuba um mês, já fui para fora do país sozinha também", diz. Hoje, ela conta as histórias de estrada no canal A Karoneira, no Youtube.
A ideia de viajar pedindo caronas veio cedo, mas não saia direito como fazer. "Em 2015, me mudei de São Bernardo do Campo para Minas Gerais e entrei em contato com universitários que faziam estas viagens, aí fui de São João del Rei para Campo do Meio, quando fiz um evento do MST. Agora minha realidade é essa, pego carona para tudo! Não pego nenhum transporte, saio da porta de casa, na Paraíba, até a casa do meu pai, em São Bernardo, de carona", afirma.
Como ela sempre foi sozinha e teve uma independência mais cedo, ela nunca passou pela chateação de alguém tentar convencer que era errado. "Mesmo assim, eu passo por pessoas que me dão caronas pela cidade que ficam falando para eu tomar cuidado, dos riscos. Mas a realidade é completamente diferente, eu garanto que é uma coisa muito boa", conta.
Você viu?
Karina sente que viajar sozinha é perfeito para quem quer uma boa dose de liberdade. "Não preciso esperar ninguém, você faz o que precisa fazer e quando quer. Se eu estou em casa e preciso fazer algo em qualquer lugar do Brasil, pego minha malinha e vou. Além da liberdade, tem a questão monetária. Eu já viajei da minha casa até São Paulo com 25 centavos no bolso. Não preciso de nada, é só sair na rua, colocar o dedo para cima e ir embora", diz.
O cardápio da estrada também é uma ótima ideia. "Restaurantes de estrada tem marmitas maravilhosas, tem caminhoneiros que fazem jantares e almoços ótimos, tem vezes que eu divido com eles as carnes de restaurantes bons de estrada. Tem vezes que o calo aperta em casa e vou para a estrada, vendo produtos, ganho um dinheirinho e ainda como bem", conta rindo.
Mas nem tudo é benefício!
Os perrengues também acontecem. "Uma vez fiquei debilitada por conta de uma dengue que contraí, tive que pegar a BR e foi difícil pois sofri um pouco de assédio. Nessa viagem tudo de esperado de ruim aconteceu. Outra coisa que pode acontecer é de você entrar em um caminhão muito carregado e demorar muito mais do que o normal", conta.
Mas se quer começar neste mundo, Karina tem dicas
Se está pensando em embarcar numa aventura semelhante, Karina tem uma dica perfeita. "Eu faço sempre a viagem entre Paraíba e São Paulo, mas quando estou com pressa, tenho técnicas para viajar em 3 dias. Uma boa é pegar uma carona atrás da outra, assim você otimiza o tempo, tenha paciência porque você não consegue nada no seu tempo. A partir do momento que você pisa na estrada, é o tempo da estrada, não seu, além é claro de ouvir a sua intuição sempre", conta.
Outra dica que ela dá é o vestuário. "O imaginário da estrada é engraçado, então eu uso umas roupas mais fechadas e coloridas, viajo de shorts por conta do calor e uma camiseta colorida, porque me identificam como hippie e é uma forma de segurança também", diz.
Não sabe como começar a pedir caronas? Ela também ensina. "O posto de gasolina é a rodoviária do maluco! Vá no posto de uma BR e procure, mas se tiver um tempinho, estude mapas dos lugares para saber quais são as vias principais e como se deslocar melhor, calculando a melhor forma para viajar", diz.
Claro, sem esquecer de levar o básico na mochila e na cabeça. "Roupas leves, colchonete e atitude. O olho no olho é tudo, deixe claro que você é uma caroneira e avisar que ou tem alguém te esperando ou quem é você. A sinceridade funciona muito bem, jogar com a realidade. Não minta e também entenda a pessoa que está te dando carona, o respeito é tudo", conta.