O mais famoso dos Emirados Árabes Unidos está novamente de braços abertos para os turistas. Depois de quase quatro meses em quarentena para conter a pandemia do novo coronavírus, Dubai voltou a receber visitantes internacionais na terça-feira (7 de julho), fazendo questão de carimbar um adesivo de boas-vindas no passaporte de cada um deles.

"Calorosas boas-vindas ao seu segundo lar", dizem os adesivos para passaportes no aeroporto de Dubai, onde os funcionários usam roupas de proteção contra materiais perigosos e atendentes disponibilizavam equipamentos de proteção individual.

A retomada do turismo representa um alívio nas contas do emirado, que tem nessa atividade uma de suas principais fontes de renda. Mas, a princípio, a aposta do setor é em quem já mora na cidade, tanto para movimentar a economia, quanto para servir de teste antes do retorno da maior parte dos viajantes estranteiros.

A turista italiana Francesca Conte disse em sua chegada que ficou preocupada até o último minuto que seu voo fosse cancelado.

— Quando vi passageiros fazendo fila na porta, pensei que não voaríamos, já que a viagem a Dubai já tinha sido adiada três vezes — disse ela, que se sentiu triste ao ver espaços vazios no avião e as comissárias de bordo vestidas como profissionais de saúde, com equipamentos de proteção individual dignos de hospitais e laboratórios.

Mas todo cuidado é pouco. A reabertura nesta terça ocorreu em um momento em que o número de casos de Covid-19 nos Emirados Árabes aumentou para 52.600, sendo 326 mortos, com milhões de trabalhadores estrangeiros que moram em alojamentos estreitos particularmente afetados.

Quem chega de fora do país deve apresentar os resultados negativos de seus testes para a Covid-19, realizado no máximo quatro dias antes do voo. Caso contrário, podem se submeter ao exame ao chegar, mas devem se isolar até receberem a autorização.

O turismo foi, durante muito tempo, o salva-vidas do emirado, um dos sete do país. A alta temporada começa em outubro, quando o calor sufocante do verão no Golfo Pérsico começa a se dissipar. Em 2019, Dubai recebeu mais de 16,7 milhões de visitantes, e antes de a pandemia paralisar as viagens internacionais, o objetivo era alcançar até o final deste ano um total de 20 milhões de turistas.

— Estamos prontos para receber turistas e tomamos todas as precauções necessárias — disse Talal al-Shanqiti, da Direção Geral de Residência e Assuntos de Estrangeiros de Dubai, em uma videomensagem tuitada no domingo.

Com escassos recursos petroleiros em comparação com os vizinhos, Dubai construiu a economia mais diversificada do Golfo, com uma reputação como centro financeiro, comercial e turístico. A cidade-Estado é conhecida por seus megashopping centers, restaurantes de alto padrão e hotéis e resorts cinco estrelas. Mas todos estes setores sofreram um forte golpe durante o surto do coronavírus e o PIB de Dubai encolheu 3,5% no primeiro trimestre de 2020 após dois anos de um crescimento modesto. A companhia aérea Emirates, com sede em Dubai e a maior do Oriente Médio, se viu forçada a reduzir sua extensa rede e acredita-se que tenha demitido milhares de funcionários.

Retomar a atividade hoteleira concentrando-se "principalmente no mercado interno é um primeiro passo importante no nosso enfoque gradual para restabelecer a normalidade na indústria do turismo", disse Issam Kazim, CEO da Corporação de Dubai para o turismo e o comércio.

Impulsionar o turismo doméstico também é parte da estratégia do outro destino dos Emirados, a rica capital petroleira Abu Dabi, que recebeu em 2019 um recorde de 11,35 milhões de visitantes internacionais. A capital dos Emirados Árabes Unidos abriga as principais atrações, incluindo um circuito de F1 e o museu do Louvre Abu Dabi, que no fim de junho abriu as portas a visitantes com máscaras e luvas, depois de passar 100 dias fechado.

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