Segundo o Instituto Nacional de Migração (INM) do México, 1.958 brasileiros foram impedidos de entrar no México somente em 2019. O número de casos aumentou no mês de dezembro e fez com que o Consulado-Geral do Brasil emitisse uma nota, no início desta semana, pedindo cautela aos brasileiros que queiram visitar o país latino.

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O México não exige visto de entrada para brasileiros desde 2013, porém algumas regras são indicadas pelo Itamaraty como essenciais para entrar no país:

  • Passaporte com pelo menos seis meses de validade;
  • Comprovantes de hospedagem, ônibus/avião doméstico ou locação de carro;
  • Passagem de retorno ao Brasil;
  • 10.000 dólares (ou equivalente) como garantia financeira; entre outras garantias.

Porém, estar com toda a documentação em mãos não tem sido garantia de entrada no México. Lucas Bacellar e sua esposa Driele escolheram Cancún para passar a Lua de Mel no mês de setembro. O casal reservou lancha, hotel, passeios, mas na hora de passar na imigração, o sonho virou pesadelo.

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Arquivo pessoal
Lucas e Driele passariam a Lua de Mel em Cancún, mas foram impedidos de entrar no México

“Nós mostramos todos os comprovantes na imigração e uma moça nos conduziu até uma sala. Ficamos lá em torno de duas a três horas esperando uma explicação. Depois desse tempo, nos chamaram separadamente para entrevistas. Perguntaram o que estávamos fazendo lá e o que queríamos. Mesmo com todos os comprovantes e até fotos do casamento não nos deixaram entrar. Eles disseram que não cumpríamos os requisitos, mas não explicaram quais eram”, conta Lucas ao iG Turismo.

Segundo o assistente administrativo, o casal ficou 24 horas trancado na sala do aeroporto, sem celular e documentos, com um grupo de brasileiros e estrangeiros, sem água ou comida. “Fomos tratados como animais. Tinha brasileiros com crianças de colo. Nesse tempo só levaram um hambúrguer gelado e deixaram um galão de água com a boca pra cima, mas não tinha copo”, lembra.

Constrangimento parecido passou Alex Sandro, brigadista que viajou sozinho para o país e passou 20 horas dentro de uma  sala no aeroporto com 26 pessoas entre brasileiros, peruanos, chineses e venezuelanos.“Nunca pensei que iria passar por uma humilhação dessas. Saí no meio do aeroporto com os tênis sem cadarço, porque eles não queriam que colocasse, e passei na frente de várias pessoas que ficaram me olhando como se eu tivesse feito algum crime”, comenta.

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Arquivo pessoal
Alex Sandro também foi barrado em viagem a turismo para o México

Tanto Lucas quanto Alex Sandro tiveram prejuízos financeiros. Lucas e a mulher gastaram R$ 14 mil ao todo, mas só conseguiram recuperar um crédito de R$ 6 mil na CVC, empresa pela qual reservaram os pacotes e seguro viagem. Ao chegarem no Brasil, procuraram o Consulado do México, mas não tiveram ajuda.

Já o prejuízo do brigadista ficou em torno de R$ 3.500 com a agência de turismo, que informou também não haver reembolso. Apesar da frustração, Alex Sandro afirma que tentará voltar para visitar o país. “Quero voltar, só não sei quando. Planejei essa viagem por quase dois anos e agora não estou em condições de gastar tudo novamente”, conclui.

Em nota enviada à reportagem, o Ministério das Relações Exteriores diz que foi informado pelas autoridades mexicanas que as inadmissões têm sido por “inconsistências de informações fornecidas pelos brasileiros, tais como reservas de hotel inexistente ou o desconhecimento do nome das pessoas com quem alegadamente se hospedariam”.

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Sobre futuros casos de inadmissões de brasileiros no México , o Itamaraty garantiu que está atuando com as autoridades mexicanas para “demandar respeito aos cidadãos brasileiros”, mas alegou que a decisão é soberana e que o Consulado-Geral não tem recurso legal para interferir.

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