Localizada no nordeste do estado de Minas Gerais, a 292 quilômetros de Belo Horizonte, a cidade de Diamantina se destaca por seu valioso acervo de construções do período colonial, tombado em 1938, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Dona do título de Patrimônio Cultural Mundial, concedido pela Unesco em 1999, Diamantina abriga um rico conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico, além de monumentos históricos que fazem da cidade um dos mais atraentes roteiros turísticos de Minas Gerais e do Brasil. A implantação da cidade sobre uma encosta rochosa, cuja variação de altitude alcança até 150 metros de diferença, combina com a reprodução do programa português para suas cidades originárias do ciclo da mineração, durante o século XVIII. Em Minas Gerais, esse modelo determinou uma configuração original e de rara beleza. Dotado de excepcional riqueza por sua composição com a Serra dos Cristais, o centro forma um dos conjuntos paisagísticos mais significativos de Minas.
A arquitetura civil apresenta extrema homogeneidade em seu casario, possui uma estética sóbria, simples, porém refinada se comparada com outras cidades de sua época. As edificações apresentam evidentes testemunhos da reprodução do modelo cultural de origem portuguesa. A arquitetura distingue-se pelo despojamento da composição e dos materiais construtivos, enquanto as características do território e o isolamento vivido pela cidade são responsáveis pela pureza da concepção arquitetônica, quando comparada ao restante do patrimônio setecentista mineiro. O centro urbano de Diamantina possui a configuração característica das cidades do período colonial, e os caminhos estreitos e sinuosos se organizavam de acordo com as condições topográficas mais favoráveis, sem intenção de ordenação geométrica. Onde houve o alargamento das vias e largos, os espaços mais abertos deram maior destaque às edificações. Esta configuração urbana se formou entre 1720 e 1750, e se consolidou em meados do século XIX (este arruamento principal permanece preservado).
A arquitetura religiosa dos séculos XVIII e XIX, apresenta características excepcionais e na decoração interna estão pinturas com aplicação de ouro. A arquitetura civil da cidade é uma referência especial com ausência de casas térreas e destaque para os conjuntos de sobrados. Do conjunto urbano, sobressai-se o Passadiço da Glória (ligação entre dois sobrados dos séculos XVIII e XIX). Edifícios com paredes brancas e detalhes coloridos, muxarabis, balcões com pinhas de vidro, rótulas treliçadas e pavimento em lajes de pedra compõem a imagem urbana de Diamantina. Destaca-se, também, o casario colonial de inspiração barroca e as edificações históricas, como a Casa de Chica da Silva, a bela paisagem natural e as igrejas seculares, e uma forte tradição folclórica e musical, além da religiosidade. A cidade era um intenso centro religioso, datando do século XVII, a construção da Matriz de Nossa Senhora da Conceição, Capela de Nossa Senhora da Soledade e Igreja da Nossa Senhora D’Ajuda.
História
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A formação da cidade se deu com a descoberta e exploração do ouro no vale do córrego doTijuco, pela bandeira liderada por Jerônimo Gouveia. Os bandeirantes partiram do Serro, acompanharam o curso do rio Jequitinhonha até atingir a confluência dos rios Pururuca (em tupi-guarani, ‘cascalho grosso‘) e Grande, onde acamparam, em 1691. Entretanto, não existia, naquele sítio, abundância de ouro, como em princípio se pensava.
As origens do famoso Arraial do Tijuco (ou Tejuco) - como era chamada Diamantina - remontam a 1713, com a atividade dos bandeirantes que permaneceram na região. Nesse local, denominado Burgalhau (atual Rua do Burgalhau, Rua do Espírito Santo e Beco das Beatas), se fixaram os primeiros povoadores. O fracasso inicial ameaçava o desenvolvimento da povoação, quando os diamantes foram descobertos, em 1720, por Bernardo da Fonseca Lobo. Os diamantes fizeram convergir, para as áreas do Tijuco, a ambição dos habitantes das terras vizinhas, transformando o arraial em lugar de esplendor e grande luxo.
O Tijuco cresceu em ritmo acelerado e se desenvolveu especialmente na época dos contratadores de diamantes Felisberto Brant (1748-1751) e João Fernandes de Oliveira (1759-1771), figura lendária na história do município devido ao seu romance com a célebre Chica da Silva. Foram estimuladas as construções, o comércio floresceu, surgiram as primeiras igrejas e o arraial conheceu tempos de grande prosperidade. O arraial ficou conhecido pela exploração de diamantes e a enorme quantidade de pedras que eram extraídas da localidade, tornando-se a maior lavra de diamantes do mundo Ocidental, no século XVIII. Tanta riqueza deu origem a uma aristocracia opulenta e uma das mais requintadas do período colonial mineiro, que ergueu um rico patrimônio arquitetônico. Tornou-se lendária na imaginação popular por ter abrigado o romance entre o contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira e a escrava liberta Chica da Silva. É também a terra de Juscelino Kubistchek, Presidente da República e idealizador de Brasília, nos anos 1950.
Suas festividades religiosas e populares são atração para os que visitam a cidade, além da arte da tapeçaria, trazida à região pelos portugueses no século XVII, com influências hispano mouriscas, indianas e renascentistas, transformando-a em uma tradição local com a confecção dos conhecidos tapetes arraiolos. Devido à estreita ligação que Diamantina sempre teve com as pedras preciosas, os artesãos de Diamantina se tornaram mestres nos trabalhos de ourivesaria e lapidação.