O bairro do Centro Histórico , em Porto Alegre , abriga as principais instituições culturais da capital gaúcha e alguns dos seus pontos turísticos mais famosos. Durante as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio de 2024, muitos deles foram afetados e chegaram a ficar submersos. Após a baixa das águas, operações de limpeza e obras de reparo, os principais símbolos da cidade voltaram a receber visitantes.
Com Porto Alegre retornando gradualmente à normalidade, confira abaixo o que já voltou a pleno funcionamento no Centro Histórico, quais lugares ainda estão fechados e algumas histórias para conhecer em cada um deles.
Mercado Público de Porto Alegre
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O primeiro mercado público do Brasil é um dos maiores símbolos da capital gaúcha, mas não foi tão fácil tirar o projeto do papel. Inaugurado em 1869, foram cerca de 20 anos entre os primeiros esboços e a finalização das obras. Ao longo de mais de 150 anos de história, o local se tornou uma parte essencial da região, o que rendeu o apelido de “coração pulsante do centro histórico”.
Temperos, frutas, legumes, queijos, carnes e, claro, erva-mate da melhor qualidade para o chimarrão, tudo isso pode ser encontrado por lá. Com o tempo, o local se tornou um centro comercial generalista, abrigando também lojas de artesanato, floras, padarias e restaurantes que já estão marcados na história da cidade, como o Gambrinus, a doceria Banca 40, a Confeitaria Copacabana e muitas outras.
O Mercado Público de Porto Alegre, que chegou a ter 1,70m de água acima do chão, ficou fechado por 41 dias, com uma retomada gradual das atividades desde o dia 14 de junho. Apesar dos danos extensos, segue vento em popa e não houve desistências ou saídas entre os permissionários. Saiba mais no site oficial .
Praça da Matriz
A Praça da Matriz é um dos locais mais antigos e importantes da cidade. O nome pelo qual é conhecida é uma denominação extraoficial, graças à presença da catedral. A nomenclatura oficial do espaço é Praça Marechal Deodoro, nome que substituiu o de “Praça Dom Pedro II” após a proclamação da República, em 1889.
A praça ganhou grande importância a partir de 1773, quando a capital do Rio Grande do Sul foi transferida da vizinha Viamão para Porto Alegre e teve ao seu redor instalados os principais edifícios da administração pública do estado. Em um ponto mais elevado, a área não foi diretamente afetada pelas águas.
Além da questão do batismo, a relação da praça com a política se estende a estes edifícios ao redor dela: o Palácio da Justiça, o Palácio Piratini – residência oficial do governador –, a Assembleia Legislativa do Estado e o Palácio do Ministério Público . Destacam-se ainda a presença de outros importantes bens culturais à sua volta, como o Museu Júlio de Castilhos , o Theatro São Pedro , a Biblioteca Pública e a Pinacoteca Ruben Berta .
Palácio Piratini
O Piratini é a residência oficial do governador do Rio Grande do Sul e também abriga outros órgãos da administração do estado. Após obras de conservação e restauração, em 2021 foi celebrado o centenário da sua ocupação. A história do local se confunde com a da cidade e com a do próprio Rio Grande do Sul.
Para a construção do edifício atual, em 1908, o então presidente do Estado, Carlos Barbosa, organizou um concurso cultural na França para eleger o arquiteto responsável pelo projeto. O francês Maurice Gras foi o vencedor e com o projeto em mãos, o Palácio começou a ser erguido. Para a decoração, foram encomendadas obras do escultor Paul Landowski, também responsável pelo Cristo Redentor . A ala residencial foi ocupada pela primeira vez em 1928, por Getúlio Vargas.
Na história centenária do Palácio, muitas reformas e adições aconteceram. Nos anos 1950, por exemplo, 23 murais executados pelo pintor italiano Aldo Locatelli passaram a ornamentar os salões do segundo pavimento. Já nos anos 1960, o Piratini funcionou como sede do Movimento da Legalidade, encabeçado por Leonel Brizola, que visava a garantia da posse do presidente João Goulart. Por este motivo, o prédio foi ameaçado de bombardeio.
Uma visita pelo Palácio Piratini é um mergulho na história dos gaúchos, com requintes de luxo graças aos presentes de Estado, obras de arte e literárias, adornos, esculturas e mobiliário que compõem os interiores. Após um hiato, as visitas guiadas retornam no dia 2 de setembro e acontecem mediante agendamento de segunda a sexta-feira, às 11h e às 16h. Também é possível fazer um tour virtual pelo site do Palácio.
Biblioteca Pública
A Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul é uma pequena joia encravada num ponto estratégico do Centro Histórico – logo ao lado da Praça da Matriz. Durante o período das enchentes, esteve fechada devido à falta de energia elétrica na região e pela impossibilidade dos seus funcionários se deslocarem até ela, mas não chegou a ser atingida pela água.
Na fachada da sede atual, erguida em 1915, estão os bustos de várias personalidades importantes, como Júlio Cesar, Gutemberg, Shakespeare e o filósofo René Descartes. O acervo é composto por obras de literatura nacional e internacional, com uma parte dedicada especialmente à literatura do Rio Grande Sul. Dentre as obras raras em sua coleção estão uma edição comemorativa de Os Lusíadas , de Camões, datada de 1819, e uma impressão limitada da Divina Comédia de Dante Alighieri, editada em 1921 por Conrado Ricci.
A biblioteca funciona de segunda à sexta-feira, das 10h às 18h. Saiba mais no site .
Cinemateca Capitólio
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Quem é apaixonado por cinema – ou simplesmente gosta de ver filmes – vai se sentir em casa na Cinemateca Capitólio. O encantamento começa pelo belo prédio histórico, que desde 1928 abriga um cinema que funcionou ininterruptamente até 1994. Após a interrupção das atividades, o prédio passou por grandes reformas para resgate e restauração das suas características históricas e foi reaberto em 2015.
Hoje, o Capitólio é um dos raros cinemas de rua que sobrevivem no Brasil tem uma ampla sala de exibição, um espaço expositivo no térreo e um café no segundo andar. Além dessas partes abertas ao público, o local também possui um centro de documentação e memória com filmes, biblioteca e arquivo histórico dedicados à memória audiovisual do Rio Grande do Sul e do Brasil. A Cinemateca funciona na rua Demétrio Ribeiro, 1085, e abre de terça a sexta, das 9h às 21h, e nos finais de semana, das 14h às 21h. Saiba mais no site .
Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS)
Localizado na Praça da Alfândega, uma das áreas mais afetadas pela enchente, o MARGS é um dos principais destinos culturais de Porto Alegre. Fundada nos anos 1950, a instituição passou por duas sedes antes de chegar no seu prédio atual, onde antigamente funcionava a Delegacia Fiscal da cidade. Junto com outros prédios da região, compõe a área onde funcionou a primeira alfândega local, naquele que era o principal ponto de acesso da cidade.
No auge da enchente, a água superou os 2 metros de altura e afetou o subsolo e térreo do museu. Os setores administrativos foram completamente inundados, bem como obras armazenadas em mapotecas, mobiliários expositivos, equipamentos, sistema de rede elétrica e parte das casas de máquinas. Por isso, o museu permanece fechado para visitação, mas parte das obras do seu acervo podem ser apreciadas na Fundação Iberê Camargo , na Zona Sul da cidade. Em cartaz até novembro, a exposição Iberê e o MARGS: trajetórias e encontros é uma parceria entre as duas instituições para celebrar os 70 anos do MARGS e a carreira de Iberê Camargo, um dos mais importantes artistas gaúchos. A Fundação Iberê funciona de quinta-feira a domingo, das 14h às 18h, e durante o mês de agosto a entrada é gratuita.
Informações adicionais sobre o MARGS podem ser consultadas no site oficial .
Memorial do Rio Grande do Sul
Com projeto de Theodor Wiederspahn, arquiteto responsável por outros prédios históricos de Porto Alegre, a construção foi inaugurada em 1914 e utilizada inicialmente como Central dos Correios e Telégrafos da cidade. Além de um acervo extenso de documentos públicos sobre a política gaúcha, o prédio, tombado desde 1981, abriga também o Museu Postal e uma sala do Museu Antropológico do RS (MARS) .
Assim como os outros museus que circundam a Praça da Alfândega, o Memorial do Rio Grande do Sul segue lidando com as consequências da enchente e deve seguir operando com geradores até o final de setembro. A previsão da gestão é que o Memorial deve reabrir por completo apenas no final de 2025.
O Arquivo Histórico foi reaberto para atender pesquisadores e estudantes que necessitam ter acesso aos documentos para continuar seus trabalhos, mas com horário reduzido e necessitando de agendamento.
Casa de Cultura Mario Quintana
A Casa de Cultura Mario Quintana é um dos espaços culturais mais importantes de Porto Alegre e também foi um dos mais atingidos durante o período de enchente. O centro cultural funciona em um icônico prédio rosa de sete andares em plena rua dos Andradas, a mais importante do Centro Histórico. No local, que ficou fechado para visitação por mais de três meses a partir de maio, a água atingiu todos os ambientes do térreo, duas salas de cinema, lojas e espaços de exposição.
Nesse momento de reconstrução, a Casa de Cultura dá os primeiros passos para a retomada completa da cultura na cidade. A instituição foi reaberta em 15 de agosto, com uma exposição do fotógrafo sul-africano Gideon Mendel, e quase todos os espaços voltaram a estar acessíveis. Das salas de cinema afetadas, uma delas já voltou a funcionar. Nos andares superiores da casa estão dois teatros, três bibliotecas, uma discoteca e várias galerias de exposição de arte. No prédio também há uma exposição de acervo sobre Elis Regina e um memorial dedicado ao poeta Mario Quintana, que dá nome ao centro cultural.
Na cúpula funciona o restaurante Lola Bar . A Casa de Cultura funciona na rua dos Andradas, nº 736, de terça a domingo, das 10h às 20h. A visitação é totalmente gratuita e com possibilidade de mediação que deve ser agendada pelo e-mail visitaccmq@gmail.com . Confira informações adicionais no site oficial .
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