Museu das Favelas: arte periférica no centro de São Paulo

Instalado no luxuoso Palácio dos Campos Elíseos, museu destaca expressão cultural das favelas em exposições, oficinas e debates

Foto: Rebeca de Ávila
Museu das Favelas: arte periférica no centro de São Paulo

Inaugurado em junho de 2022, o jovem Museu das Favelas ocupa o Palácio dos Campos Elíseos , no Centro de São Paulo . O casarão do século 18 que toma conta de um quarteirão na Avenida Rio Branco tem arquitetura eclética e foi projetado pelo alemão Matheus Häusler com inspiração no Castelo de Écouen , na França .

O palácio já foi residência do cafeicultor Elias Antonio Pacheco e Chaves, em 1898, e sede do Governo, entre 1935 e 1965, mas hoje é um espaço de memória das favelas e de valorização da cultura de regiões marginalizadas.

A própria localização – no centro da cidade, perto da Favela do Moinho e da Ocupação Mauá – simboliza o objetivo da instituição: trazer as mais de 10 mil periferias do Brasil para o centro de discussões culturais e sociais.

Porém, com a transferência da sede do Governo de São Paulo do Morumbi para o Centro da cidade, o entorno do Palácio dos Campos Elíseos será desapropriado e o Museu das Favelas , transferido para o Pátio do Colégio .

O museu tem uma programação cultural com shows, lançamento de livros e oficinas de passinho Museu das Favelas/Divulgação

O que ver no Museu das Favelas

O espaço de 4 mil metros quadrados do Palácio Campos Elíseos não é totalmente aproveitado pelo Museu das Favelas : há áreas que os visitantes não podem acessar e que não estão sendo utilizadas como espaço expositivo ou para outros fins culturais.

O giro pelo museu não leva mais que uma hora, mas apesar de rápido, o passeio vale a pena pelo contato com temas que não costumam fazer parte do programa de outros museus – e que, quando fazem, não são seu foco. Pequenas, as exposições têm o mérito de tornar as favelas protagonistas da produção cultural, ainda que deixem gostinho de quero mais.

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Hoje, é possível conferir três exposições dentro do casarão e instalações no jardim:

Em cartaz até 29 de agosto, a exposição mais recente é Justiça Climática: uma Discussão do Presente , que exibe obras da artista indígena Auá Mendes sobre o impacto das mudanças do clima para comunidades originárias da Amazônia. As pinturas formam um calendário que ilustram os 12 meses do ano.

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Funkeiros Cults , em cartaz até 29 de setembro, tem obras produzidas pelo coletivo de mesmo nome criado na periferia de Compensa, em Manaus , às margens do Rio Negro. O grupo se popularizou nas redes sociais por suas postagens de humor que apresentam novas visões de filosofias modernas.

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Em uma sala no primeiro andar do museu, a exposição mergulha na cultura periférica e do funk em quatro eixos: território, arte, identidade e literatura. É possível ver a releitura de pinturas clássicas, o cotidiano da periferia amazônica e memes feitos a partir de passagens literárias de obras canônicas.

A curadoria da exposição foi feita por Dayrel Teixeira, do coletivo Funkeiros Cults Museu das Favelas/Divulgação

No térreo, a exposição de longa duração, Favela-Raiz , apresenta três instalações. Raízes recebe os visitantes dentro do palácio com esculturas de crochê penduradas no teto e ao redor das colunas do hall. A peça foi feita com retalhos pela artista Lídia Lisboa e integrantes da cooperativa Sin Fronteras, de mulheres costureiras, e do coletivo de mulheres em situação de vulnerabilidade, Tem Sentimento.

A instalação Espelhos propõe que os visitantes escutem o rapper Kayode declamar um texto sobre os diferentes tipos de beleza enquanto investigam o próprio reflexo no salão principal do palácio. No cômodo ao lado, Visão Periférica projeta no teto e nas paredes imagens do cotidiano de diferentes favelas brasileiras capturadas por 20 fotógrafos.

Do outro lado do salão, Mano Brown, do Racionais MC’s, aparece como Pantera Negra e Negra Li como Tempestade do X-Men na exposição Rap em Quadrinhos , também de longa duração. Os traços são de Wagner Loud, ilustrador de Pirituba, em São Paulo, e a curadoria do youtuber Load, morador de Guianases.

19 nomes do rap nacional são ilustrados como super-heróis de histórias em quadrinhos Man Produções/Divulgação

No belo jardim ao redor do museu, há uma instalação com artes em serigrafia sobre a história do palácio e uma escultura de alumínio de seis metros de altura, feita por Paulo Nazareth, da intelectual Maria Beatriz do Nascimento.

No jardim do museu, ocorrem aulas de ioga e visitas temáticas Carlos Pires/Divulgação

Além das exposições, o museu tem uma biblioteca especializada em periferias e temas raciais e oferta uma programação cultural com oficinas de passinho, exibição de filmes, lançamento de livros, visitas guiadas, shows e rodas de conversa. Confira os próximos eventos no site do museu .

É possível ler os livros em uma das mesas e sofás do espaço Nego Júnior/Divulgação

Serviço

Museu das Favelas

Quando? De terça a sexta-feira, das 10h às 17h. Sábados e domingos, das 10h às 13h e das 14h às 17h.

Quanto? Entrada gratuita com retirada de ingressos no site do museu ou diretamente na bilheteria.

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Onde? Rua Guaianases, 1024 – Campos Elíseos, São Paulo.

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