Destinos pelo mundo que 'rejeitam' a entrada de turistas

Apesar de lucrativo, o excesso de turistas pode causar dandos ao patrimônio, ao meio ambiente e até à saúde de cidadãos locais

Foto: Marco BERTORELLO/AFP
Veneza passa a cobrar taxa para turistas que vão à cidade para apenas um dia de visita

O mercado de turismo é parte importante da economia de muitas cidades, especialmente aquelas com valor histórico ou paisagens paradisíacas. No entanto, o turismo em massa, devido a grande circulação de pessoas diariamente, causa também diversos prejuízos à população local e ao ambiente. Por isso, muitos países passaram a adotar medidas que limitam, ou até proíbem, a chegada de visitantes.

O caso mais recente a ganhar destaque foi Veneza, na Itália, que começou a cobrar, na quinta-feira (25), uma taxa de entrada diária de 5 euros (R$ 27) aos visitantes , uma forma de coibir a superlotação que vem causando prejuízos ao bem-estar dos moradores - a medida afeta somente aqueles que vão para ficar apenas um dia e a cobrança é feita apenas em datas específicas, uma forma de evitar que o local se transforme em um "museu".

Vejas destinos no mundo que impõem medidas para limitar o número de turistas e evitar a superlotação em suas ruas e pontos turísticos.

Espanha

O mercado de la Boqueria, em Barcelona. Foto: Jorge Fernández Salas/Unsplash
Plaza de España, em Sevilla . Foto: Joan Oger/Unsplash
Barcelona. Foto: Unsplash
Todos os navios de pequeno e médio porte deverão seguir para o terminal Adossat, que já recebe navios de grande porte . Foto: Reprodução/Barcelona Cruise Port

Na Espanha, segundo maior destino turístico mundial, bateu seu recorde de visitantes em 2023, e está a ponto de superá-lo já em 2024, diversas cidades à beira da saturação adotaram medidas para preservar seus moradores irritados com a presença massiva de turistas.

Uma das cidades mais visitadas do país, Barcelona, limitou para apenas 20 pessoas os grupos que podem visitar seu famoso mercado de la Boqueria. A cidade costeira de San Sebastián, no País Basco, passou a aceitar grupos turísticos de, no máximo, 25 pessoas em seu centro histórico, além de proibir que guias de turismo usem megafones.

A comunidade de Sevilla quer cobrar uma taxa de entrada para a famosa Plaza de España - mantendo a gratuidade somente aos residentes da cidade.

A Ilha de Mallorca, nas Ilhas Baleares, limita para três o número de cruzeiros que podem atracar diariamente em seus portos desde 2022. Já a Ilha de Menorca limita o acesso de carros ao seu território.

Franca

Parque Nacional de Calanques. Foto: MATTES René / hemis.fr / hemis.fr / Hemis via AFP
Ilha de Bréhat, na costa da Bretanha, no Canal da Mancha. Foto: Pascal Bernardon/Unsplash

O Parque Nacional de Calanques, no sudeste da França, impõe um sistema de reserva para acessar a enseada de Sugiton para um máximo de 400 pessoas por dia durante o verão. O número de visitantes permitidos anteriormente era de 2.5 mil, o que causou graves danos ao local pela erosão.

As autoridades francesas também limitaram o acesso de visitantes no verão para a ilha mediterrânea de Porquerolles ou na ilha de Bréhat, na costa da Bretanha, no Canal da Mancha.

Na região sudoeste da França, a caverna pré-histórica de Lascaux, descoberta em 1940, foi fechada ao público já em 1963. Os ajustes feitos para facilitar o acesso de visitantes e o alto fluxo de pessoas desestabilizaram o local, que se tornou Patrimônio Mundial da Unesco em 1979. Entre 1983 e 2016, foram erguidas três réplicas que permitiram que os visitantes admirassem a caverna.

Países Baixos (Holanda)

Foto: Unsplash
Amsterdam

A cidade de Amsterdã também adota medidas para conter o excesso de visitantes, entre as quais está a proibição da chegada de cruzeiros ao seu centro histórico desde 2023 , medida que Veneza já adota desde 2021.

Croácia

Foto: Reprodução/Mala de Aventuras - 12.08.2022
Dubrovnik, na Croácia

Na Croácia, o porto de Dubrovnik limita para até dois cruzeiros por dia dia desde 2019, com um máximo de 4 mil passageiros cada um. A medida foi tomada para conter o acúmulo de turistas em suas ruelas medievais, que passaram a atrair um grande número de visitantes após serem retratadas na série "Game of Thrones".

Peru

Machu Picchu. Foto: Unsplash
Já as Terrazas tinham objetivos agrícolas, mas hoje restam apenas as majestosas formações rochosas da época. Foto: Creative Commons/Sr. Pacman
A Escadaria das Fontes servia para aprimorar a distribuição de água na cidade, já que Machu Picchu fica em uma montanha. Foto: Creative Commons/Carsten ten Brink
Três Ventanas, em Machu Picchu, representa os três níveis dos incas para a vida e o mundo: o céu, a terra e o subterrâneo. Foto: shutterstock
Intipunku, que significa 'porta do sol', é o primeiro ponto a ser visitado, recomendado principalmente durante a alvorada. Foto: Creative Commons/Eric Miraglia
Já as Terrazas tinham objetivos agrícolas, mas hoje restam apenas as majestosas formações rochosas da época. Foto: Creative Commons/Sr. Pacman
Machu Picchu, também conhecido como cidade perdida dos incas, é um paraíso histórico perdido nas montanhas do Peru.. Foto: shutterstock
Puyupatamarca é um sítio próximo a Machu Picchu, que contém cinco banhos de pedra, que durante a época de chuvas, ficam cheios de água fresca. Foto: Divulgação/Climb Viagens
Machu Picchu - Peru. Foto: Reprodução/Wikipedia

Um dos grandes pontos turísticos da América do Sul, as ruínas da cidade inca de Machu-Pichu já teve seu acesso restrito pelo governo peruano em várias ocasiões, devido aos danos causados pelo acúmulo de visitantes diários ao local. Atualmente, o número de visitantes diários permitidos nas ruínas é de apenas quatro mil.

Em 2011 o Machu-Pichu, que é Patrimônio Mundial da Unesco, foi colocado sob a classificação de "alta vigilância" devido ao "excesso de visitantes".

Japão

É proibido tirar fotos em algumas ruas do bairro das gueixas, em Koto. Foto: Yuichi YAMAZAKIAFP
Gueixa posa para fotos em uma rua de Kyoto . Foto: Yuichi YAMAZAKI/AFP
Escalada ao pico do Monte Fuji. Foto: Yamanashi Tourism Organization
Monte Fuji. Foto: Shizuoka Prefectural Tourist Association
Região dos Cinco Lagos de Fuji. Foto: Yamanashi Tourism Organization
Monte Fuji. Foto: Divulgação/Civitatis

Uma das montanhas mais famosas do planeta, localizado próximo a Tóquio, o Monte Fuji também sofreu com o excesso de visitantes. As autoridades japonesas passarão a cobrar, a partir deste verão, uma taxa de 2 mil ienes (R$ 65) e uma taxa máxima para acesso à sua trilha de caminhada mais popular.

Em Kyoto, a entrada de turistas foi proibida nas ruas particulares de Gion, o famoso bairro das gueixas, devido aos casos de assédio às gueixas e às maikos, que são as jovens aprendizes das gueixas. Homens tiravam fotos das mulheres e até as tocavam sem consentimento. Em alguns locais do bairro, tirar fotos pode render uma multa de 10 mil ienes, cerca de R$ 340.

Tailândia

Turistas se reúnem e tiram fotos em Maya Bay, na ilha tailandesa de Phi Phi Leh. Foto: Jack Taylor/afp
Ao Maya, Tailândia. Foto: Unsplash

Na Tailândia, a ilha paradisíaca de Maya Bay, na ilha de Koh Phi Phi Ley, precisou ser fechada entr junho de 2018 e janeiro de 2022 para a restauração completa dos recifes de coral. O local, que foi cenário do filme "A Praia", de 2000, com Leonardo di Caprio, foi devastado por anos de turismo em massa.

A praia estreita, com apenas 250 metros, recebia por volta de seis mil visitantes diariamente, causando uma catástrofe ecológica devido à erosão severa e à deterioração dos recifes de coral.

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