Gastos com viagens nacionais batem R$ 22,8 bi em 2024

Brasileiros gastam mais com turismo, com destaque para Nordeste e Distrito Federal

Gastos com viagens nacionais batem R$ 22,8 bi em 2024
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Gastos com viagens nacionais batem R$ 22,8 bi em 2024
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O total gasto pelos brasileiros em viagens nacionais com pernoite alcançou R$ 22,8 bilhões em 2024, um aumento de 11,7% em relação a 2023. Os dados, divulgados nesta quinta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), confirmam a continuidade da recuperação do setor de turismo após os impactos da pandemia de covid-19.

Em 2023, os gastos somaram R$ 20,4 bilhões, um crescimento expressivo de 77,7% em relação a 2021, ano marcado por restrições de mobilidade e barreiras sanitárias. Os valores apresentados já consideram a inflação do período, ou seja, correspondem a cifras reais.

A pesquisa faz parte de uma edição especial da Pnad Contínua voltada para o turismo e foi realizada em parceria entre o IBGE e o Ministério do Turismo, embora o convênio não tenha vigorado em 2022.

Por que os gastos aumentaram se o número de viagens não cresceu?

Apesar do recorde de gastos, o número de viagens se manteve praticamente estável em 20,6 milhões em 2024. O levantamento também apontou que o número de domicílios com pelo menos um morador viajante nos três meses anteriores à pesquisa ficou em 15 milhões, representando 19,3% do total — uma leve queda em relação aos 19,8% de 2023.

Segundo William Kratochwill, analista da pesquisa, o aumento nos gastos, mesmo com a estabilidade do número de viagens, indica que os brasileiros estão realizando viagens mais longas ou com despesas mais elevadas .

“O tipo de viagem mudou, houve aumento no custo médio por pessoa” , explica.

Nordeste lidera gastos, Distrito Federal lidera gastos por origem
O gasto médio por viagem com pernoite no Brasil subiu para R$ 1.843 em 2024, frente a R$ 1.706 em 2023. Já o gasto diário por pessoa ficou em R$ 268, superior ao registrado em 2021 (R$ 243) e 2023 (R$ 253).

O Nordeste é a região onde os viajantes mais gastam, com média de R$ 2.523 por viagem. O Sul também fica acima da média nacional, com R$ 1.943. As demais regiões ficam abaixo: Sudeste (R$ 1.684), Centro-Oeste (R$ 1.704) e Norte (R$ 1.263).

Entre os estados, os três destinos mais caros estão no Nordeste: Alagoas (R$ 3.790), Ceará (R$ 3.006) e Bahia (R$ 2.711). Já os estados do Norte apresentam os menores gastos: Rondônia (R$ 930), Acre (R$ 1.019), Amapá (R$ 1.061) e Pará (R$ 1.085).

Quando a análise considera a origem da viagem, os moradores do Distrito Federal se destacam, com gasto médio de R$ 3.090 por viagem, seguidos por São Paulo (R$ 2.313).

“O alto gasto do DF reflete a renda per capita elevada da região” , afirma Kratochwill.

Renda influencia diretamente no turismo

A pesquisa confirma a relação direta entre renda e gasto com viagens. Em domicílios com renda inferior a meio salário mínimo por pessoa, o gasto médio ficou em R$ 802. Já nas famílias com rendimento a partir de dois salários mínimos, o valor supera a média nacional, chegando a R$ 3.032 entre os que recebem quatro ou mais salários mínimos.

A falta de dinheiro foi apontada como principal motivo para não viajar, citada por 39,2% dos entrevistados, quase o dobro da segunda causa, falta de tempo (19,1%). Entre famílias de baixa renda, a ausência de recursos financeiros é ainda mais determinante, chegando a 55,3% entre quem ganha menos de meio salário mínimo.

Características das viagens

A Pnad também mostrou que 96,7% das viagens foram nacionais e, dessas, 80,9% permaneceram na mesma região de origem. Viagens curtas, com até cinco pernoites, representam 75,5% do total.

O Distrito Federal lidera a proporção de domicílios com pelo menos um viajante, com 26,7%, acima da média nacional de 19,4%. Para Kratochwill, além da renda, a posição estratégica da capital federal, que recebe deslocamentos de trabalho e familiares de outras regiões, contribui para esse resultado.