Na tarde desta quarta-feira (5), parte do teto da Igreja e Convento de São Francisco de Assis , localizada no Centro Histórico de Salvador , desabou, resultando na morte da turista Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, e em cinco feridos. O episódio reacende debates sobre a conservação do patrimônio histórico no Brasil e as dificuldades enfrentadas na manutenção de monumentos tombados.
A igreja, conhecida como "igreja de ouro" devido às suas ricas talhas douradas que reproduzem o nascimento de São Francisco, é considerada uma das mais significativas manifestações do barroco brasileiro. Sua construção teve início no século XVII e foi concluída apenas no final do século XVIII. Declarada uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo, a estrutura abriga painéis de azulejos portugueses e pinturas de Frei Jerônimo da Graça, que datam do período de 1733 a 1737. O estilo barroco é destacado pela presença de folhas, flores e também representações de anjos.
Apesar de sua relevância histórica e cultural, a igreja vem enfrentando problemas estruturais há décadas. Em 2023, parte do claustro precisou passar por reassentamento de azulejos, e em junho do mesmo ano, um dos pátios foi parcialmente fechado devido ao risco de desabamento do pináculo da torre direita. Obras emergenciais foram licitadas, mas avançaram lentamente.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável pela preservação da igreja, havia autorizado uma nova restauração em outubro de 2024, com um orçamento previsto de R$ 1,2 milhão. No entanto, as intervenções não foram iniciadas antes do desabamento. O superintendente do Iphan na Bahia, Hermano Fabrício, informou à CNN que não havia sido realizada uma vistoria recente no local.
Em nota, o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), lamentou a tragédia e afirmou que a prefeitura está prestando apoio às vítimas e aos familiares. Ele também ressaltou a necessidade de um plano urgente para a preservação de patrimônios históricos.