Mulheres relatam experiências ao viajarem sozinhas de motorhome

Gilka Ribas e Heloísa Velloso, ambas com mais de 50 anos, contam o papel que este veículo-casa adquiriu em suas vidas após decidirem viajar

Foto: Reprodução/Estrella Mobil Motorhomes
Motorhome de Gilka Ribas

Para as mulheres, viajar sozinha era um tabu e poucas se arriscavam. Porém, atualmente, com o mercado de motorhomes, houve um aumento de procura por parte delas e agora querem adquirir seu próprio veículo e realizar suas viagens.

De acordo com a Estrella Mobil, marca especializada em projetar e fabricar motorhomes, as mulheres já são cerca de 30% do total da lista de compradores oficiais, representando um aumento de 20% em comparação ao início do ano passado.

Gilka Reinert Ribas, de 60 anos, foi uma dessas mulheres corajosas que decidiu viajar com um veículo-casa, saindo muitas vezes do interior de São Paulo para Santa Catarina. A aposentada, que trabalhou 20 anos com inspeções internacionais em vigilância sanitária, explica que quando se divorciou e recebeu a aposentadoria por tempo de serviço, após ter passado por um transplante renal e câncer de mama, fez uma escolha que mudou sua vida: adquiriu um motorhome.

No início, porém, ela queria reformar seu apartamento, que já estava até com arquiteta pronta para começar as obras, quando percebeu que a vontade do seu coração era outra: queria mesmo era uma vida mais livre. Foi assim que Ribas decidiu comprar uma Kombi e reforma-lá para virar um motorhome, que recebeu o nome de Malvina, em homenagem à avó.

Para ela, todas as viagens são marcantes porque a pessoa tem a opção de escolher para onde quer ir antes de viajar, mas cita uma que a marcou: “Foi em uma ida à Praia do Rosa, em Santa Catarina, com um casal de amigos em outra Kombi que foi bastante especial”.

Assim como Gilka, a empresária da área de hospitalidade Heloísa Mader Velloso, de 56 anos, também foi atrás do sonho de conseguir o próprio motorhome. Ela conta que quando trabalhava na Flórida, nos Estados Unidos, fez sua primeira viagem e teve a certeza de que era isso que queria para a vida. Em suas viagens ela sempre está acompanhada do gato dela, chamado Merlim. A paixão pelo tipo de veículo fica ainda mais explícita ao viajar para o exterior, pois conta que "no Brasil está o meu motorhome e na Flórida eu aluguei um, o que me dá a certeza de ter meu próprio ao retornar".

A viagem de motorhome mais marcante para ela foi na Flórida. "Chegando ao RV Park (um camping para trailers e motorhomes), o viajante que estava na vaga ao lado e outros que passavam pararam para me ajudar a estacionar e dar boas-vindas". Ela conta ainda que este é um comportamento do viajante de motorhome onde estiver: um espírito comunitário e hospitaleiro que traduzem este movimento.

Vantagens e perigos de um motorhome

Ambas apontam que não enxergam desvantagens ao viajar em motorhome. Heloísa cita que as maiores vantagens para ela são que, desde o percurso até o destino, tudo é uma verdadeira descoberta. A liberdade de cumprir ou mudar de planos de acordo com o trajeto, e ter um carro que abriga uma casa proporciona conforto, segurança e conveniência.

Os benefícios para Gilka de viver como nômade pelas estradas afora são total liberdade, desprendimento e poder levar a casa para onde quiser e conhecer lugares e pessoas com espírito bom.

Heloísa se posiciona acerca do perigo de viajar e conta que não há perigo, pois todas as providências para a segurança do motorhome foram tomadas pela empresa. "Quanto à minha segurança, eu poderia estar em risco em qualquer hotel de luxo pelo mundo. Não penso no perigo que é um impeditivo da minha ousadia”, declara.

Já Gilka explica que, com a pandemia, as viagens foram reduzidas e, por esse motivo, não sofreu nenhum perigo, mas adiciona que com o tempo aprendeu a evitar riscos.

Dicas para mulheres viajantes

Ribas dá algumas dicas importante para as novas possíveis viajantes: para ela, é importante ter um carro seguro, aprender a lidar com ele e escolher bem onde parar. "Acredito que, como em qualquer lugar, você precisa escolher um bom veículo e uma excelente empresa para adaptá-lo e lembrar que sendo mulher encontrará algumas dificuldades com oficinas. É preciso achar pessoas de confiança para reparos futuros”, recomenda.

Velloso também finaliza aconselhando que, para as mulheres têm o desejo de viajar, é preciso que “sigam com confiança, conquistem seu espaço e realizem seus projetos”.

** Julio Cesar Ferreira é estudante de Jornalismo na PUC-SP. Venceu o 13.º Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão com a pauta “Brasil sob a fumaça da desinformação”. Em seus interesses estão Diretos Humanos, Cultura, Moda, Política, Cultura Pop e Entretenimento. Enquanto estagiário no iG, já passou pelas editorias de Último Segundo/Saúde, Delas/Receitas, e atualmente está em Queer/Pet/Turismo.