Com número limitado de turistas e fiscalização rigorosa, novas regras mudam maneira de se visitar o sítio arqueológico
O paciente e cuidadoso trabalho de seus ancestrais está imortalizado nas pedras. Orgulhoso disso e com semelhante dedicação, Lorencio Montesinos ajuda a conservar Machu Picchu, obra-prima inca revelada ao mundo há um século. A cidade esculpida nos Andes às portas da Amazônia peruana festeja seu centenário de descobrimento científico em 2011.
"Muitos pensam que estão na Disney... Não tem nada a ver", diz. "Reclamam que não há lixeiras, mas se não tem é por uma razão muito simples: é proibido ingressar em Machu Picchu com lixo."
Apenas um sinal de como as coisas por ali estão mudando. Machu Picchu está diferente, sim. Fruto da engenharia megalítica inca, a ancestral cidade de pedra comemorou seus cem anos com novas regras de visitação.
As mudanças são notórias. Acesso restrito a um número limitado de turistas e fiscalização rigorosa fazem parte das diretrizes adotadas pelo governo peruano para garantir a longevidade do mais espetacular sítio arqueológico da América do Sul , uma das maravilhas da humanidade.
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O QUE LEVAR
O QUE TRAZER
Trata-se de um amplo trabalho coordenado pelo arqueólogo Fernando Astete, diretor do Parque Arqueológico Nacional de Machu Picchu há dez anos. "Nosso objetivo é evitar a concentração de gente durante a visita, diminuindo os impactos e riscos que a sobrecarga de pessoas acarreta", diz Astete, principal responsável pela mudança de perfil no turismo local.
A transformação foi deflagrada assim que ele assumiu o controle da exploração turística na cidadela, antes nas mãos de agências e operadoras. A primeira atitude foi fixar em 2,5 mil o número de pessoas que ingressam a Machu Picchu por dia. Isso acarretou em aumentar o preço do ingresso e, assim, o perfil dos visitantes também mudou. Se antes a maioria era composta por mochileiros de orçamento apertado, agora há gente de todas as idades - e, necessariamente, com os bolsos mais cheios.
Não há, portanto, a menor possibilidade de que Machu Picchu se transforme numa Xcaret
, legado maia na Península de Yucatán
convertido em um complexo turístico de massa - bem-sucedido, diga-se. Os viajantes que cultuam a cidadela inca agradecem.
Mas as mudanças continuam em curso. Uma década atrás era permitido, por exemplo, caminhar pela praça principal. O gramado central vivia lotado de gente, que ali se deitava, fazia piqueniques ou simplesmente dava um tempo observando o entorno. Isso também acabou. "Estabelecemos um circuito fechado, de maneira que os turistas percorrem os principais pontos em cerca de duas horas", diz Astete.
Enquanto isso, Montesinos segue cuidando de cada detalhe da cidade de pedra. "Temos muita satisfação em mostrar o que nossos antepassados fizeram, mas, por favor, respeitem as regras!"
- Na trilha : botas de caminhada, meias antitranspirantes, repelente, protetor solar e chapéu são itens indispensáveis.
- Na mochila : frutas, barras de cereal e de chocolate, garrafinhas de água e sacos plásticos para acondicionar o lixo.
- Artigos de lã : gorros, luvas, cachecóis e ‘chompas’ (casacos) com motivos andinos.
- Souvenirs : peças artesanais de cerâmica e bijuterias em ouro e prata são itens cobiçados.
- Chicha morada
: bebida feita à base de milho.
* Viagem a convite da Promperú
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