Para quem quer fugir das multidões, Bequia, a maior das ilhas Granadinas, reserva sossego em praias paradisíacas
A maior das Granadinas - aquele colar de 32 ilhas a oeste de Barbados, que se desenrola para o sul a partir de St. Vincent -, Bequia tem apenas 18 quilômetros quadrados, cerca de um terço do tamanho de Manhattan. Não é tão pequena a ponto de você acabar comendo todos os dias no mesmo restaurante, mas é manejável o suficiente para que você chegue a qualquer lugar em menos de 15 minutos de táxi.
O único inconveniente (embora seja também uma vantagem, por manter as multidões afastadas) é que chegar lá exige um pouco de esforço, paciência e gastos. Primeiro você precisa chegar a Barbados. De lá são 45 minutos num pequeno avião a hélice
; você pode ter de parar em algumas Granadinas para deixar ou pegar passageiros. Saí de Nova York às 8 da manhã e só entrei em meu hotel às 17h30.
Atividades em Bequia
Cerca de 5 mil pessoas moram em Bequia em tempo integral, e Porto Elizabeth
é seu centro de atividade, abrigando o banco, os escritórios do governo e a praça do mercado principal. Balsas trazem e levam passageiros fazendo o trajeto entre St. Vincent e as outras ilhas das Granadinas. Ambulantes locais sentam-se junto a mesas de carteado na sombra, vendendo cestas e bijuterias.
Na extremidade leste da baía, uma península gramada se projeta para a água azul-turquesa e faz uma curva na direção da praia. Olhando para as colinas até a extremidade oeste, você verá um pequeno bunker de concreto usado como observatório de baleias . Mas isso não é tão inocente quanto parece. Os moradores o usam para procurar baleias-jubarte durante a estação de caça (a tradição é forte em Bequia, onde muitos moradores se orgulham das expedições anuais de caça com arpão que são permitidas, em suas águas, pelos regulamentos internacionais).
Minha moradia, uma construção limpa e simples com um quarto, foi uma considerável barganha, por uma diária de US$ 200. Considerando o que já paguei e experimentei em outras ilhas do Caribe, uma grande varanda a alguns passos da água foi uma agradável surpresa. Toda manhã eu bebia café (solúvel, pois o supermercado local não tinha do comum), ouvia o barulho do mar e observava o sol se mover sobre a baía. Às vezes eu caminhava pela praia e conversava com um dos pescadores; muitos concordarão em levá-lo para um passeio de barco por um valor modesto e negociável.
Porto Elizabeth é uma colmeia de atividades do início da manhã até o meio da tarde. O mercado , uma série de barracas ao ar livre à beira do porto, fica cheio de agricultores rastafári vendendo bananas, quiabo e fruta-pão. Mesmo se você não estiver precisando de produtos frescos, vale uma visita apenas para observar os ávidos agricultores cercando suas presas.
Se decidir fazer algumas compras, não se surpreenda pelo que pode parecer uma taxa de câmbio bastante arbitrária; uma dólar americano equivale a cerca de 2,70 dólares E.C. Mas, algumas vezes me disseram que o câmbio estava em 2:1; outras, em 3:1. No fim, tudo parecia se equilibrar.
Muitos dos bares e restaurantes de Porto Elizabeth ficam a uma caminhada de cinco minutos do centro da cidade, ao longo de um caminho à beira-mar chamado Belmont Walkway - nome que sugere um propósito e uma continuidade levemente exagerados. O caminho de concreto, sombreado por palmeiras e árvores, ladeia a praia e está num estado tão encantador de abandono - em alguns pontos ele já ruiu completamente - que me vi arrumando desculpas para usá-lo sempre que possível. O mar avança suavemente sobre o caminho; as ondas borbulham conforme o lavam.
O refúgio do refúgio
Em minhas duas últimas noites na ilha, curioso sobre como Bequia pode ser "elegante", fiquei no Firefly , um luxuoso hotel de serviço completo na extremidade mais remota ao nordeste.
"Bem-vindo a um refúgio do refúgio", anunciou o recepcionista quando entrei. E era verdade; o lugar conseguia desacelerar Bequia quase até a marcha a ré. O hotel possui apenas quatro quartos e um chalé tamanho família montados em 12 hectares de bananeiras, bosques de coqueiros e jardins de ervas. Com portas duplas de vidro que vão do chão ao teto, todas as habitações oferecem vistas deslumbrantes das plantações ao redor e do mar, a um quilômetro de distância.
E, graças a eles, nem mesmo quartos de US$ 500 por noite com lençóis italianos de 250 fios conseguem esconder o coração caribenho de Bequia.
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