Já pensou em conhecer um país que não existe ? Isto é, um lugar que tecnicamente existe, mas que, por diversas razões, tem reconhecimento internacional limitado? Pois saiba que isso é possível. Existem vários países independentes que, apesar de população, bandeira e   instituições próprias, não são reconhecidos como nações soberanas e não fazem parte da Organização das Nações Unidas, mas podem ser visitados.

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Saiba o que é necessário para visitar e o que vale conhecer em sete países não reconhecidos internacionalmente
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Saiba o que é necessário para visitar e o que vale conhecer em sete países não reconhecidos internacionalmente


O viajante e blogueiro brasileiro Guilherme Canever fez justamente isso: entre 2009 e 2014 passou por 16 nações que oficialmente não existem e relatou tudo no livro “Uma viagem pelos países que não existem”.

De acordo com o Direito Internacional, para ser considerado um país, um território deve obedecer os seguintes pré-requisitos: ter uma população permanente, uma fronteira definida e controlada, a capacidade de se governar e possuir relações com outras nações.

Mas o que de fato impede um país de se tornar “oficial”? As razões são várias e cada caso é um caso, mas, de forma geral, o local em questão não se encaixa em algum dos pré-requisitos citados e/ou ainda sofre com disputas territoriais e políticas.

Oficiais ou não, esses lugares são únicos e podem ser visitados, então aqui vai uma lista de sete “não países” que você pode conhecer e como fazer isso, baseada no livro de Guilherme Canever.

República do Kosovo

A biblioteca nacional do Kosovo, na capital Pristina, é linda e vale a visita
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A biblioteca nacional do Kosovo, na capital Pristina, é linda e vale a visita


O Kosovo é um antigo território sérvio, com população de maioria albanesa, que conseguiu sua independência em 2008 - a Sérvia, contudo, ainda considera o Kosovo como uma província autônoma. O Kosovo é reconhecido por 109 dos 193 estados membros da ONU.

Para entrar no país, brasileiros não precisam de visto e as fronteiras com a Macedônia, Albânia e Montenegro estão abertas. Entretanto, não é possível ir do Kosovo para a Sérvia sem visto. Estando na Sérvia, por outro lado, é possível passar para a nação, já que ela é entendida como uma extensão do território sérvio. Quem optar por isso deve se atentar para as normas de retorno, que deve ser feito obrigatoriamente pela Sérvia.

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Algumas das atrações turísticas lá são a Cidade velha de Prizren, o Santuário Madre Teresa de Calcutá, Rugova Cânion e os monastérios de Gracanica e Decani, tombados pela Unesco.

Estado da Palestina

Ao fundo, a cúpula dourada da mesquita Al-Aqsa, com o Muro das Lamentações na frente, em Jerusalém
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Ao fundo, a cúpula dourada da mesquita Al-Aqsa, com o Muro das Lamentações na frente, em Jerusalém


A Palestina é um território dentro de Israel. Antes ocupando toda a área que hoje pertence a ambos, a Palestina foi invadida por Israel a partir de 1948. Para evitar mais conflitos entre uma população judaica que buscava refúgio após a Segunda Guerra Mundial e a população palestina que já habitava a região, a ONU dividiu o território.

Foi determinada que a Faixa Gaza, a Cisjordânia e a parte oriental da cidade de Jerusalém fossem territórios palestinos, e que o resto seria de Israel. Entretanto, o acordo não é seguido e, atualmente, a Faixa de Gaza, Jerusalém Oriental e parte da Cisjordânia vivem sob ocupação israelense. Hoje, o país é reconhecido por 138 dos 193 membros da ONU.

De qualquer forma, ainda é possível visitar a Palestina, principalmente Jerusalém e a Cisjordânia, que são seguros para turistas.

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Para ir à Palestina, é necessário entrar por Israel ou pela Jordânia. Em Israel, brasileiros não precisam de visto, o carimbo é dado na hora. Entretanto, são feitas perguntas na alfândega e os oficiais não veem com bons olhos turistas para a Palestina, então não é recomendado dizer que será feito turismo apenas para lá.

De atração turística, não se pode deixar de visitar Jerusalém, onde há a mesquita Al-Aqsa e o Muro das Lamentações, um do lado do outro. A cidade também é cheia de lindas livrarias e a parte velha de Jerusalém Oriental é basicamente composta por barraquinhas de doces e artesanato. Já na Cisjordânia, vale conhecer cidades como Nazaré, Ramallah - a capital oficial do estado palestino -, Hebron e Nablus.

República da China (Taiwan)

A moderna capital de Taiwan, Taipé, com o edifício Taipé101, um dos mais altos do mundo, em evidência
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A moderna capital de Taiwan, Taipé, com o edifício Taipé101, um dos mais altos do mundo, em evidência


Taiwan é um país em disputa territorial com a China, sendo reconhecido como nação apenas por 21 estados membros da ONU, apesar de ter sido membro permanente do Conselho de Segurança da organização desde sua fundação até 1971.

Ao contrário da China, Taiwan é capitalista e foi reconhecida como um dos “tigres asiáticos” (nações da Ásia que são exemplos de desenvolvimento e crescimento econômico).

Brasileiros precisam de visto para conhecer o país, que deve ser pedido com antecedência. Entrando em Taiwan, alguns dos principais pontos a se conhecer são Tainan, a antiga capital imperial; o Castelo Eterno Dourado e o Forte Anping; Taipé, a capital moderna, e o edifício Taipé101, um dos mais altos do mundo; e o Parque Nacional Kenting.

Curdistão

A cidadela de Erbil é um dos principais pontos turísticos do Curdistão iraquiano
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A cidadela de Erbil é um dos principais pontos turísticos do Curdistão iraquiano


Os curdos são uma etnia do Oriente Médio. Por terem suas particularidades, diferentes da população árabe, a eles foi prometido um estado próprio em um dos territórios do antigo Império Otomano, depois da Primeira Guerra Mundial, mas isso nunca aconteceu. Hoje, com cerca de 40 milhões de curdos, são considerados o maior povo sem pátria do mundo e se espalham pela Turquia, Síria, Irã e Iraque.

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Conhecidos por suas conquistas na luta contra o Estado Islâmico na Síria, na Turquia, o partido curdo, PKK, é considerado terrorista. Apenas o Curdistão Iraquiano tem condição de região autônoma, sendo o local mais seguro para quem quer conhecer a etnia curda. A entrada é feita pelo Iraque, que exige visto de turista para brasileiros.

Lá, lugares como os mercados de Dohuk, a cidadela de Erbil e os museus de guerra da Sulaymaniya são paradas obrigatórias, bem como as cidades entre as montanhas, famosas por sua beleza natural.

República Turca do Chipre do Norte

O Castelo de St. Hilarion, em Girne, é um dos principais pontos turísticos do Chipre do Norte
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O Castelo de St. Hilarion, em Girne, é um dos principais pontos turísticos do Chipre do Norte


Considerada parte da República do Chipre, de maioria cipriota grega, a República Turca do Chipre do Norte, de maioria turca, é um país independente reconhecido apenas pela Turquia. Não é exigido visto de turistas brasileiros e é possível circular livremente entre o norte e o sul da ilha.

A cidade de Girne, também conhecida como Kyrenia, em grego, é imperdível para turistas e conta com uma série de atrações, como o castelo de Girne, a Igreja St. Andrew e o Castelo St. Hilarion. A cidade murada de Famagusta, a mesquita Lala Mustafa Pasha, as ruínas da cidade grega Salamis e pontos na península de Karpaz, como o Monastério Apostolo Andreas, Castelo Kantara, Basíclia Ayioz e o Parque Nacional Karpaz, também valem a visita.

República da Transnístria

Na cidade de Tiraspol, capital da Transnístria, vale visitar o Parlamento, onde há uma estátua gigante de Lênin
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Na cidade de Tiraspol, capital da Transnístria, vale visitar o Parlamento, onde há uma estátua gigante de Lênin


A Transnístria é uma república autoproclamada dissidente da Moldávia, reconhecida apenas por outros “não países”. A Rússia, no entanto, mantém relações estreitas com a Transnístria, fornecendo diversos recursos e commodities, como gás natural, que facilitam a vida de seus habitantes.

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Para chegar lá, é possível entrar pela Moldávia, que exige visto de brasileiros, ou pela Ucrânia, que dispensa visto por uma estadia de até 90 dias. Mas todos que forem passar mais de 12 horas na Transnístria precisam fazer um registro no escritório da imigração, na capital, Tiraspol.

Algumas paradas imperdíveis para os turistas são a Fábrica Kvint, para degustar conhaques e outros destilados; o Memorial de Guerra; o Parlamento que conta com uma estátua gigante de Lênin, antigo líder soviético; o Estádio do Sheriff, um time local; e as feiras ao ar livre próximas à estátua do Suvorov.

República Democrática Árabe Sarauí (Saara Ocidental)


Reconhecido por 84 dos estados membros da ONU, o Saara Ocidental é uma ex-colônia espanhola que vive uma disputa territorial violenta com o Marrocos.  

Por causa disso, quem quer chegar ao Saara Ocidental deve tentá-lo pela Argélia, aliada da nação, mas cuja fronteira está teoricamente fechada devido aos desentendimentos diplomáticos com o Marrocos na questão, ou pela Mauritânia - nenhum dos dois exige visto de brasileiros. Pelo Marrocos é impossível fazê-lo, até pela existência de um muro separando as duas nações.

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Passando pelo processo de entrada por algum dos dois países  aliados e chegando no Saara Ocidental,  vale visitar a antiga cidade de Smara, as praias desertas El Aaiun, a antiga capital temporária Bir Lehlou e a nova capital temporária Tifariti, onde fica o Parque Arqueológico Erqueyez, e a cidade fantasma La Gouira, atualmente sob administração da Mauritânia.

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